Apesar dos desafios, agronegócio deve crescer em 2025

Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda projeta alta de 2,3% no PIB este ano, estimulada pelo mercado agrícola

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Agronegócio (Foto: Oleksandr Ryzhkov / Freepik)
Agronegócio (Foto: Oleksandr Ryzhkov / Freepik)

A projeção para o Produto Interno Bruto da agropecuária em 2025 é de crescimento, impulsionada pela maior colheita brasileira de grãos na safra 2024/25, pela leve recuperação dos preços das commodities agrícolas e pela valorização do dólar. Após um fraco desempenho em 2024, o ramo deve ampliar sua participação na economia nacional. A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda estima um avanço de 2,3% do PIB este ano, refletindo a retomada do agronegócio. A safra recorde de grãos, prevista em 322,42 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), pode atenuar a retração da pecuária e compensar a menor produção de café e açúcar.

Mesmo com desafios no cenário econômico, devido à elevação dos juros e ao aumento das recuperações judiciais, o setor se destaca por sua capacidade de adaptação e inovação.

“O uso de tecnologias que aumentam a produtividade, a busca por soluções sustentáveis e a abertura de novos mercados têm sido fatores determinantes para manter a expansão do segmento”, afirma Rayssa Melo, cofundadora da agfintech Agree.

A captação de crédito é um dos principais motores do desenvolvimento do campo, permitindo que produtores invistam em correções de solo e custeios para manutenção das lavouras e aumento da produtividade, além da infraestrutura das fazendas e expansão de suas atividades.

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“Soluções inovadoras para facilitar o acesso aos empréstimos, como modelos de análise de risco mais assertivos, plataformas digitais como a da Agree e novas linhas de ofertas adaptadas às necessidades do produtor rural, têm sido desenvolvidas pelos bancos e por fintechs”, analisa.

O desempenho do agro também está diretamente ligado às condições climáticas. A previsão para 2025 indica oscilações que podem comprometer a produtividade de diversas culturas, tornando ainda mais importante o investimento em inovação, manejo de solo e aprimoramento de técnicas de irrigação.

“Com isso, o crédito continua sendo um dos pilares mais importantes para a sustentabilidade das atividades do setor. Para garantir boas condições de financiamento, os produtores precisam se preparar melhor, apresentando informações mais detalhadas sobre sua gestão financeira. Essa adaptação não apenas facilita a aprovação dos financiamentos, mas também fortalece a saúde financeira das propriedades, evitando problemas no fluxo de caixa”, finaliza.

A boa produção da safra das águas continua influenciando nos preços de comercialização da batata nos principais mercados atacadistas. Desde dezembro do ano passado, as cotações do produto estão em queda. E em março não foi diferente. De acordo com levantamento da Conab , a redução na média ponderada das principais Centrais de Abastecimento (Ceasas) analisadas foi de 5,34%. O dado está disponível no 4º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), divulgado hoje pela estatal.

A alface foi outra hortaliça com queda na média ponderada de 8,08%. Essa redução ocorre depois de um movimento de alta registrada em fevereiro. No entanto, o movimento de preços mais baixos não foi unânime. As Ceasas que empurraram a média para baixo foram a de São Paulo (-14,32%), a de Belo Horizonte (-21,89%) e a de Recife (-60,79%). As diminuições de preço foram em função da maior comercialização da folhosa, e também queda na qualidade da folhosa, prejudicada pelo calor e chuvas constantes.

Já as demais hortaliças ficaram mais caras no último mês.O tomate teve aumento de preços relacionado à diminuição da oferta e à proximidade do final da safra. A paulatina diminuição da oferta vem provocando a alta de preço. A proximidade do final da safra de verão provoca esse comportamento, com algumas áreas apresentando escassez de tomate em ponto de colheita. A oferta em março foi 3,3% inferior à de fevereiro. Na comparação com janeiro, ela ficou 13,2% abaixo e com dezembro de 2024 esse percentual negativo é ainda maior 15,1%. Ou seja, essa oferta declinante provoca a ascensão dos preços nesse período.

A cebola também registrou novo aumento nos preços, com variação positiva de 11,44% na média ponderada. O comportamento é esperado para a época, com a subida das cotações motivadas pela concentração da oferta do bulbo no Sul do país. Mas é preciso destacar que a alta deste ano, até o momento, pode ser considerada de pequena intensidade, principalmente quando comparada com a variação registrada nos últimos dois anos. No caso da cenoura, a elevação foi de pouca intensidade, com variação de 3,26% na média ponderada.

O boletim também aponta uma certa estabilidade nos preços praticados no último mês nos mercados atacadistas analisados. A maior oscilação registrada foi para a maçã, com queda de 2,02% na média ponderada, influenciada pelo aumento da colheita da variedade fuji.

Para banana, a oscilação também foi ligeiramente negativa em 0,48%, uma vez que a oferta permaneceu alta nas Centrais de Abastecimento tanto para a variedade nanica como para a prata. No caso do mamão, a média ponderada foi de uma leve redução de 0,42%. Mas o comportamento dos preços não foi uniforme em todas as Ceasas analisadas. Março registrou aumento da comercialização, principalmente por causa da maior oferta da variedade formosa nos entrepostos atacadistas, junto a uma demanda aquecida no início do mês. Já para o mamão papaya, a oferta esteve restrita durante o mês e os preços subiram em relação ao mês anterior.

Para a melancia, o movimento nas Centrais de Abastecimento analisadas foi de oscilação tanto de preços quanto de comercialização, com as cotações permanecendo estáveis na média ponderada. No início do mês, os valores praticados estiveram mais elevados por causa da menor oferta da fruta, com o encaminhamento do fim da safra gaúcha e a baixa colheita da segunda parte da safra na Bahia. Já na segunda quinzena de março, a produção aumentou em São Paulo, devendo se encerrar ainda em abril, já que a safrinha é mais curta do que a produção em outras épocas do ano.

A laranja registrou leve alta de 0,14%. Com a menor qualidade das frutas, a demanda industrial foi menor. Consequentemente, os preços caíram para o setor industrial e sobraram mais frutas para consumo no atacado e varejo. Porém, no principal mercado produtor brasileiro, o cinturão citrícola, a maior parte dos laranjais se encontra em período de entressafra, com o fim da oferta das laranjas tardias da safra que está findando e o início, ainda tímido, da chegada das laranjas precoces da nova safra.

Quanto às exportações, o ano foi iniciado de forma bastante promissora, com boas vendas para a Europa e Ásia. No primeiro trimestre de 2025, o volume total enviado ao exterior foi de 301 mil toneladas, alta de 26% em relação ao primeiro trimestre de 2024, e o faturamento foi de U$S 311 milhões (FOB), superior 7% em relação ao primeiro trimestre de 2024 e de 23% em relação ao mesmo período de 2023.

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