Juros derrubam indústria de bens de capital

307
Empilhadeira na indústria (Foto: Nino Sartria/Sxc.Hu)
Empilhadeira na indústria (Foto: Nino Sartria/Sxc.Hu)

Após cair 0,6% em abril, a produção industrial brasileira apresentou crescimento de 0,3% em maio, na comparação com o mês anterior. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) divulgada pelo IBGE.

O avanço foi puxado pela alta de 1,2% na atividade extrativa. A indústria de transformação ficou praticamente estagnada (leve queda de 0,1%).

“Embora fraco, o desempenho no mês foi acompanhado por expansão na maioria dos ramos industriais acompanhados pelo IBGE. Além do extrativo, outros 18 ramos ficaram no positivo, totalizando uma parcela de 76% da indústria como um todo”, analisa o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Em comparação com maio de 2022, houve crescimento de 1,9%, insuficiente para aplacar a retração de 2,7% de abril de 2023 sobre abril do ano passado). Isso se deve a apenas um único macrossetor, explica o Iedi: bens de capital, cuja produção caiu 11,6%.

Espaço Publicitáriocnseg

Bens de capital são basicamente os ativos fixos, como máquinas e equipamentos. Uma queda na produção geralmente reflete retração dos investimentos.

“Como se sabe, as decisões de investimento são particularmente prejudicadas pelo quadro de elevação das taxas de juros reais que temos visto no país, ao que se somam o enfraquecimento do mercado interno e as incertezas em relação a reformas estruturais, como, por exemplo, quanto à aprovação ou não da reforma tributária e com quais características”, salienta a entidade.

A produção de bens de capital acumula recuo de 9,6% no ano, em uma trajetória de progressiva deterioração. Outro freio importante, segundo o Iedi, foi bens intermediários, com queda de 1% nestes primeiros cinco meses do ano. Com isso, tudo que a indústria geral havia ganhado na segunda metade de 2022 (alta de 0,4%) se perdeu agora em 2023 (queda de 0,4%).

Ainda abaixo do período anterior à pandemia

Na média móvel trimestral, o avanço da produção industrial é de 0,3%. Apesar disso, o indicador acumula queda de 0,4% no ano e estabilidade no acumulado de 12 meses.

“O setor industrial se encontra 1,5% abaixo do patamar pré-pandemia, ou seja, fevereiro de 2020, e 18,1% abaixo do nível recorde, alcançado em maio de 2011”, afirma o gerente da pesquisa, André Macedo.

Segundo ele, “a produção industrial, que avançou 1,5% nos três últimos meses de 2022 e prossegue com saldo positivo de 0,4% nesse início de 2023 frente ao patamar que havia encerrado o ano passado, ainda assim permanece distante de recuperar as perdas do passado recente”.

Dos 25 ramos industriais analisados na pesquisa, 19 apresentaram alta em relação a abril, com destaques para coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (7,7%), veículos automotores, reboques e carrocerias (7,4%) e máquinas e equipamentos (12,3%).

Por outro lado, entre as seis atividades em queda, os principais impactos vieram dos produtos alimentícios (-2,6%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,7%).

Das quatro grandes categorias econômicas da indústria, três apresentaram alta de abril para maio: bens de consumo duráveis (9,8%), bens de capital, isto é, as máquinas e equipamentos usados no setor produtivo (4,2%) e bens intermediários, ou seja, os insumos industrializados usados no setor produtivo (0,1%).

Os bens de consumo semi e não duráveis apresentaram queda no período: -1,1%.

O setor industrial do país iniciou 2023 com baixa demanda, que foi provocada também pela incerteza fiscal e elevação dos juros, e esse movimento menos acelerado levou a indústria a diminuir seu processo de produção e consequentemente menos postos de trabalho foram ocupados. No entanto, esse setor tem se mostrado mais promissor durante o primeiro semestre e alguns segmentos obtiveram maior crescimento, como o segmento de alimentos, equipamentos de transporte e têxtil.

A produção do setor industrial tem muita força econômica no país, sendo um dos pilares da economia, responsável por cerca de 25% do PIB e um dos setores de maior geração de empregos e investimentos, tendo grande impacto no desenvolvimento socioeconômico.

Dentre os destaques das indústrias brasileiras, os setores de energia, mineração, química e bens de consumo têm presença significativa nas importações e exportações. De acordo com os dados do Banco Nacional de Empregos, em 2022, foram mais de 46 mil quantidades de pesquisas por áreas, sendo os setores de indústria alimentícia, gráfica e têxtil com o maior número de buscas. Em comparação ao ano de 2021, no mesmo período, o setor de alimentos continua a liderança na lista de pesquisas, sendo uma das principais atividades de atuação, seguido pelos setores de gráfica e têxtil, totalizando 16 mil buscas.

Com informações da Agência Brasil

Matéria atualizada às 19h18 para inclusão de análise do Iedi

Leia também:

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui