Background check cresce como estágio intermediário ao Open Banking

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Open Banking - João Andre Calvino (foto divulgação BCB)
Open Banking - João Andre Calvino (foto divulgação BCB)

Uma das premissas da teoria do caos é que o bater das asas de uma borboleta em algum lugar provoca um tufão do outro lado do mundo. No caso do Open Banking, o que se espera não é o caos, mas sim uma grande revolução que vai transformar totalmente a indústria financeira. Em outras palavras, a expectativa é de que surjam novos modelos de negócios e soluções disruptivas que levem à redução de juros, inclusão de desbancarizados e uma série de benefícios.

O problema é que, para que estas coisas aconteçam, o bater de asas da borboleta corresponde ao ato de compartilhar dados. Toda a mágica imaginada pelo Banco Central e pelos entusiastas deste novo sistema só poderá se tornar realidade caso os consumidores consigam superar seus medos e decidam permitir que bancos, fintechs, varejistas e empresas de vários segmentos tenham acesso a suas informações sobre transações bancárias, compras , histórico de crédito , inadimplência etc.

Sob este ponto de vista, alguns sinais começam a surgir dando conta de que, apesar do empenho das autoridades reguladoras e do entusiasmo geral, na prática o Open Banking precisará de um tempo maior para avançar rumo aos seus objetivos.

Segundo uma pesquisa feita em abril pelo banco digital C6 Bank em parceria com o Ipec, com duas mil pessoas das classes A, B e C, com acesso à internet em todo o Brasil, 69% dos brasileiros afirmam que precisam entender melhor o Open Banking antes de decidir se vão compartilhar informações financeiras. Pior ainda é o fato de que em outra pergunta, 43% disse não ter interesse de permitir a abertura de seus dados.

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Como o acesso à informação está na base do desenvolvimento de novas soluções e das decisões sobre investimentos, as empresas e os investidores parecem decididos a não ficarem parados enquanto o convencimento não acontece. E, neste caso, estão trabalhando em paralelo com o processo de background check, que consegue oferecer um nível profundo de informações capturando dados que, de uma forma ou de outra, já estão disponíveis em outras fontes.

As principais plataformas fornecedoras deste tipo de serviço têm detectado um crescimento médio de 20% na carteira de clientes vindos dos setores de operações societárias e bancos de investimento nos primeiros meses de 2021 e até 45% de aumento no faturamento.

Baseadas em tecnologias de ponta para mineração de dados e crawling, os sistemas de background check realizam o levantamento de todas as informações relativas a CPFs ou CNPJs, seguindo as exigências dos agentes reguladores no processo conhecido como KYC (Know Your Customer). O conceito é que a ferramenta buscará em todas as mídias negativas, tentado identificar possíveis sanções e citações em listas restritivas nacionais e internacionais, antecedentes criminais etc.

Os algoritmos também realizam a identificação de pessoas expostas politicamente, analisam o perfil de crédito, características sociodemográficas, identificam processos e outros aspectos.

A partir da captação dessas informações e seguindo a política interna e as Leis impostas para estes processos, a plataforma emitirá um parecer capaz de ajudar as empresas a decidir se uma pessoa ou uma empresa reúne condições de se tornar cliente ou se seria melhor submeter a decisão a uma segunda análise.

Levando em conta que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) também reúne características de empoderar o consumidor sobre o consentimento para o uso de seus dados, essa perspectiva de crescimento da procura pelo background check, deve ir muito além da indústria financeira e do Open Banking. É uma ferramenta disponível para toda a economia.

 

Alexandre Pegoraro é CEO da Kronoos.

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