Depois de um complexo panorama econômico e social na Argentina durante o primeiro semestre do ano, como consequência da desvalorização e das primeiras medidas de ajuste do governo do presidente Javier Milei, alguns indicadores estão começando a dar sinais de melhora a partir do segundo semestre, mas sem implicar realmente uma recuperação total ou crescimento da economia do país, afirmou sexta-feira (20), à agência de notícias Xinhua, o economista argentino Hernán Letcher.
Mestre em Economia Política e diretor do Centro de Economia Política Argentina (Cepa), Letcher falou sobre a “recuperação” face à forte queda registada nos primeiros meses do ano. “Sobre o indicador de pobreza, há duas coisas a dizer: primeiro, naturalmente que o impacto da desvalorização ia ser mais forte no primeiro semestre, e obviamente que ia ter um efeito descendente no segundo semestre, em que estamos atualmente, mas a medição da pobreza não leva em conta a variação significativa de dois itens em particular: serviços e transportes, que aumentaram consideravelmente”, afirmou.
Considerando os aumentos nos serviços públicos e nas tarifas de transporte implementados durante o primeiro ano de governo do presidente Milei, como parte de sua política de eliminação de subsídios, Letcher opinou que o impacto desses aumentos afetou a renda da população, reduzindo sua capacidade de consumo e, portanto, contribuindo para a queda da linha da pobreza.
“O efeito é uma descida da linha de pobreza e, portanto, muito mais pessoas permanecem acima dela, embora com rendimentos escassos, mas, ainda assim, acabam por permanecer acima da linha”, disse.
Uma declaração recente do Ministério do Capital Humano argentino refletiu que este indicador teria diminuído para 38,9% no terceiro trimestre, dos 54,8% registados no primeiro trimestre.
Letcher explicou que, além do efeito da desvalorização do peso argentino, que se intensificou nos primeiros meses de 2024, esta redução da pobreza também tem uma explicação metodológica, relacionada com a diminuição dos preços dos alimentos. “Isto também ajuda metodologicamente, porque a forma como a pobreza é calculada é baseada na cesta básica”, observou.
PIB da Argentina tem queda menor porque 2º trimestre foi muito ruim
O avanço no nível de atividade econômica na Argentina, que no terceiro trimestre apresentou uma melhora em relação ao início do ano, se deve, em parte, à forte queda da economia nos primeiros meses, afirmou em entrevista concedida na sexta-feira (20), à agência de notícias Xinhua, o economista argentino Hernán Letcher.
Ele destacou que a recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre “é significativa, mas é o oposto da queda do segundo trimestre. Ou seja, um terceiro trimestre está sendo comparado com um segundo trimestre que foi muito ruim, o que tende a dar um resultado positivo”.
“Quando se calculam os primeiros nove meses deste ano, a queda é superior a 3%, mas é um valor inferior ao que se estimava no início, que o Fundo Monetário Internacional (FMI) tinha previsto em torno dos 3,5%. Portanto, dá a impressão de que (no final do ano) estará mais perto dos 3%”, considerou.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), a economia continuou a cair em termos homólogos, registando-se no terceiro trimestre uma diminuição de 2,1% face ao mesmo período de 2023.
Segundo um relatório do Cepa apresentado por Letcher, “o impacto da desvalorização, que liquefez o rendimento da população, afetando o consumo, somado ao ajustamento regressivo das despesas do Estado, gerou uma forte contração da economia”. “Em abril, a atividade atingiu o seu ponto mais baixo, ficando abaixo da medição sazonalmente ajustada de novembro de 2023, e iniciou uma recuperação errática.”
O indicador de desemprego, que aumentou 1,2 ponto percentual em termos anuais, para 6,9% no terceiro trimestre, é outro reflexo da contração, continuou Letcher.
O relatório do Cepa afirma que este efeito tem sido heterogêneo, pois até agosto os únicos setores da economia que geravam empregos eram a agricultura, a mineração e a pesca, mas estavam longe de compensar o que aconteceu nos setores restantes, como a construção e manufatura.
Para o economista, embora algumas das principais variáveis macroeconômicas pareçam ter melhorado, persistem dúvidas sobre a sua capacidade de continuar esta evolução. As principais questões estão relacionadas ao atual nível de valorização cambial, aos dólares acumulados e ao impacto econômico nos setores industriais.
Lógico que o letcher estava acostumado com uma economia galopante dos governos de esquerda né, então uma pequena melhora é irrelevante e digna de críticas mesmo, agora ele pode ficar tranquilo que se a esquerda não voltar mais ao poder por lá, com certeza o lule vai contrata-lo, pq ele tem todas as características dos economistas jumentos do pt.
O economista em questão preocupa-se em ressaltar unicamente os aspectos negativos da economia Argentina.
A pergunta pertinente é: como estariam os indicadores econômicos, especialmente a inflação, se ainda estivesse no poder o ex-mandatário de esquerda?