A semana termina com os efeitos provocados no mercado financeiro após as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O ministro disse o que o mercado queria ouvir há muito tempo.
As declarações de que o presidente Lula garantiu cumprir o arcabouço fiscal “a todo custo” e o anúncio de corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias deram uma acalmada nos ânimos depois de muita tensão. Haddad comentou também que o novo arcabouço fiscal se conjuga com outras normas, como a Lei de Reponsabilidade Fiscal (LRF), e deve ser seguido na garantia da rigidez das contas públicas.
Na quinta-feira (4), o Ibovespa fechou com alta aos 126.163,98 pontos. Os juros futuros também caíram, uma amostra dos efeitos das declarações. Nicolas Gass, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, comentou que os juros futuros projetam o risco que o país tem. E, com o risco diminuindo, os juros futuros também caem em movimento de correção significativo.
“O que a gente pode esperar agora nos próximos dias é o que, de fato, vai vir ali desse corte de gastos. A gente vê o governo falando muito sobre credibilidade fiscal, mas a gente tem que ver agora quais serão as atitudes de fato. Não adianta só falar, falar, falar e não executar nada na prática, porque aí o mercado não vai dar credibilidade ao governo, que é o que vem acontecendo”, afirma.
Segundo Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, o que o mercado mais quer é responsabilidade fiscal e com o Lula mostrando isso com certeza é uma notícia positiva. “É ótimo para a nossa Bolsa e uma notícia boa para o dólar também, para que a gente possa ver a moeda cair mais. Mercado também ficou positivo nesta quinta porque foi feriado nos EUA e, com isso, sofreu zero impacto do cenário externo”, diz.
Andressa Bergamo, sócia-fundadora da AVG Capital, acredita que a bolsa pode reagir positivamente no curto prazo. “O controle de gastos e o compromisso fiscal sinalizam responsabilidade e estabilidade, atraindo investidores. Setores sensíveis a juros, como consumo e construção, podem se beneficiar diretamente de uma queda nos juros futuros. Empresas exportadoras podem ter ganhos reduzidos se o real se valorizar, mas o impacto geral tende a ser positivo” , ressalta.