De passagem pelo Rio para lançar o Instituto pelo Desenvolvimento com Justiça, o pré-candidato do PPS à presidência da República, Ciro Gomes, alinhou-se às críticas ao modelo econômico do qual foi um dos executores iniciais. Para Ciro, o déficit externo fez com que o Brasil fique “proibido de crescer”. O ex-governador argumenta, com razão, que a decisão do Banco Central de elevar a Selic para 15,75% revela muito mais a preocupação do governo com as contas externas do que com o cumprimento da meta de inflação acertada com o FMI.
Ciro também vê o país marchando para uma crise de iliquidez até o fim do ano e defende que a saída não está em aprofundar “o bom mocismo”, entendida essa definição como a inserção passiva do Brasil na globalização praticada desde o início dos anos 90. Ele prega o que classifica de dinâmica mista, envolvendo a ampliação da poupança interna e um novo ciclo de substituição das importações.
Neste ponto, no entanto, o candidato do PPS é pouco claro, limitando-se, para demarcar-se do PT, a afirmar não desejar a volta do protecionismo às empresas locais praticado no passado, mas sem definir como o país deveria proteger sua indústria num mundo em que os mais poderosos são justamente os mais protecionistas.
O pré-candidato do PPS também considera que a situação das contas externas, incluído aí o déficit crônico na balança comercial, revela um modelo econômico insustentável. Falta a ele, no entanto, explicitar e aprofundar suas propostas alternativas ao atual modelo imposto ao país. No mínimo, para que o debate programático que Ciro diz estar interessado em incrementar cresça e rompa com o reducionismo moralista a que boa parte da mídia quer reduzir o embate eleitoral de 2002.
Mercado
A Intelig e Embratel, operadoras de telefonia que fazem ligações nacionais e internacionais, estimam em 40% o número de ligações internacionais “piratas”, ou seja, feitas através de sistemas como “call-back”, em que o usuário liga para o exterior a cobrar, via Internet ou via empresas que só estão autorizadas a realizar alguns serviços corporativos. Intelig e Embratel cobra maior presença da Anatel e da Polícia Federal para coibir a prática. Mais eficaz seria reduzir as tarifas, o que levaria a participação dos “piratas” para 10%, nível que a Intelig afirma ser aceitável e dentro dos padrões de outros países.
Água ameaçada
Aproveitando a Semana Internacional da Água, a população de São Lourenço, importante estância hidromineral do Sul de Minas, se reuniu, no fim de semana passado, para, num abraço ao parque municipal, protestar contra o risco de que as fontes de água mineral da cidade sequem. As fontes são a principal atração turística e atividade econômica local. Sob o slogan “São Lourenço pode secar”, a população manifestou seu medo, que aumentou muito nos últimos meses, quando foram fechadas as duas principais fontes – a carbo-gasosa e a magnesiana – e interrompido o fornecimento gratuito de água.
A empresa que explora as águas de São Lourenço, a francesa Perrier, hoje controlada pelo Grupo Nestlé, alega que a interrupção é temporária, mas não fornece maiores explicações, atemorizando a sociedade.
Contratempos
A economia cubana deve crescer 4% este ano e 5,5% em 2002, contra cerca de 5,6% no ano passado. O país sofre com a alta do preço do petróleo e que do valor do açúcar, mas está superando esses problemas com novos acordos comerciais, segundo a publicação Business Latin America, do The Economist Intelligence Unit.
Razões
Depois de um longo período de vacilação, Ciro Gomes, candidato do PPS à Presidência da República, resolveu apoiar a CPI da Corrupção: “O presidente da República é conivente e complacente com a corrupção.” Ciro defende que a CPI concentre suas investigações no Dossiê Cayman e na denúncia da compra de votos para aprovar a reeleição de FH.