Auditoria interna cresce, mas ainda busca alcançar pleno potencial, diz Deloitte

Levantamento conclui que funções bem-sucedidas possuem estratégia documentada e um plano estabelecido para orientar suas estratégias digitais. A adoção de uma cultura de melhoria contínua na área é essencial para maximizar o impacto da auditoria interna;

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Trabalho - reunião
Trabalho - reunião (foto de John Charlton, CE)

Nos últimos três anos, 82% das funções de auditoria interna aumentaram seu impacto nas organizações. Contudo, ainda há espaço para aprimorar o foco e ampliar a abrangência dos trabalhos por meio de um planejamento mais alinhado às diretrizes estratégicas das empresas, além de assegurar melhor comunicação quanto ao valor das atividades. É o que revela a Pesquisa Global Chief Audit Executive 2024, da Deloitte – organização com o portfólio de serviços mais diversificado do mundo.

O levantamento ouviu 200 líderes de equipes de auditoria interna em 35 países. Os dados destacam o interesse dos profissionais do setor por maior visibilidade, reconhecimento e até mesmo reinvenção da forma de trabalho.

Segundo o relatório, somente 14% dos chefes executivos de auditoria (CAEs, na sigla em inglês) sentem que atingiram seu pleno potencial, o que demonstra oportunidades de ampliar o suporte de tecnologia como parte da abordagem da área, além de promover a cultura de inovação e melhoria contínua das atividades.

Ainda assim, a maioria dos CAEs sente que exerce um nível de impacto “forte” para as organizações, passando de 40% há seis anos para 57% do total entrevistado atualmente. As funções de auditoria interna com “pouco ou nenhum” impacto estão em seu menor nível histórico: caíram de 5% para 1% no período de análise. A mudança mais significativa está no volume de funções com “algum” impacto: houve queda de 54% para 28%.

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As funções de auditoria interna que se tornaram mais impactantes compartilham estratégias documentadas, diretrizes claras sobre o que querem alcançar em termos de inovação e como pretendem fazer isso, além de uma estratégia digital e uma cultura de melhoria contínua, com revisões periódicas das estratégias para garantir os ajustes necessários. Porém, a ausência de uma visão de longo prazo pode prejudicar a capacidade de explorar o cenário digital e adotar novas tecnologias de forma eficaz. A pesquisa mostra que 38% das funções de auditoria interna têm uma estratégia digital e que 67% dos CAEs expressaram preocupações sobre as habilidades digitais de suas equipes.

“Para que os auditores internos explorem de forma completa a revolução digital em curso, é essencial que as pessoas não tenham apenas acesso a tecnologias de ponta, mas também desenvolvam uma mentalidade inovadora e habilidades avançadas. Estamos à beira de uma mudança que não vai só alterar a tática – ela pode redefinir o próprio jogo. Os CAEs devem estar prontos para questionar o status quo. Quem não se preparar pode acordar e perceber que o futuro já passou”, avalia Camila Boretti, sócia de Audit e Assurance e líder da prática Accounting & Internal Controls da Deloitte.

Seguindo o exemplo do líder

O estudo aponta que os CAEs têm um papel crítico para ajudar a moldar a identidade de marca da auditoria interna como um gerador de valor, em vez de um centro de custo. Por isso, os profissionais devem pensar e se comunicar como líderes visionários, promovendo sua proposta de valor em toda a organização.

À medida que os CAEs definem suas estratégias e objetivos de desempenho, eles devem refletir cuidadosamente sobre a conexão com o propósito e as histórias de alcance que desejam comunicar ao avaliar sua performance. Neste ponto, o relatório conclui que o feedback periódico é a principal ferramenta usada para medir o peso da auditoria interna. Todavia, os dados ressaltam que existe uma ênfase em indicadores-chave de desempenho que medem processos (como a quantidade de auditorias realizadas ou relatórios produzidos) em vez de resultados reais que essas auditorias têm na organização.

“A relação entre inovação e impacto foi uma mensagem importante da pesquisa realizada em 2018. Desde então, muitas funções promoveram uma cultura de melhoria contínua e segurança psicológica para testar novas ideias. No entanto, a pesquisa atual mostrou que a maioria das equipes não está verdadeiramente livre para inovar. Muitas vezes, a inovação requer permissão ou é restrita. ‘Pensar fora da caixa’ é uma frase frequentemente usada para encorajar as pessoas a trazer diferentes pontos de vista para a visão. Mas o problema é que ninguém está questionando as razões. Em primeiro lugar, uma caixa precisa existir”, explica Paulo Vitale, sócio de Audit e Assurance na prática de Accounting & Internal Controls e líder da prática de Auditoria Interna da Deloitte no Brasil.

Gen AI mudará tudo

Outro destaque é a introdução da Inteligência Artificial Generativa (Gen AI, na sigla em inglês) que, na visão do estudo, revolucionará a profissão de auditoria interna na próxima década. Juntamente com os recursos de IA e automação, os auditores internos poderão aproveitar o poder do machine learning, processamento de linguagem natural, análise preditiva e modelos generativos para fornecer novos níveis de capacidade, valor e relevância que a maioria das funções ainda não compreendeu. Segundo os dados, para 41% dos CAEs, a IA é uma capacidade crítica, o que demonstra a importância que essas tecnologias terão no futuro.

O relatório mostra que a auditoria interna está, agora, em uma corrida por talentos digitais, e sua importância não pode ser subestimada. À medida que as organizações passam por transformações digitais, as funções de auditoria interna devem atrair e reter colaboradores com as habilidades adequadas. As contribuições desses profissionais permitirão que a auditoria interna vá além da superfície, enquanto o uso da Gen AI será aprofundado na organização.

Investimento em talentos

A auditoria interna precisa de uma visão de 360 graus dos riscos enfrentados pela organização. Porém, os níveis atuais de investimento em treinamento podem ser insuficientes para atender aos desafios. Nesse sentido, “os líderes de auditoria interna precisam repensar as abordagens tradicionais de treinamento e capacitação de suas equipes, encontrando maneiras inovadoras de integrar o desenvolvimento de novas habilidades, estimular o aprendizado baseado em equipe e equipar os auditores com ferramentas de conhecimento em tempo real”, alerta o relatório.

A pesquisa revelou que 60% dos CAEs notaram um aumento no esgotamento da equipe, e quase um quinto de todas as funções percebeu isso como um problema significativo. Para alguns, isso pode ser um resultado secundário da pandemia; no entanto, os CAEs devem estar atentos ao “medidor de combustível” para garantir que suas equipes não estejam funcionando com o “tanque na reserva”.

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