A menos de 20 dias das eleições, a Petrobras abriu licitação para o afretamento de uma nova plataforma no campo de Albacora, na Bacia de Campos (RJ), programada para entrar em operação apenas em 2027. Os investimentos estão previstos em cerca de US$ 2,3 bilhões, para produção de 120 mil barris de petróleo/dia e 6 milhões de metros cúbicos diários de gás. Com vida útil exigida de 27 anos, o projeto não tem exigência de conteúdo nacional mínimo.
“O afretamento é bom para os afretadores internacionais e péssimo para país”, critica o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, que defende a revisão da política de afretamento e de construção naval da Petrobras para incluir compromisso com a indústria local e com o mercado de trabalho.
Bacelar destaca que o Cenpes (unidade da Petrobras responsável pelas atividades de pesquisa e desenvolvimento) tem capacidade de desenvolver, em até 12 meses, projeto nacional para desenvolvimento de unidades de 120 mil barris/dia, como essa de Albacora. “Por que a Petrobras não contratou projeto próprio? Ainda mais considerando que há estimativas da necessidade de, pelo menos, mais duas unidades de 120 mil barris/dia em águas profundas no país”, questiona ele.
No final do mês passado, a Associação Nacional de Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro), com apoio da FUP, protocolou representação junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) contra a Petrobras. O processo pede a abertura de investigação sobre possíveis irregularidades em licitações para a contratação das plataformas P-80, P-82 e P-83 no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos. Segundo a denúncia, empresas do mesmo grupo econômico foram as únicas a apresentar propostas nas licitações.
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