A maioria da população ocupada no Brasil (88,4% ou 76,6 milhões de pessoas) trabalha no próprio município de residência e a maior parte (71,4% ou 61,9 milhões) desse grupo o faz fora da sua moradia, enquanto 16,9% (14,7 milhões) do pessoal ocupado trabalha em casa. O automóvel (32,3%) é o meio de transporte mais utilizado pelas pessoas no deslocamento para o trabalho.
Entre os estudantes, os cursos de Ensino Superior concentram a maior parte dos alunos que residem em município diferente daquele onde fica a instituição de ensino que frequentam. Os dados fazem parte do Censo Demográfico 2022 e foram publicados hoje pelo IBGE, juntamente com os resultados sobre trabalho e rendimento.
O Censo de 2022 investigou o meio de transporte que a população do Brasil passa mais tempo no deslocamento para o trabalho. A pesquisa revela que há um predomínio do uso de automóvel (32,3%), ônibus (21,4%) e motocicleta (16,4%), além da locomoção a pé (17,8%), como meios de transporte, representando 87,9% do deslocamento para trabalho no país. Em valores absolutos, 48,9 milhões de pessoas usam esses meios de transporte motorizados: 22,6 milhões de pessoas, o automóvel; 14,9 milhões, o ônibus; e 11,4 milhões, a motocicleta.
Chama atenção o alto número de deslocamentos a pé, feitos por 12,4 milhões de pessoas (17,8%), e por bicicleta, realizados por 4,4 milhões de pessoas (6,2%), o que revela um padrão de deslocamento significativo da população brasileira. Outro aspecto relevante foi o baixo percentual de pessoas que se deslocam em meios de transporte de alta capacidade, como trem ou metrô, com apenas 1,6% dos deslocamentos (1,1 milhão de pessoas), uma proporção próxima de van, perua e assemelhados, utilizados por 945 mil pessoas (1,4%).
Dentre os indivíduos que exercem suas atividades de trabalho no domicílio, 7,4 milhões são homens (15,1%) e 7,3 milhões são mulheres (19,3%). Já os que trabalham fora de casa, mas no município de residência, são 35,2 milhões de homens (72%) e 26,7 milhões de mulheres (70,7%).
Um contingente de 9,3 milhões de pessoas (10,7%) trabalha fora do município onde reside, a maioria formada por homens (11,6% deles estão nessa situação), somando 5,7 milhões, enquanto 9,5% das mulheres ocupadas (3,6 milhões) trabalham em município diferente daquele no qual moram. Uma parcela expressiva da população que se desloca para trabalhar retorna do trabalho para casa três dias ou mais na semana, demonstrando um fluxo pendular significativo entre os municípios brasileiros.
Em relação aos deslocamentos para trabalho em outro país, 32 mil pessoas fazem esse movimento, especialmente em municípios localizados na faixa de fronteira. Dos indivíduos que se deslocam para o trabalho, 783 mil têm como local de exercício do trabalho principal mais de um município ou país, sendo esse quantitativo proporcionalmente maior para os homens (1,3%) do que para as mulheres (0,4%).
Há diferenças regionais nos padrões de deslocamento ao trabalho. O transporte individual motorizado predomina, sobretudo nas regiões Centro-Oeste (58,8%) e Sul (57,1%). O uso principal do automóvel para o trabalho alcança quase metade dos trabalhadores no Sul (45,9%) e pouco mais de um quinto no Norte (21,8%) e Nordeste (21%). Por outro lado, a motocicleta é o principal meio de transporte no Norte (28,5%) e Nordeste do país (26%), percentuais superiores frente ao resultado para o Brasil (16,4%).
Em relação aos transportes coletivos, o ônibus apresenta maiores valores absolutos e relativos no Sudeste, onde 8,3 milhões de trabalhadores passam mais tempo nesse meio de transporte, representando mais de um quarto de trabalhadores (26,6%) dessa região, enquanto os menores valores proporcionais para o uso de ônibus estão no Norte (16%) e Sul (16,4%) do país. Embora a utilização do trem ou metrô seja mais representativa no Sudeste, com 1 milhão (89,8%) dos 1,1 milhão de trabalhadores nesses transportes, seu uso principal para trabalho dentro da região é de apenas 3,3%, repetindo a pouca expressividade vista no panorama nacional. Fica evidente, portanto, a baixa prevalência de transportes de alta capacidade para a região mais concentrada do país, assim como para o restante do Brasil.
