O saldo da balança comercial do Brasil ficou no vermelho em novembro último, segundo os dados divulgados pelo Ministério da Economia. O déficit foi de US$ 1,3 bilhão e resultou da redução do superávit do setor extrativo e da ampliação do saldo negativo da indústria de transformação. As exportações totais somaram US$ 20,3 bilhões, implicando alta de +23,2% ante nov/20 segundo a média por dias úteis, enquanto as importações totalizaram US$ 21,6 bilhões, com um avanço de +53,1% em relação a um ano atrás.
Segundo análise do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), no acumulado do ano, as exportações totais começaram a registrar recuo no crescimento de 33,9% em setembro, para 27,6% em outubro e 23,2% em novembro. Pesa nessa progressão os resultados da indústria extrativa que passaram de 44,1%, 40,5% e 14,8% respectivamente nos mesmos meses. Praticamente, o mesmo ocorreu na indústria de transformação: +35,8%; +24,5% e +28,3%, respectivamente. O impacto nas exportações da agropecuária foi menor: +12,2%; +19,3% e +16,5%, respectivamente;
Em todos os grandes setores as importações cresceram mais do que as exportações, mas a maior diferença coube ao ramo extrativo: +14,8% para as suas exportações e +248,3% em suas importações, puxadas principalmente por nossas compras externas de gás natural, carvão e óleos brutos de petróleo.
Patamares mais elevados de preços internacionais e o aumento da demanda destas commodities energéticas face à crise hídrica podem estar por trás da substancial majoração das compras externas do setor extrativo. Com isso, seu superávit em nov/11 caiu para US$ 3,06 bilhões, o mais baixo atingido em um único mês desde jun/20.
A agropecuária também viu seu saldo comercial se reduzir em nov/11, mas não de forma tão pronunciada. Registrou superávit de US$ 2,5 bilhões, condicionado por uma elevação de +61,8% de suas importações, devido a milho, trigo e pescados, ante uma alta bem mais modesta de suas exportações, de +16,5% ante nov/20, segundo as médias diárias.
A indústria de transformação também registrou crescimento mais acentuado em suas importações do que em suas exportações, mas foi exceção pois foi o único setor a registrar desaceleração dos desembarques e aceleração das vendas externas, ainda que modesta.
O ritmo de crescimento das importações industriais saiu de +51,4% em out/21 para +43,5% em nov/21, sempre em relação ao mesmo período do ano anterior e de acordo com as médias diárias. E poderia ter sido ainda mais fraco, não fosse o forte avanço da importação pelo agronegócio de fertilizantes (+166%), de combustíveis (+163%) e de medicamentos (+137%). Juntos, estes três produtos responderam por 51% do aumento da importação total da indústria de transformação em nov/21 ante nov/20.
Já as exportações industriais progrediram de +24,5% em out/21 para +28,3% em nov/21, de acordo com as médias por dias úteis, sob influência positiva de produtos semiacabados, lingotes e outras formas primárias de ferro ou aço (+217,5%), ferro-gusa (+55%), combustíveis (+37,1%), carnes de aves (+34%), celulose (+18%) e açúcares e melaços (+13,3%), entre outros produtos.
Apesar dos movimentos recentes, pelo fato de as exportações continuarem correndo muito abaixo das importações, a indústria de transformação não conseguiu evitar um novo aumento de seu déficit comercial, que chegou a US$ 6,5 bilhões em nov/21. No acumulado de jan-nov/21, o déficit somou US$ 49,7 bilhões, o que representa uma alta de +74% ante jan-nov/20 e de +22% ante jan-nov/19, isto é, antes da pandemia de Covid-19.
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