Baixada Fluminense ingressa no século XXI

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A Baixada Fluminense sempre sintetizou um retrato vivo do subdesenvolvimento de uma região que todos os governos se negaram a assumir sua paternidade em termos de Políticas Públicas, voltadas para o benefício de sua população.

Região submetida desde sua formação, que remonta ao início do século XX, com a chegada de uma avalanche de migrantes nordestinos que sobreviviam sem o mínimo de saneamento básico, sob o controle impiedoso de uma casta de coronéis caracterizados de políticos locais que resolviam os fenômenos sociais na base da força.

Isso representou desde sempre a incitação à violência, pela ausência do Poder Público, somada à ocupação irregular da região, que acabou ficando à mercê de chefes locais e da atuação de grupos paramilitares.

Atualmente no ranking nacional, municípios da Baixada Fluminense aprecem em pesquisas do Atlas da Violência no topo da lista, com um histórico assustador de violência, acima do aceitável, configurados como hediondo, analisados pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

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Mas parece que essa situação de abandono e atraso social, estão com os dias contados. É o que garante o deputado Léo Vieira, ex-vereador de São João de Meriti, e que inaugurou uma cadeira na Alerj a partir do início de 2019.

Durante sua campanha, no último pleito, sustentou o compromisso com sua sofrida Baixada, de tirá-la das páginas policiais dos jornais, e dá início a uma agenda positiva, propondo uma nova era, com desenvolvimento e prosperidade.

Vem daí a iniciativa da Frente Parlamentar em Defesa da Baixada Fluminense, que se propõe a atuar nos problemas macro, como ele costuma falar, em relação à Saúde, Segurança Pública e Infraestrutura.

Trabalhou na articulação de sua ideia, no afã de angariar apoio do Legislativo e Executivo, para somar forças e adquirir musculatura para alçar voo, numa guinada de efeito histórico extraordinário.

Em entrevista a Silvia Pereira para o Monitor Mercantil, o deputado Léo Vieira fala sobre a Baixada Fluminense, e o seu recente ingresso no PSC, legenda do governador Wilson Wítzel.

"A Baixada ganhou, através da Frente Parlamentar,

maior atenção e recursos financeiros para as áreas de

Saúde, Segurança, Educação e Infraestrutura"

 

O senhor era filiado ao PRTB do vice-presidente da República Mourão, e pelo partido ter sido atingido pela Cláusula de Barreira, recentemente se transferiu para o PSC. O que mudou?

O PRTB e o PSC, têm uma linha de ação muito semelhantes que defendem valores da família e preceitos religiosos rígidos, além da valorização do conceito de Pátria. Fora isso, defendemos a prática de uma Economia Liberal, com geração de emprego e oportunidades, o que em tese, representa o mesmo pensamento. Mas acima de tudo, é a defesa da Baixada o que move o meu mandato, e o governador está alinhado a esse meu pensamento.

 

O senhor se elegeu com a marca de 20.751 votos, e o compromisso de campanha teve um traço muito forte associado a Segurança Pública. Por que esse foco tão expressivo na área de Segurança Pública?

Além dos índices apontados por institutos de pesquisas serem tão relevantes na marca da violência em nossa região, também converso sempre com a população local, e sinto que as pessoas querem paz: poder sair de suas casas sabendo que voltarão ilesas. Para trabalhar, estudar, se divertir. Isso afeta também, frontalmente, a economia. Pois pessoas ilhadas, reclusas e amedrontadas dentro de casa, não consomem, e a economia não gira.

Eu cobrei ao governador, através da Frente Parlamentar, a ampliação de batalhões, no que estamos sendo atendidos, ação essa, aliada à implantação do Segurança Presente que passou a ser um programa do estado, e isso representa um aumento substancial do contingente de segurança nas ruas, dando uma sensação de alívio muito grande a população.

 

Quais os primeiros municípios da Baixada a receberem os benefícios do Segurança Presente?

O programa se iniciou há menos de mês em Nova Iguaçu, em seguida se ampliará para Duque de Caxias e se estenderá ainda este ano, a São João de Meriti. São 700 homens a mais nas ruas, garantindo a segurança da população, que atuará em pontos comerciais, onde circula o maior número de pessoas trabalhando.

 

Já existem estudos que compravam a eficácia do Segurança Presente?

O estudo só existe por enquanto na capital, com registro de até 70% sobre a queda de crimes praticados nas ruas. Na Baixada, que começou a menos de um mês, acredito que podemos atingir índices semelhantes, na ordem de 50%, ou até mesmo 60%. Posso apontar São João de Meriti como exemplo de como atuarão essas forças. O município ganhará 200 homens, com mais 300 do batalhão com viaturas posicionadas no Centro, temos um aumento do contingente de policiais para atuar nos bairros, o que representa uma vitória histórica, fruto da força de união de deputados em torno da Frente Parlamentar em Defesa da Baixada Fluminense, algo inédito na nossa região.

 

São João de Meriti, é o seu reduto eleitoral, e que talvez represente a maior concentração de problemas sociais, em relação aos outros municípios da Baixada. Ao que o senhor atribui isso?

