Debater o tema da inteligência emocional no ambiente de trabalho pode nos ajudar a entender como as instituições podem melhorar a relação com seus colaboradores. As evidências são claras: as ações e palavras dos líderes, ao perceberem diferenças de comportamento de seus funcionários, aparente frustração ou sobrecarga de demanda, podem ter consequências significativas em ganhos de produtividade e eficiência.
É importante avaliar, por exemplo, o desempenho de um atleta olímpico. Acredite, essa abstração tem muito a ensinar sobre o tema proposto. O atleta precisa, muitas vezes, de dois tipos de inteligência: a primeira, corporal e sinestésica, que harmoniza a execução de seus movimentos. O outro tipo é o emocional, pelo qual ele gerencia o desconforto diante das tarefas a serem cumpridas. Há ainda muito mais a aprender com esses desportistas. É fato que deve haver gestão do estresse para lidar com a pressão oriunda do trabalho.
Enfrentam-se prazos, metas e desafios, que exigem habilidades semelhantes para manter a produtividade. Ginastas quase sempre precisam ser resilientes diante das frustrações geradas pela derrota. O mesmo ocorre com o colaborador no local de trabalho.
É necessário enxergar além dos benefícios que um ou outro lado possa ter a ganhar. Trata-se da humanização de um ambiente no qual predomina o critério da impessoalidade. As emoções muitas vezes ficam de fora do local de trabalho, o que, em um lugar onde a urgência é estabelecida conforme o cumprimento de metas, pode culminar até no adoecimento psíquico dos funcionários. Portanto, é um erro crasso não estimular esse tipo de diálogo entre a liderança e seu time.
Lidar com sentimentos negativos é desafiador, mas dar suporte no momento certo a essas pessoas pode estreitar os laços entre a empresa e seus colaboradores. Isso interfere no bem-estar, na qualidade do relacionamento e no desempenho de cada um. É verdade, entretanto, que muitos desses dirigentes não veem tais ações com bons olhos. Talvez porque, dessa maneira, alguns percebam um embaralhamento que borra as relações laborais e pessoais.
A liderança, atualmente, deve reconhecer o poder das emoções como fonte de inovação, engajamento e excelência. Este é o único caminho para que haja uma interação orgânica genuína, em que a troca prevaleça diante da autoridade que existe no vínculo vertical entre chefe e subordinado; gera-se, assim, uma conversa entre indivíduos que são equivalentes no âmbito humano; a sensação e a maneira de lidar e perceber o mundo os organiza por meio da equidade oriunda do diálogo.
O verdadeiro papel de um líder é criar oportunidades para que as interrelações sejam cada vez mais humanizadas. A colaboração deve ser orgânica para que um time seja aquilo que tem de ser: um resultado da operação coletiva e orgânica de pares que desejam conquistar um objetivo único e comum. A individualização na jornada diária provoca uma quebra no vínculo global, o que pode fazer com que cada um trabalhe para si em vez de fazê-lo pela equipe ou pela conquista de um fim cujo benefício seja plural.
O local de trabalho deve funcionar como um só organismo, em que há troca de ideias e empatia entre seus participantes. Para isso, as interações devem funcionar como uma orquestra, atentando-se ao ritmo, à sinergia e ao virtuosismo de cada peça do esquema total. Neste tipo de entrosamento, todos devem exercer suas funções, mirando suas ambições individuais, havendo, contudo, a consciência de que um grupo somente pode existir quando as partes trabalham para si e para o próprio grupo.
O assunto em si, à distância, parece não ter muita relevância. No entanto, é importante compreender que a reflexão tem o propósito de ir além da visão mecanicista muito em voga nos dias de hoje. O assunto principal desta e de todas as questões deve circundar sempre o aspecto humano que as envolve. Pensar em perspectivas humanizadoras contribui para que haja ações mais comprometidas com a consciência. Afinal, esta é a única espécie capaz de se interpretar sob uma perspectiva tridimensional da história, observando-se no passado, no presente e no futuro.
Por Alex Araújo, CEO da 4Life Prime