Os ataques de Israel em Gaza continuam causando centenas de vítimas entre a população civil, e a interrupção praticamente total do ingresso de ajuda no território ameaça interromper a continuidade da prestação já limitada de cuidados médicos que tem sido possível oferecer. A situação é descrita como “apocalíptica” por profissionais dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) que trabalham no território palestino.
“Mais um evento gravíssimo ocorreu ontem, quando ao menos 70 pessoas já mortas e 300 feridas, a maioria mulheres e crianças, foram levadas ao hospital Al-Aqsa, após pesados bombardeios de Israel na região central da faixa de Gaza”, diz nota da entidade.
“O cheiro de sangue na emergência do hospital hoje pela manhã era insuportável. Há pessoas em todos os lugares, no chão, do lado de fora… os corpos estavam sendo trazidos em bolsas de plástico. A situação é desoladora”, afirmou Karin Huster, referente médica do MSF em Gaza, que esteve no hospital Al-Aqsa na manhã desta quarta-feira, 5 de junho.
Diante deste quadro, equipes no hospital tentam lidar com a chegada de uma enorme quantidade de pacientes, muitos com queimaduras graves, ferimentos de estilhaços, fraturas e outras lesões de trauma. O hospital Al-Aqsa é uma das poucas instalações de saúde ainda funcionais na região central de Gaza.
Mesmo os atendimentos que ainda são possíveis de serem realizados correm o risco de serem inviabilizados em breve. A passagem de Rafah, que é o principal ponto de entrada de ajuda humanitária ao território, foi fechada por Israel há cerca de um mês e o fluxo está interrompido.
“A situação é apocalíptica”, afirmou Huster. “Com a escalada insana da violência em várias partes de Gaza nas últimas 48 horas e a manutenção do fechamento da passagem de Rafah há um mês, o sistema de saúde foi esgarçado ao ponto do colapso”, disse a referente médica de MSF.
Devido ao bloqueio do ingresso de ajuda, há escassez de medicamentos, mas também de combustível para geradores – essenciais para que as instalações médicas continuem operando- e até mesmo água e comida. “Com a intensificação das hostilidades e a diminuição das atividades dos hospitais, a situação fica insustentável. Em breve, não haverá nada que poderemos fazer com os pacientes que estão chegando”, lamentou Huster.
Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado hoje diz que mais da metade da população da Faixa de Gaza poderão enfrentar a morte e a fome “até meados de julho”, e em 21 países a insegurança alimentar aguda poderá deteriorar-se.
A nova edição do relatório de alerta da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e do Programa Alimentar Mundial (PAM) mostra como está exposta às situações mais graves de insegurança alimentar a totalidade da população da Faixa de Gaza, palco de conflito que começou em outubro do ano passado, na sequência do ataque dos islâmicos palestinos do Hamas a Israel, que eixou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo Tel Aviv. Em resposta, Israel lançou ataques que mataram mais de 36 mil pessoas, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas.
De acordo com o estudo, a violência e os conflitos armados continuam a ser as principais causas de insegurança alimentar aguda em numerosos locais, que enfrentam deslocamentos generalizadas, destruição dos sistemas alimentares e redução do apoio humanitário.
“Espera-se, assim, que o conflito na Palestina agrave ainda mais o número de mortos, sem precedentes”, assim como a “destruição generalizada e o deslocamento de quase toda a população da Faixa de Gaza”. “Estão surgindo ramificações regionais mais amplas que poderão agravar as já elevadas necessidades de segurança alimentar no Líbano e na Síria”, acrescentam as organizações, que estimam ainda aumentos nos custos dos alimentos no Iêmen diante da crise registrada no Mar Vermelho, o que irá agravar ainda mais a situação na região.
Com informações da Agência Brasil, citando a Lusa
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