Araújo diz que declarações de Pompeo foram alvo de má tradução

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Com audiência concorrida, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foi nesta hoje à Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado para falar sobre declarações contra o regime de Nicolás Maduro feitas durante a visita do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, a Roraima, na última sexta-feira.

O requerimento de convite para a ida do ministro ao colegiado foi motivado pelo fato de alguns parlamentares terem entendido que o secretário usou o Brasil para promover o presidente norte-americano Donald Trump, que está na reta final da campanha pela reeleição e ter feito declarações contra o regime de Maduro.

Araújo rechaçou todas as críticas às declarações feitas na coletiva de imprensa ocorrida após visita. Para o brasileiro, um dos elementos mencionados pelo secretário Mike Pompeo foi objeto de polêmica por uma “má tradução”. “Foi traduzido que ele haveria dito: o nosso mundo está consistente. E a gente vai tirar essa pessoa e vai colocar no lugar certo", como se estivesse referindo a Nicolás Maduro. Na verdade, o que ele disse em inglês, eu vou tentar uma tradução melhor, foi: "nossa vontade é coerente, o nosso trabalho será incansável e chegaremos ao lugar certo", afirmou.

Para o chanceler, no contexto de toda a entrevista, fica claro que as afirmações foram feitas a partir de uma perspectiva humanitária, de defesa dos direitos humanos. Ao ressaltar que, para o Brasil, o governo da Venezuela é o de Juan Guaidó, também reconhecido por outros 56 países, ele garantiu ainda que nenhuma crítica foi feita diretamente ao povo venezuelano, ou contra o país vizinho.

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“De forma nenhuma! Ofensa à Venezuela seria a gente ignorar o sofrimento do povo venezuelano. Nós temos total solidariedade pelo povo venezuelano. É uma nação amiga, é uma nação irmã, com uma tradição democrática imensa; terra de Bolívar, como se sabe. "É importante que a gente não use a palavra Venezuela para se referir a esse bando de facínoras que ocupa o poder ainda na Venezuela, pelos quais a gente só tem desprezo – e justamente, me parece. É importante esclarecer isso", afirmou, em referência à Nicolás Maduro.

O chanceler brasileiro usou uma metáfora feita à época pelo senador Esperidião Amim (SC) para explicar as críticas feitas por ele e pelo secretário de Estado americano na visita ao Brasil. Araújo negou que tenha recebido Mike Pompeo "em sua casa", para falar mal do vizinho.

"Vamos supor, então, que nós, aqui no Brasil, estamos em uma rua e temos um vizinho que é muito amigo nosso. De repente, esse vizinho tem a casa dele invadida por um narcotraficante que praticamente escraviza o vizinho, prende no porão o vizinho e toda a sua família e ocupa essa casa do vizinho. Vamos supor que um dos filhos do vizinho consegue escapar, vem para o nosso terreno, nós o acolhemos e, então, recebemos um amigo de uma outra rua, que também é amigo do nosso vizinho, e vamos falar dessa situação. Então, o fato de nós falarmos dessa situação não é uma agressão ao nosso vizinho, é uma preocupação com o fato de que a casa do nosso vizinho foi tomada por um narcotraficante", disse.

Na avaliação de Araújo, as críticas "ao narcotraficante que tomou essa casa" não significa agressão ao vizinho. "É o contrário: é o nosso dever de vizinhança e de solidariedade", disse.

 

Agência Brasil

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