Após acusar Bolsonaro, Delgatti teme por sua vida

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Atentados golpistas de 8 de janeiro - assalto ao Congresso (Foto: Marcelo Camargo/ABr)
Atentados golpistas de 8 de janeiro - assalto ao Congresso (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

Após uma série de acusações contra Jair Bolsonaro durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas de 8 de janeiro, nesta quinta-feira, o hacker Walter Delgatti Netto admitiu que teme pela própria vida. Entre as acusações feitas está a de que ex-presidente ofereceu indulto presidencial (perdão da pena) em troca da invasão da urna eletrônica e em troca de assumir a responsabilidade por um suposto grampo colocado para monitorar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Como consequência, a defesa do hacker informou nesta que pedirá que o serviço de proteção à testemunha do governo federal seja oferecido ao seu cliente. O advogado Ariovaldo Moreira, disse à Agência Brasil que a exposição da versão de Delgatti à opinião pública o coloca em maior risco.

No depoimento Delgatti também disse que invadiu os sistemas do Judiciário brasileiro a pedido da deputada federal Carla Zambelli, que nega as acusações e que, a pedido de Bolsonaro, orientou os militares das Forças Armadas na elaboração do relatório sobre as urnas eletrônicas apresentado em 2022.

Outra acusação de Delgatti é de que Bolsonaro e o marqueteiro dele na campanha de 2022, Duda Lima, pediram para o hacker servir de garoto propaganda em vídeo com informações falsas contra a urna eletrônica.

Espaço Publicitáriocnseg

“O senhor está agindo com muita coragem, é certo, mesmo tendo um habeas corpus, falando e contribuindo com a investigação. O senhor teme pela sua vida?”, questionou o deputado federal Rubens Pereira Júnior (PT-MA). “Atualmente, sim”, respondeu Delgatti. O hacker acrescentou que o advogado dele já sofreu ameaças de morte. “Ele fez boletim de ocorrência e ele tem as mensagens e áudios da ameaça”, afirmou.

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) mostrou à CPMI os supostos áudios de ameaças recebidas pelo advogado de Delgatti com palavrões e ameaças de morte, inclusive aos parentes do advogado. Segundo Soraya, o advogado do hacker registrou um boletim de ocorrência no dia 13 de agosto de 2022 denunciando as ameaças.

“Essas ameaças foram feitas ao advogado. O senhor se sente ameaçado neste momento também?”, questionou a senadora. “Sim, me sinto ameaçado”, respondeu novamente o depoente, que acrescentou que o advogado brigou com a deputada Carla Zambelli (PL-SP).

“Ela entrou em conflito com o advogado, teve um desentendimento com ele e, após isso, ela pediu que eu não falasse mais com o advogado”, revelou Delgatti. Zambelli tem negado todas as acusações.

Acareação

Walter Delgatti Netto disse que aceita participar de acareação com o ex-presidente Jair Bolsonaro para comprovar informações fornecidas à comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele foi questionado sobre a possibilidade pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) e respondeu que sim, “de forma tranquila”.

O hacker comentou, em outro momento, que faria acareação com qualquer pessoa para ajudar a comprovar as informações. “Lembrando que eu faço qualquer acareação, caso seja necessário aqui. Estou à disposição”, afirmou ao ser questionado pelo deputado federal Duarte Jr. (PSB-MA).

Acareação é um procedimento previsto nos códigos de Processo Civil e de Processo Penal em que são colocadas, frente a frente, duas pessoas que defendem versões contraditórias com objetivo de se chegar à verdade.

Código-fonte falso

O marqueteiro da campanha eleitoral de 2022 do ex-presidente Jair Bolsonaro teria pedido a Delgatti Netto para simular um código-fonte falso visando desacreditar a segurança das urnas eletrônicas. O código-fonte é o software responsável pelo funcionamento de uma urna eletrônica.

O marqueteiro Duda Lima teria participado de uma das reuniões para discutir o papel de Delgatti na campanha de Bolsonaro à reeleição. “Inicialmente, (o marqueteiro) disse que o ideal seria eu fazer uma entrevista, participar de uma entrevista com a esquerda e, de forma espontânea, falar sobre as urnas”, revelou.

A segunda proposta do marqueteiro de Bolsonaro, ainda segundo Delgatti, era que o hacker simulasse um código-fonte falso. “Eu faria o meu (código-fonte), não o do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), só mostrando para a população que é possível apertar um voto e imprimir outro. Era essa a ideia”, afirmou o hacker. Acrescentou que o objetivo era apresentar um vídeo com esse conteúdo para ser divulgado no dia 7 de setembro, quando havia grande mobilização de apoiadores do ex-presidente em Brasília.

Para a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), tratou-se de uma tentativa de produzir uma peça publicitária de campanha usando Delgatti como garoto-propaganda.

“Seria uma urna que, num vídeo, numa apresentação publicitária, teria um código-fonte manipulado”, explicou a senadora, que tem pedido a quebra dos sigilos telemáticos dos citados por Delgatti, incluindo o publicitário Duda Lima.

