Em fevereiro, conforme o Indicador de Atividade do Comércio da Serasa Experian, a atividade do varejo físico brasileiro registrou retração de 0,2%, em comparação ao mês anterior. Para a economista da Serasa Experian, Camila Abdelmalack, “essa ligeira redução pode ser reflexo da inflação e dos juros que permanecem elevados, exercendo impacto no poder de compra dos consumidores”.
“Adicionalmente, uma parcela significativa da população encontra-se inadimplente, agravando a situação ao comprometer a renda disponível, levando os consumidores a priorizar o pagamento de dívidas, em detrimento da realização de novas compras”, complementa Camila.
Outros dados do índice mostraram, também, que três setores da economia apresentaram alta no período: combustíveis e lubrificantes, material de construção e móveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos e informática. Já supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas, veículos motos e peças e tecidos, vestuário, calçados e acessórios tiveram queda.
No comparativo entre fevereiro deste ano e o mesmo mês de 2024, o crescimento da atividade do comércio físico foi de 5,3%. Nesse cenário, foi o setor de veículos, motos e peças que teve a maior expansão (10,9%), seguido por material de construção (9,1%), combustíveis e lubrificantes (5,5%), supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas (4,5%), móveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos e informática (1,9%) e tecidos, vestuário, calçados e acessórios (1,5%).
Já segundo a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV), realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), a partir de informações da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP), o varejo no Estado de São Paulo fechou 2024 com um desempenho excepcional, com o volume total de vendas alcançando R$ 1,42 trilhão – alta de 9,3% em comparação a 2023. É o maior faturamento da série histórica iniciada em 2008 e a maior taxa de crescimento desde 2021. Em termos absolutos, esse desempenho representa R$ 121 bilhões a mais em receitas em relação ao ano anterior.
No mês de dezembro, as vendas do varejo avançaram 7,3% em comparação ao mesmo período de 2023, e também atingiram a maior cifra – R$ 138,6 bilhões – para um mês desde o início da série histórica. Na visão da Fecomércio-SP, essa performance favorável é reflexo, principalmente, do mercado de trabalho aquecido, que resulta em um aumento no contingente de pessoas com capacidade de consumir, além de fatores como expansão do crédito e aumento da renda, que culminaram em uma forte propensão ao consumo no segundo semestre, impulsionada pela Black Friday, pelas compras de final de ano e pela injeção do 13º salário.
“Outro fator que contribuiu para o resultado positivo foi o avanço da digitalização e omnichannel, já que as empresas seguiram apostando na integração entre lojas físicas e online, ampliando o alcance das vendas”, afirma Fabio Pina, assessor econômico da entidade.
De acordo com a pesquisa da Fecomércio-SP, as nove atividades pesquisadas encerraram 2024 com alta no faturamento, em comparação a 2023. As maiores variações ocorreram nas vendas das concessionárias de veículos (17,9%) e das lojas de autopeças e acessórios (14,3%). Destaque também para as farmácias e perfumarias (11,7%), lojas de vestuários, tecidos e calçados (10,7%) e móveis e decoração (10,5%).
O varejo do município de São Paulo também fechou 2024 com resultado positivo, exibindo um crescimento de 9,9% em relação ao ano anterior e batendo o recorde de faturamento com uma receita de R$ 441,4 bilhões em 2024, cerca de R$ 39,7 bilhões acima do apurado em 2023. Em dezembro, a capital teve um aumento de 6,8% nas vendas, atingindo a cifra de R$ 43,4 bilhões no mês, também a maior receita mensal da série histórica.
Na visão da Fecomércio-SP, o ano de 2025 deve ser extremamente desafiador, considerando a atual conjuntura de inflação acima do teto da meta e o ciclo de alta da taxa Selic, que já estão afetando a confiança dos consumidores e devem influenciar as vendas ao longo do ano. As vendas das concessionárias de veículos e de materiais de construção, que comercializam bens duráveis, em que a venda normalmente depende de crédito e compromete a renda ao longo de vários meses, já mostraram sinais de desaceleração no último trimestre do ano. Nesse contexto, “empresas do setor precisarão ajustar suas estratégias para manter a competitividade e preservar margens em um possível cenário de menor crescimento em 2025”, recomenda Fabio Pina.
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