O Rio de Janeiro é o estado que mais utiliza o transporte coletivo como forma de deslocamento principal para trabalho: ônibus (35,8%), BRT ou ônibus de trânsito rápido (1,8%), e trem ou metrô (4,8%). Distrito Federal e São Paulo também se destacam no quesito transporte coletivo. Por outro lado, os estados que proporcionalmente menos utilizam ônibus como meio principal para o trabalho são Rondônia (4,2%), Roraima (5,9%) e Acre (7,1%), enquanto trem ou metrô possui baixa expressividade ou é ausente no deslocamento da população para o trabalho em várias unidades da Federação.
No deslocamento para o local de trabalho por transportes individuais não motorizados (a pé ou bicicleta), o Nordeste (30,4%) apresenta a maior proporção, com quase um terço dos trabalhadores que se deslocam por mais tempo por esses meios, enquanto o Centro-Oeste (18,9%) tem o menor quantitativo proporcional para a categoria. De forma desagregada, o Norte (10%) mostra a maior proporção do uso principal de bicicleta, e quase um quarto da Região Nordeste (23,5%) passa a maior parte do tempo indo a pé para o trabalho.
Ainda no transporte principal para o trabalho, por hidrovias, seja embarcação de pequeno, médio ou grande porte, o maior valor relativo e absoluto está na Região Norte, totalizando 124 mil trabalhadores, sendo a única região em que esse percentual ultrapassa 2% dos deslocamentos realizados.
As unidades da Federação com maior participação relativa de pessoas no transporte a pé são Bahia (28,1%), Alagoas (25,5%) e Pernambuco (25,4%), enquanto proporcionalmente o deslocamento para trabalho por bicicleta é mais alto no Amapá (17,4%), Acre (13,3%) e Mato Grosso do Sul (12,6%).
Quanto aos indivíduos que exercem suas atividades no domicílio ou propriedade, destacam-se aqueles classificados como sem rendimento (48,8%). O grupo com as rendas mais altas, superiores a cinco salários mínimos, predominam em relação ao que está no extrato intermediário das faixas de renda, ou seja, quanto maior a renda, associada, geralmente, a maior nível de instrução, maior a proporção do trabalho realizado em casa, a exemplo dos que fazem teletrabalho integral.
A análise do tempo de deslocamento entre a casa e o local de trabalho mostra que a maior parte (56,8%) das pessoas que se deslocam para o trabalho leva de seis minutos até meia hora, totalizando 40 milhões de pessoas, enquanto 1,3 milhão de pessoas levam mais de duas horas para chegar ao trabalho. Além disso, nos resultados por cor ou raça, a população preta (13,9%) e a parda (11%) possuem maior participação relativa na faixa de mais de uma hora até duas horas, do que a população branca (8,9%). Na faixa de seis minutos até meia hora, a população branca (58,5%) possui maior proporção do que a preta (51%), com 7,5 pontos percentuais de diferença.
Dos 20 municípios com população acima de 100 mil habitantes e maior percentual de trabalhadores cujo tempo de deslocamento para o trabalho supera duas horas, 11 são do Rio de Janeiro, sete de São Paulo e dois do Pará. O tempo de deslocamento nas 15 metrópoles brasileiras apresentou variações, com Florianópolis, Goiânia e Porto Alegre mostrando maiores proporções de pessoas que levam até meia hora para chegar ao trabalho, enquanto Rio de Janeiro, São Paulo e Manaus apresentam as maiores proporções das faixas acima de meia hora. No Rio de Janeiro, nota-se 5,6% de duração de mais de duas horas entre seus deslocamentos.
Com redução de dias remotos, 77% sairiam da atual companhia
Já pesquisa do Insper, por meio de seu Centro de Estudos em Negócios, com apoio da Robert Half, apresenta um raio-X do modelo remoto no Brasil. O estudo mostra que reduções na disponibilidade de teletrabalho prejudicam a retenção de talentos em empresas. Dos colaboradores que hoje trabalham todos os dias remotamente, 77% indicam que sairiam da atual companhia caso haja uma redução, mesmo que parcial, na disponibilidade deste arranjo de trabalho. Entre aqueles que atualmente trabalham remotamente apenas um dia por semana, o cenário de perda também levaria a um aumento da intenção de saída da organização.
A pesquisa também destaca que a alta expectativa dos profissionais em manter a flexibilidade no trabalho é um desafio para as empresas. Entre os que hoje trabalham em regime híbrido, 96% desejam manter esse modelo; e 53% daqueles que trabalham integralmente no presencial anseiam atuar remotamente por, pelo menos, um dia da semana.
Embora haja uma percepção crescente de que o teletrabalho esteja em risco, a disponibilidade e a intensidade do modelo permanecem constantes desde 2023, ainda que com variações entre setores. De acordo com o estudo, o arranjo híbrido se estabilizou com a atuação remota em 2,32 dias por semana e 71% dos profissionais trabalhando fora dos escritórios em pelo menos um dia semanalmente.
Com informações da Agência de Notícias IBGE
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