Segundo Delgatti, as duas ideias não foram concretizadas porque o plano vazou para a imprensa. “O meu encontro saiu na mídia e, por esse motivo, eles cancelaram isso”, concluiu.

Quebra de sigilos

A relatora da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que apura os atos golpistas de 8 de janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), avalia que as revelações feitas por Delgatti Netto são “bombásticas” e “absolutamente sérias”.

Ao terminar o interrogatório, a senadora opinou que as informações “estão em torno do ponto central desta CPMI, que é exatamente o questionamento do resultado eleitoral, a tentativa de emplacar uma vulnerabilidade [da segurança eleitoral]”.

Eliziane acrescentou que irá pedir a quebra dos sigilos telemáticos das pessoas que estiveram nas reuniões dos dias 9 e 10 de agosto de 2022, quando Walter Delgatti Netto teria se encontrado com o então presidente Jair Bolsonaro, com o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, o marqueteiro da campanha do ex-presidente, Duda Lima, entre outras pessoas.

“Até para a gente poder ter os elementos substanciais acerca das informações que nós recebemos do depoente Walter Delgatti”, explicou Eliziane. Em conversa com a imprensa, a senadora acrescentou que a história de Delgatti aponta para a tentativa de se construir “uma tentativa de fraude eleitoral e substanciar uma possível aplicação de um golpe no Brasil”.

A parlamentar defendeu ainda que o depoimento de Delgatti “nos dá fortes condições de, ao final, termos um indiciamento do ex-presidente do Bolsonaro”. Para Eliziane, contudo, é preciso ainda comparar as informações do hacker com os dados de quebras de sigilos telemáticos e novos depoimentos ou acareações que a relatora tem solicitado.

“Todas essas pessoas citadas, nós devemos estar pedindo as quebras dos signos telemáticos e também os RIFs”, informou. Os RIFs são os relatórios de inteligência financeira produzidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeira (Coaf) e que podem revelar uma movimentação atípica nas contas de pessoas suspeitas.

Eliziane ainda acrescentou a possibilidade de acareações com o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e com a deputada Carla Zambelli (PL-SP), entre outras pessoas citadas pelo Delgatti.

A aprovação de novas quebras de sigilos depende de votação pela maioria da comissão em sessão deliberativa, que ainda não foi marcada pelo presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA).

Nas redes sociais, Maia comentou que está “perplexo” com o conteúdo do depoimento de Walter Delgatti. “A CPMI precisa se debruçar sobre esse depoimento e investigar se esses absurdos de fato aconteceram”, escreveu Maia.

Após uma série de acusações contra Jair Bolsonaro durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas de 8 de janeiro, nesta quinta-feira, o hacker Walter Delgatti Netto admitiu que teme pela própria vida. Entre as acusações feitas está a de que ex-presidente ofereceu indulto presidencial (perdão da pena) em troca da invasão da urna eletrônica e em troca de assumir a responsabilidade por um suposto grampo colocado para monitorar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Como consequência, a defesa do hacker informou nesta que pedirá que o serviço de proteção à testemunha do governo federal seja oferecido ao seu cliente. O advogado Ariovaldo Moreira, disse à Agência Brasil que a exposição da versão de Delgatti à opinião pública o coloca em maior risco.

No depoimento Delgatti também disse que invadiu os sistemas do Judiciário brasileiro a pedido da deputada federal Carla Zambelli, que nega as acusações e que, a pedido de Bolsonaro, orientou os militares das Forças Armadas na elaboração do relatório sobre as urnas eletrônicas apresentado em 2022.

Outra acusação de Delgatti é de que Bolsonaro e o marqueteiro dele na campanha de 2022, Duda Lima, pediram para o hacker servir de garoto propaganda em vídeo com informações falsas contra a urna eletrônica.

“O senhor está agindo com muita coragem, é certo, mesmo tendo um habeas corpus, falando e contribuindo com a investigação. O senhor teme pela sua vida?”, questionou o deputado federal Rubens Pereira Júnior (PT-MA). “Atualmente, sim”, respondeu Delgatti. O hacker acrescentou que o advogado dele já sofreu ameaças de morte. “Ele fez boletim de ocorrência e ele tem as mensagens e áudios da ameaça”, afirmou.

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) mostrou à CPMI os supostos áudios de ameaças recebidas pelo advogado de Delgatti com palavrões e ameaças de morte, inclusive aos parentes do advogado. Segundo Soraya, o advogado do hacker registrou um boletim de ocorrência no dia 13 de agosto de 2022 denunciando as ameaças.

“Essas ameaças foram feitas ao advogado. O senhor se sente ameaçado neste momento também?”, questionou a senadora. “Sim, me sinto ameaçado”, respondeu novamente o depoente, que acrescentou que o advogado brigou com a deputada Carla Zambelli (PL-SP).

“Ela entrou em conflito com o advogado, teve um desentendimento com ele e, após isso, ela pediu que eu não falasse mais com o advogado”, revelou Delgatti. Zambelli tem negado todas as acusações.