Por comportar o maior número de habitantes por quilômetro quadrado da América Latina e o segundo maior do mundo, que no censo demográfico de 2010 os números chegaram à casa dos 458.653 habitantes, o que se torna problema dentro de um espaço territorial com um pouco mais de 35 quilômetros quadrados.

Hoje, São João de Meriti é um dos núcleos mais densamente povoados do Brasil, cortado pela rodovia Presidente Dutra, que põe o município em fácil comunicação com os dois maiores centros econômicos do país –Rio de Janeiro e São Paulo.

Por outro lado, está localizado também no limite com a região da Pavuna e Costa Barros, no Rio. Ou seja, é vizinho dos complexos do Chapadão e da Pedreira, considerados novas fortalezas do tráfico carioca, de confrontos constantes e uma sucessão de barbáries. Portanto, é a violência que migra e encontra um terreno propício ao crime, dentro do próprio município, através do criminoso que mora na região.

 

Quais os crimes com maior incidência em São João de Meriti?

Os crimes mais comuns hoje em São João de Meriti, são os assaltos a pedestres, com alvo em aparelhos de telefonia celular, e o roubo de carro. A 64° DP de São João, é recordista no estado em registro desses tipos de ocorrências. Só no primeiro semestre deste ano, foram registrados 673 roubos de celulares no município. Já para o roubo de carro, há registro de uma média de dez carros roubados por dia.

 

O modelo de Política de Segurança Pública do Governo Wítzel tem recebido críticas de órgãos como a OAB, por considerar que tem como método a violência e a morte. O que o senhor tem a comentar sobre o fato?

Eu acredito que o governador está no caminho certo, pois governar um estado com a problemática de insegurança que enfrenta hoje o Rio de Janeiro, tem que ter em primeiro lugar, firmeza e determinação, aliada a uma tropa motivada, bem aparelhada e com condições de trabalho à altura do desafio que requer a função. Além de Inteligência, tecnologia e profissionais de elite. E essa é a linha implementada.

Exemplo disso, foi o sucesso da operação que assistimos recentemente, no episódio do sequestro do ônibus da linha 2520, na Ponte Rio-Niterói. O bom resultado fez jus à legítima defesa das vítimas, que felizmente foram salvas, e foi feito o livramento imediato dos reféns.

"O presidente da Alerj, deputado André Ceciliano,

e o governador Wilson Witzel são os maiores aliados

da Frente Parlamentar em Defesa da Baixada"

 

A Saúde é outro grande gargalo que os gestores têm que enfrentar. Como a Frente Parlamentar pretende contribuir na Baixada?

Vamos fazer um breve comparativo: a Baixada tem 4 milhões de habitantes e tem três hospitais, já a capital com quase 7 milhões de habitantes tem 17 hospitais de emergência entre municipais, estaduais e federais. Quando falta atendimento para o morador da Baixada, ele recorre ao hospital da capital, e acaba sobrecarregando o Sistema. O governador Wilson Witzel e o Dr Edmar Santos, secretário de Saúde, anunciaram a construção do Hospital Geral da Baixada Fluminense no eixo Dutra. Só estamos aguardando o local, para colocarmos a pedra fundamental, e será entregue até o final do Governo Witzel.

 

De onde virá o recurso?

O custo da obra do Hospital Geral da Baixada ficará em torno de R$ 200 milhões, que será bancado pelo Governo do Estado.

 

Hoje quais são, a seu ver, os maiores problemas na área da Saúde na Baixada?

São os chamados Leitos de Retaguarda, que são aqueles direcionados a pacientes emergenciais. O secretário Edmar, autorizou a parceria com hospitais da Rede Particular, uma PPP, que será feita através de um chamamento público, para o Hospital da Posse. A expectativa é que resolvamos os trâmites burocráticos, em pelo menos quatro meses.

 

Existe algum projeto de referência na área de doenças crônicas, previsto para a Baixada?

Sim, o governador anunciou dois hospitais oncológicos para a Baixada. Hoje não temos nenhum hospital de referência para o tratamento do câncer, na região. Todos terão Parceria Público Privada (PPP).

 

Qual é a meta fundamental que visa conduzir a estratégia da Saúde para o seu funcionamento pleno, com auxílio da Frente Parlamentar?

Na realidade, o Governo do Estado está com um planejamento de investir fortemente na Saúde Básica como um todo, abrangendo todo o estado. É um modelo que privilegia a medicina preventiva e evita a medicina curativa, que se tem praticado desde sempre.

Há muitos anos o Sistema incha devido ao atendimento a males superficiais e sem grande gravidade. Com a ênfase da Saúde Básica, pretendemos mudar esse quadro, principalmente na Baixada, onde temos como objetivo atingir uma faixa de 90% de atendimento, até o final do Governo Witzel. Tenho conversado muito com o secretário de Saúde e com os prefeitos da Região para investirmos na ideia da consolidação da Saúde Básica, para tirarmos a sobrecarga das emergências.

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