Aquisição da rede Big pelo Carrefour prejudica a indústria

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Carrefour (Foto: José Cruz/ABr)
Carrefour (Foto: José Cruz/ABr)

A recente compra do Big pelo Carrefour – os dois maiores canais de distribuição do país, levantou uma discussão no mercado da pequena indústria.

“Um negócio de R$ 7,5 bilhões que exemplifica bem o significado de concentração mercadológica na distribuição de produtos no Brasil. Quando isso acontece, os abusos são constantes e como um órgão antitruste, para lá de míope, esse negócio irá prejudicar as pequenas indústrias de bebidas”, avalia a Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras). Para a entidade, “sob a perspectiva do setor de bebidas, tudo que envolve a área é extremamente concentrado, levando alguns exemplos como os fornecedores de embalagens, a indústria de lata, a indústria do PET e do vidro, que têm deixado faltar essa embalagem para os pequenos negócios. No caso da aquisição da rede Big pelo Carrefour, o problema reside na distribuição de produtos, que ficará cada vez mais acumulada dando poder a apenas uma rede. Sabendo disso, as condições impostas às indústrias serão avassaladoras. A concentração de mercado no país passou a ser algo comum. Basta observar outros setores como o financeiro, que se resume em cinco instituições, e a própria indústria de bebidas, em que existem quatro grandes grupos que centralizam mais 92% do faturamento.”

Para Marcelo Júnior, economista da Afrebras, “é algo que sempre acaba prejudicando os pequenos empresários – da indústria ao pequeno varejista. A exigência desse novo grupo ao adquirir da indústria impõe condições extremamente fora da realidade.”

Há anos o presidente da associação, Fernando Rodrigues de Bairros, vem alertando para o problema da grande concentração que existe no Brasil. Essa situação prejudica a sociedade, pois leva à dependência do consumidor à determinada rede de distribuição, aumenta a desigualdade entre os fornecedores, sem contar outros tantos efeitos da concentração. Em 20 anos, foi registrado o fechamento de mais de 600 indústrias de bebidas no país. “A consequência da alta concentração de mercado, liderada por Coca-Cola, Ambev e Heineken, é a formação da discrepância concorrencial e do poder econômico”, analisa.

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No passado, o mercado de refrigerantes era mais dividido, e pequenas as empresas chegavam a deter mais de 30% do mercado. Hoje, a participação de pequenas e médias indústrias de bebidas resulta em menos da metade.

“Eram mais de 800 fábricas regionais espalhadas por todos os estados. Hoje, esse número não chega a 200. O duro é entender que essa situação não se deu de forma natural, e sim através dos interesses individuais de poucas empresas globalizadas e, o pior disso tudo, o poder público participou e participa ativamente para promover essa concentração”, lamenta Bairros.

Já para o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), Claudio Felisoni de Angelo, a união dos dois grandes grupos tende a animar investidores. “A compra que o Carrefour efetuou pode ser um chamariz para novos investimentos, uma vez que, com a compra, os grupos unidos tendem a ser a primeira rede varejista a conquistar R$ 100 bilhões de receita no Brasil”, afirma.

Segundo o jornal Giro News, “a estratégia do Carrefour Brasil para o negócio de cash & carry do Grupo Big, o Maxxi Atacado, é transformar toda a rede em Atacadão, com investimento de R$ 10 milhões a R$ 12 milhões por unidade. A operação representará uma alta de 25% no número de lojas da bandeira, o equivalente a mais de dois anos de expansão. Presente em 11 estados, o Maxxi possui 49 pontos de venda. Atualmente, o cash & carry do Carrefour tem 214 lojas e o objetivo é chegar ao final de 2020 com 250 operações por todo o país – além de expansão orgânica, este número inclui as conversões que restaram do pacote de 30 unidades adquiridas do Makro Atacadista.”

 

Com informações do Jornal Giro News

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