Entre 2020 e 2021, o benefício de assistência médica representava, na maioria das empresas brasileiras, entre 5% e 10% do total da folha de pagamento. Em 2023, para 1/4 das empresas (25,8%), o peso da assistência médica subiu para entre 10% e 20%, enquanto em quase 1/3 das organizações, os custos médicos permaneceram entre 5% e 10% da folha.
Os resultados são da Pesquisa de Benefícios 2023 da Aon plc, que destacou o aumento expressivo nos custos médicos e hospitalares, pressionando as finanças das empresas no Brasil.
A situação tende a piorar, com os custos de saúde subindo muito acima da inflação. Conforme o Relatório das Tendências Globais dos Custos de Saúde para 2024, também da Aon, os custos médicos neste ano devem aumentar significativamente, mantendo um patamar elevado de 14,1%, similar aos 14,4% observados em 2023.
“Os custos médicos estão aumentando significativamente devido à demanda reprimida pós-pandemia e à inclusão de novas coberturas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)”, explica Leonardo Coelho, vice-presidente de Health & Talent na Aon Brasil. Também pressionam a inflação e a crescente complexidade dos tratamentos médicos.
Para mitigar esses impactos, a recomendação da Aon é de que as empresas adotem estratégias de gestão de saúde mais eficazes, investindo em programas de bem-estar e prevenção que podem ajudar a controlar os custos e melhorar a saúde geral dos empregados.
“A administração eficaz dos custos médicos é crucial para a sustentabilidade das empresas”, comenta Coelho. “Programas de prevenção e bem-estar não apenas reduzem os custos a longo prazo, mas melhoram a qualidade de vida dos colaboradores, resultando em um ambiente de trabalho mais produtivo e saudável.”
Os dados da Aon destacam que a gestão de saúde corporativa deve ser personalizada, promovendo o autocuidado individual. A implementação de estratégias baseadas em dados robustos pode ajudar as empresas a identificar tendências e implementar medidas preventivas de forma mais eficaz, reduzindo assim, os custos operacionais e melhorando os resultados para os colaboradores.
Além disso, o uso de modelos de contrato adequados ao perfil de cada empresa, seja pré-pagamento ou pós-pagamento, é essencial para uma gestão eficaz dos custos de saúde. No modelo de pós-pagamento, por exemplo, a empresa paga os custos dos eventos efetivamente ocorridos, absorvendo a oscilação do custo assistencial mensal, o que requer uma reserva técnica para enfrentar possíveis oscilações de risco.
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciou, semana passada, que os planos de saúde individuais e familiares terão reajuste anual máximo de 6,91%, valendo para o período entre maio de 2024 e abril de 2025. Este percentual, porém, só vale para os 8 milhões de beneficiários desses tipos de plano, contratados após 1º de janeiro de 1999, e que representam 15,6% dos 51 milhões consumidores de planos de saúde. A maioria dos beneficiários estão em planos empresariais ou coletivos, cujo aumento é livre.
Os planos de saúde coletivos terão reajuste de dois dígitos pelo terceiro ano consecutivo, conforme relatório da XP. Entre dezembro e fevereiro, o aumento estimado desses produtos foi de 15%. Em 2023, a alta média nos preços de planos coletivos foi de 14,38%, segundo a ANS.