Sem vocação para pitonisa, mas sem o antolho obrigatório ao jornalismo “chapa branca”, este coluna cometeu, com o mesmo título, pontos e vírgulas, a seguinte nota, em 24 de julho de 2001, quando boa parte da imprensa levava a sério a candidatura de Paulo Renato a qualquer cargo:
“Tudo bem que a vasta fauna de candidatos a candidatos tucanos a presidente da República é reveladora da inconsistência eleitoral do oficialismo, mas incluir o ministro da Educação, Paulo Renato, entre os presidenciáveis é exagero, mesmo em se tratando da dócil imprensa “chapa branca”. Com o lastro eleitoral de que é detentor, Paulo Renato pode se considerar um político realizado se conseguir os votos de alguns vizinhos numa eleição para síndico.”
Virtual
A renúncia oficializada ontem por Paulo Renato a qualquer pretensão passível de julgamento nas urnas não reduz apenas o ministro a sua verdadeira dimensão política. Mais que isso, transforma em pó o marketing longamente montado de que “a educação é o melhor resultado do governo FH”. Se o titular do ministério que os tucanos insistem em apresentar como sua melhor realização vai para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) – no qual o critério está longe de ser a aprovação popular – a fuga de Pedro Malan ao julgamento das urnas não poderia ser mais coerente.
Alvo
O próximo a sofrer nas mãos da opinião pública é o ministro da Saúde, José Serra. O sindicato dos servidores públicos federais (Sintrasef) já está com campanha – nas ruas e na TV – responsabilizando o presidenciável tucano pela epidemia de dengue. A greve nas universidades, ano passado, foi a pá de cal sobre as pretensões de Paulo Renato.
Líder
O senador Eduardo Suplicy (PT) foi eleito ontem líder do bloco de oposição no Senado. Fazem parte do bloco oposicionista, além do PT, o PSB e o PDT. Na Câmara, o líder do PT será o deputado federal João Paulo (SP). Suplicy (foto) mostra disposição digna de seu passado de ex-boxeador.
A perigo
A campanha de criminalização do “gato”, lançada pela Light, não deixa dúvidas: é grave a inadimplência passada, presente e futura no setor de energia. Se em vez de ameaçar infantilmente o consumidor desprovido de renda as concessionárias reduzissem seus salgados preços a campanha seria bem mais efetiva.
Carapintada
Uma declaração do presidente argentino Eduardo Duhalde – de que estudaria o perdão e libertação do coronel Mohamed Alí Seineldín – reacendeu o movimento pela liberdade do militar, condenado a prisão perpétua. Seineldín foi chefe dos militares nacionalistas conhecidos como “carapintadas” que promoveram quatro levantes frustrados, entre 1987 e 1990, contra os ex-presidentes Raúl Alfonsín e Carlos Menem. Existe até um comitê brasileiro que defende a soltura do coronel, presidido por Valte Tasso Vasquez de Aquino e que tem como presidente de honra o general de divisão Tasso Villar de Aquino e como secretário-executivo o coronel Pedro Schirmer, responsável pelo jornal Ombro a Ombro.