Acareação

Walter Delgatti Netto disse que aceita participar de acareação com o ex-presidente Jair Bolsonaro para comprovar informações fornecidas à comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele foi questionado sobre a possibilidade pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) e respondeu que sim, “de forma tranquila”.

O hacker comentou, em outro momento, que faria acareação com qualquer pessoa para ajudar a comprovar as informações. “Lembrando que eu faço qualquer acareação, caso seja necessário aqui. Estou à disposição”, afirmou ao ser questionado pelo deputado federal Duarte Jr. (PSB-MA).

Acareação é um procedimento previsto nos códigos de Processo Civil e de Processo Penal em que são colocadas, frente a frente, duas pessoas que defendem versões contraditórias com objetivo de se chegar à verdade.

Código-fonte falso

O marqueteiro da campanha eleitoral de 2022 do ex-presidente Jair Bolsonaro teria pedido a Delgatti Netto para simular um código-fonte falso visando desacreditar a segurança das urnas eletrônicas. O código-fonte é o software responsável pelo funcionamento de uma urna eletrônica.

O marqueteiro Duda Lima teria participado de uma das reuniões para discutir o papel de Delgatti na campanha de Bolsonaro à reeleição. “Inicialmente, (o marqueteiro) disse que o ideal seria eu fazer uma entrevista, participar de uma entrevista com a esquerda e, de forma espontânea, falar sobre as urnas”, revelou.

A segunda proposta do marqueteiro de Bolsonaro, ainda segundo Delgatti, era que o hacker simulasse um código-fonte falso. “Eu faria o meu (código-fonte), não o do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), só mostrando para a população que é possível apertar um voto e imprimir outro. Era essa a ideia”, afirmou o hacker. Acrescentou que o objetivo era apresentar um vídeo com esse conteúdo para ser divulgado no dia 7 de setembro, quando havia grande mobilização de apoiadores do ex-presidente em Brasília.

Para a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), tratou-se de uma tentativa de produzir uma peça publicitária de campanha usando Delgatti como garoto-propaganda.

“Seria uma urna que, num vídeo, numa apresentação publicitária, teria um código-fonte manipulado”, explicou a senadora, que tem pedido a quebra dos sigilos telemáticos dos citados por Delgatti, incluindo o publicitário Duda Lima.

Segundo Delgatti, as duas ideias não foram concretizadas porque o plano vazou para a imprensa. “O meu encontro saiu na mídia e, por esse motivo, eles cancelaram isso”, concluiu.

Quebra de sigilos

A relatora da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que apura os atos golpistas de 8 de janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), avalia que as revelações feitas por Delgatti Netto são “bombásticas” e “absolutamente sérias”.

Ao terminar o interrogatório, a senadora opinou que as informações “estão em torno do ponto central desta CPMI, que é exatamente o questionamento do resultado eleitoral, a tentativa de emplacar uma vulnerabilidade [da segurança eleitoral]”.

Eliziane acrescentou que irá pedir a quebra dos sigilos telemáticos das pessoas que estiveram nas reuniões dos dias 9 e 10 de agosto de 2022, quando Walter Delgatti Netto teria se encontrado com o então presidente Jair Bolsonaro, com o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, o marqueteiro da campanha do ex-presidente, Duda Lima, entre outras pessoas.

“Até para a gente poder ter os elementos substanciais acerca das informações que nós recebemos do depoente Walter Delgatti”, explicou Eliziane. Em conversa com a imprensa, a senadora acrescentou que a história de Delgatti aponta para a tentativa de se construir “uma tentativa de fraude eleitoral e substanciar uma possível aplicação de um golpe no Brasil”.

A parlamentar defendeu ainda que o depoimento de Delgatti “nos dá fortes condições de, ao final, termos um indiciamento do ex-presidente do Bolsonaro”. Para Eliziane, contudo, é preciso ainda comparar as informações do hacker com os dados de quebras de sigilos telemáticos e novos depoimentos ou acareações que a relatora tem solicitado.

“Todas essas pessoas citadas, nós devemos estar pedindo as quebras dos signos telemáticos e também os RIFs”, informou. Os RIFs são os relatórios de inteligência financeira produzidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeira (Coaf) e que podem revelar uma movimentação atípica nas contas de pessoas suspeitas.

Eliziane ainda acrescentou a possibilidade de acareações com o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e com a deputada Carla Zambelli (PL-SP), entre outras pessoas citadas pelo Delgatti.

A aprovação de novas quebras de sigilos depende de votação pela maioria da comissão em sessão deliberativa, que ainda não foi marcada pelo presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA).

Nas redes sociais, Maia comentou que está “perplexo” com o conteúdo do depoimento de Walter Delgatti. “A CPMI precisa se debruçar sobre esse depoimento e investigar se esses absurdos de fato aconteceram”, escreveu Maia.

Matéria atualizada às 08h10 para inclusão de dados

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