Diminuiu ligeiramente o percentual de internautas que avalia o governo como ruim/péssimo, atingindo 36,9%. As avaliações de bom/ótimo representam 35,9%; e 27,2% consideram a gestão Regular. Essa leve melhora se deve ao anúncio de retorno do auxílio emergencial e às medidas de redução de impostos sobre gás e diesel. O caso Daniel Silveira inflamou a disputa entre os Poderes da República, que havia arrefecido nos últimos meses. A opinião é de pesquisa de tendência orientada por dados (média móvel de cinco dias), realizada pela Modalmais AP Exata entre dia 15 e hoje e divulgada nesta sexta.
Segundo o levantamento, a militância bolsonarista voltou aos fortes ataques ao STF. A apologia ao militarismo retornou também à agenda política da direita governista, apesar de o presidente da República não ter se envolvido diretamente no caso. A prisão do deputado também mudou o cenário de apoio irrestrito a Arthur Lira, por parte da militância governista nas redes. O presidente da Câmara passou a ser criticado e acusado de se curvar ao STF.
Daniel Silveira conseguiu também colocar em causa o andamento das reformas na Câmara. Um dos argumentos favoráveis à manutenção de sua prisão é que isso permitirá ao Congresso retornar as discussões sobre as reformas, sem a espuma criada pelo caso em questão.
De qualquer forma, nota-se claramente, pelo movimento dos internautas, que, apesar de Lira ter uma clara tendência de apoio ao presidente da República, bolsonaristas militantes não estão dispostos a negociar e abrir mão de pautas mais radicais.
Podem, com isso, gerar uma animosidade futura entre Lira e o Planalto.
O novo reajuste de combustíveis anunciado pela Petrobras indignou os internautas. Uma grande parcela dos comentários nas redes culpou o governo e Paulo Guedes por mais essa alta dos combustíveis. Há um temor de que o aumento gere mais inflação, pela influência direta do custo dos combustíveis em preços de alimentos e outros bens essenciais. A inflação é um tema constante de queixas nas redes.
Além disso, o aumento pode encadear uma guerra fiscal entre os governos estaduais e federal, a partir do anúncio do presidente da República, de que irá zerar os impostos federais do gás de cozinha e do diesel. Imediatamente após a fala de Bolsonaro sobre o assunto, as redes de apoio ao presidente da República passaram a pressionar os governadores de forma mais intensa, para que também reduzam impostos.
A fala sobre possíveis mudanças na Petrobras e as críticas indiretas que fez ao presidente da empresa levaram a especulação sobre a substituição de Castello Branco. Já a esquerda especulou sobre a venda da Petrobras. Liberais mostraram preocupação com a reação do mercado às falas do presidente da República.
As falhas de abastecimento de vacinas informadas em muitas cidades levaram opositores a criticar o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e a ausência de organização no processo de imunização. As promessas do ministro sobre 230 milhões de doses até julho foram consideradas irrealistas.
Tem ocorrido ainda uma guerra entre governo e Butantan. O instituto tem sido acusado pelo Ministério da Saúde de atrasar a distribuição da CoronaVac e rebate criticando o que considera falta de planejamento do governo. O jogo de empurra deve continuar nas próximas semanas.
O fim de impostos federais em gás de cozinha e a suspensão e tributos sobre o diesel, tiveram um efeito na popularidade de Bolsonaro. As menções positivas ao presidente chegaram a 40%. Nos últimos cinco dias, apesar do aumento nas menções positivas, parece existir um teto intransponível de popularidade do presidente da República. A rejeição é alta fora de sua bolha de apoio e a emoção de confiança segue baixa, ao contrário da tristeza e do medo, que predominam há várias semanas.
Outra pesquisa, da corretora Necton Investimentos, em parceria com a Vector Relações Governamentais, apontou que, de maneira geral, a condução do Governo Federal na gestão sanitária da crise do coronavírus não foi correta, segundo 65,9% dos deputados e senadores ouvidos. O levantamento também mostra que para 76,8% dos entrevistados, a aprovação do projeto de uso dos fundos públicos para o combate à pandemia é considerada muito urgente.
Já a opinião de 74,4% dos congressistas sobre a recuperação da economia neste ano é otimista, atingindo o maior patamar desde o início das sondagens, em julho do ano passado. Conforme os resultados, 70,4% acreditam que a agenda econômica do governo está correta, apesar da nota média para a atuação do ministro da economia Paulo Guedes ter sido 4,9 em 10 – a menor registrada em todas as edições da pesquisa.
Foram ouvidos, entre os dias 2 e 12 de fevereiro, 56 líderes e vice-líderes que ajudam, durante o processo de votações, a formar o posicionamento das bancadas.
Pazuello recebeu uma nota ainda menor dos congressistas: 3,4. A mesma nota foi dada para o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Ainda de acordo com o levantamento, 44,8% dos parlamentares não acredita que o governo fará uma reforma ministerial para formalizar sua base de apoio. Em contrapartida, as reformas administrativa e tributária devem ser aprovadas ainda no primeiro semestre (56,2% e 60,1%, respectivamente), assim como a PEC emergencial (69,3%). Quase 80% dos ouvidos acreditam que um novo auxílio emergencial será aprovado no Congresso. E para a maioria dos entrevistados, a volta do auxílio deve vir acompanhada de alguma medida de saneamento fiscal (45,7%).