Balança comercial teve o maior superávit da série histórica

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Contêineres (Foto: Markus Distelrath/Pixabay)
Contêineres (Foto: Markus Distelrath/Pixabay)

No ano de 2021, a balança comercial registrou o maior superávit da sua série histórica, no valor de US$ 61,2 bilhões. Um acréscimo de US$ 10,8 bilhões em relação ao saldo de 2020. A corrente de comércio (exportações mais importações) atingiu valor recorde de US$ 500 bilhões, resultado de um aumento de 34,2% nas exportações e de 38,2% nas importações, entre 2020/2021.

O aumento das exportações foi liderado pela variação dos preços (29,3%), pois a variação no volume foi 3,2%. Nas importações, a liderança coube ao volume que cresceu 21,9% enquanto os preços aumentaram em 13,1%.

As exportações de commodities, com participação de 67,7% nas exportações totais, explicam o desempenho desse fluxo de comércio. Em valor, as vendas de commodities aumentaram 37,3%, sendo a variação dos preços de 38,9% acompanhada de um recuo no volume de 1,8%. As exportações de não commodities cresceram 28,1%, resultado do aumento dos preços em 12,4% e do volume em 13,5%. O recuo no volume exportado das commodities foi pequeno, sendo mais do que compensado pelas variações positivas nos preços das commodities e nos índices das não commodities.

As importações de commodities aumentaram sua participação na pauta de 7% para 8,5%, entre 2020 e 2021, associada a uma variação de 69,5% em valor, entre 2020/2021, com aumento nos preços de 36,4% e no volume de 23%. No caso das não commodities, que explicaram 91,5% das compras externas do Brasil, a variação em valor foi de 35,8%, com aumento no volume de 22% e nos preços de 11,1%.

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A elevação nos preços das commodities em 2021 levou a uma variação de 14,6% nos termos de troca, entre 2020/2021, após uma queda de 0,1%, entre 2019/2020. Não é esperada uma nova onda de aumento nos preços das commodities, mas o ano inicia com um cenário de incertezas referente aos efeitos da seca e da chuva em algumas safras, ao menor ritmo de crescimento da China e à possível intensificação do uso de subsídios em alguns países, como nos EUA em relação ao mercado de carne bovina.

A segunda maior variação em valor foi da indústria de transformação, de 26%, com participação de 51% nas exportações totais brasileiras em 2021, uma queda de 4 pontos percentuais em relação a 2020. O índice de preços aumentou 17,8% e o de volume 6,5%, entre 2020 e 2021. A pauta de exportações da indústria é mais diversificada que a da agropecuária e da extrativa, e os 10 principais produtos explicaram 46% das vendas externas do setor, sendo, majoritariamente, produtos que podem ser classificados como commodities. O produto de maior valor adicionado foram os veículos de passageiros, entre os 10 principais (10º principal produto exportado, com participação de 2,3% na pauta da indústria). Ressalta-se que, o principal produto exportado foi açúcar e melaços (6,4% de participação nas vendas externas da indústria), seguido de carne bovina, farelo de soja, óleo combustível e carne de aves.

A agropecuária, com participação de 20% no total das exportações brasileiras, registrou aumento de 23,6% em valor, 27,2% nos preços e recuo de 1,8% no volume. A soja respondeu por 70% das vendas do setor e cresceu 35,3%, em valor, seguido do café, com 10,5% de participação e aumento de 16,7%. Repetindo o comportamento das commodities, a variação positiva do valor foi liderada pelos preços: 30,3% (soja) e 21,3% (café). A variação do volume foi de 3,8% para soja e de recuo, em 3,8%, para o café.

O resultado do comportamento das vendas externas por indústria é refletido na composição dos principais produtos exportados. Em ordem decrescente, minério de ferro, soja e petróleo bruto explicaram 41% do total das exportações brasileiras em 2021, sendo de 46% a participação dos 10 principais produtos. Os demais produtos na lista das 10 principais exportações são comodities, como carnes, farelo de soja, celulose, semimanufaturas de ferro e aço e o açúcar.

Do lado das importações, a pauta tem um grau de concentração menor, sendo que os 10 principais produtos explicaram 36% das compras externas e os três principais (adubos, óleos combustíveis e medicamentos), 16,7%.

A indústria de transformação respondeu por 91,5% das importações e registrou aumento de 34,6%, em valor, 11,7% nos preços e 20,3% no volume, entre 2020/2021. Os três principais produtos importados da indústria são os mesmos da pauta total: adubos, óleos combustíveis e medicamentos somam 18,6% do total das compras externas da indústria.

O peso da agropecuária nas importações totais, em termos de percentual, foi de 2,5%, com variações positivas de 30,7% (valor), 22% (preços) e 7,2% (volume). O principal produto importado foi o trigo, com participação de 31% e crescimento de 24,3%. Em seguida, milho, com variação de 261% e participação de 13,7%, e, em terceiro lugar, pescado, com participação de 11,4% e aumento de 66,8%. Ressalta-se o aumento nos preços médios do trigo (23%) e do milho (55%) que impactam nas cadeias de alimentos e pressionaram a inflação.

Por último, a China permaneceu na liderança das exportações e importações brasileiras. A sua participação nas exportações caiu de 32,4% para 31,3%, entre 2020 e 2021, mas as exportações aumentaram em 29,4%. O índice de preços aumentou em 38,8%, mas o volume recuou em 6%. As importações cresceram, em valor, 45,2%, com aumento de preços em 9,9% e de 22,5% no volume. A participação nas importações foi de 23,4%. Apesar do maior aumento das importações em relação às exportações, em valor, o superávit passou de US$ 33 bilhões para US$ 40,1 bilhões.

Já dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, mostram que o agronegócio paulista aumentou em 9,5% suas exportações em 2021 em relação a 2020, exportando um total de US$ 18,97 bilhões no ano. As importações também aumentaram em 10,6%, no valor de US$ 4,58 bilhões. O saldo da Balança Comercial Paulista no período, de acordo com o Instituto, foi de US$ 14,39 bilhões, 9,1% superior a 2020.

Os cinco principais grupos na exportação do agronegócio estadual foram complexo sucroalcooleiro (US$ 6,53 bilhões), complexo soja (US$ 2,57 bilhões), grupo de carnes (US$ 2,53 bilhões), produtos florestais (US$ 1,68 bilhão) e grupo de sucos (US$ 1,59 bilhão).

O complexo sucroalcooleiro teve uma variação positiva de 0,5% em relação a 2020, sendo que o açúcar representou 86,4% do montante exportado e o álcool 13,6%. Já o complexo soja teve crescimento de 24,4% em 2021, sendo que 84,8% das exportações foram de soja em grãos.

No caso do grupo carnes, o Instituto de Economia Agrícola constatou crescimento de 24,4% das exportações em relação a 2020, sendo que a carne bovina respondeu por 85,4% das vendas internacionais. Também foram verificados aumento de 9,4% das exportações de produtos florestais e de 14,0% do grupo de sucos.

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