O Comitê de Política Monetária (Copom) mostrou, em sua última ata divulgada hoje, um cenário de inflação persistente e de expectativas econômicas desancoradas, que exigem uma postura monetária firme para evitar maiores distúrbios. O Copom indicou que o ciclo de alta da Selic ainda não terminou, mas os próximos ajustes devem ser de menor magnitude.
“A elevação de 1%, aumentando os juros para 14,25% ao ano, responde a um cenário de atividade econômica resiliente, exigindo política monetária mais contracionista. E essa decisão de elevar os juros refletiu essa avaliação de que a inflação continua elevada, com a inflação acumulada em 4,83% em 2024, acima do teto da meta de 4,5%”, aponta Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio.
Na ata, o Copom também alertou que a solução para esse cenário adverso não depende apenas da política monetária. A ata enfatiza a necessidade harmonia entre as políticas fiscal e monetária, e uma colaboração entre Lula e Gabriel Galípolo para garantir que o esforço de controle da inflação seja eficaz. Nesse contexto, as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se alinham à cautela apresentada pelo Copom.
“O ministro enfatiza que, o Banco Central, não pode fazer mudanças abruptas nos juros, e devem ser feitas de forma gradual para não causar distúrbios na economia. Ele reconhece que a alta da Selic já estava prevista desde a última reunião do Copom, alinhado à projeção de que a política monetária deve continuar buscando a estabilidade da inflação, mas com moderação”.
Nesse cenário, os setores mais impactados pelo aumento da Selic serão aqueles que dependem mais do crédito, como o varejo, a construção civil e o consumo de bens duráveis, que sentirão os efeitos do crédito mais caro.
“A alta da Selic, embora necessária para conter a inflação, representa um desafio para a economia como um todo. Com a indicação de que o Banco Central pode implementar novas altas de juros, provavelmente entre 0,25 e 0,50%, a pressão sobre as famílias tende a aumentar e preço dos alimentos pode aumentar ainda mais, elevando o custo de vida para a população e gerando desemprego e queda no número de contratações”, reforça Carlos.
Ele também ressalta que as elevações sucessivas podem continuar a onerar os consumidores, especialmente aqueles com dívidas, como financiamentos de casas e carros, e dificultar o acesso ao crédito para novos investimentos e compras.