O saldo da balança comercial em abril foi de US$ 9,0 bilhões, US$ 1 bilhão a mais do que em abril de 2023. As exportações aumentaram, em valor, 14,1% e as importações, 14,3%. No acumulado do ano até abril, o valor exportado cresceu 5,7% e o importado, 2,2%, em relação a igual período de 2023. O saldo acumulado no ano até abril foi de US$ 27,7 bilhões, US$ 4,1 bilhões superior ao do primeiro quadrimestre de 2023. Os dados são do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV).
O aumento em valor das exportações e importações, seja na comparação mensal ou na do acumulado do ano, é explicado pelo aumento do volume, pois os preços caem para as exportações e as importações nas duas bases de comparação. “Chama atenção o aumento do volume exportado, 22,6%, e o importado, entre os meses de abril”, diz a análise.
Repetindo o comportamento observado no ano anterior, o volume exportado das commodities supera o das não commodities. No acumulado do ano até abril, em relação a igual período em 2023, o volume exportado das commodities cresceu 18,7% e o das não commodities recuou 5,2%. No mês de abril, no entanto, tanto as commodities (31,4%) quanto as não commodities (4,2%) registraram variação positiva. A variação dos preços foi negativa para os dois agregados, na base mensal ou na do acumulado do ano.
O crescimento do volume exportado no mês de abril foi liderado pela indústria extrativa (61,1%), seguida da transformação (20,5%) e por último, a agropecuária (7,7%). Na extrativa, a exportação de petróleo bruto, 14,9% do total exportado pelo país, aumentou em valor 92,4% e 103,8%, em kg, segundo a Secretaria de Comércio Exterior. Na indústria de transformação, o principal produto exportado foi o óleo combustível de petróleo, com participação de 4,6% na pauta total das exportações, aumento de valor em 129,9% e, em kg, 124,4%. O segundo principal produto exportado foi farelo de soja, com variação de 45,8% em kg seguido de açucares, 94,4%, carne bovina, 89,0% e celulose, 10,4%. Juntos, esses 5 produtos explicam 34,7% das exportações da indústria de transformação e 0,02% das exportações brasileiras. O setor agropecuário registrou aumento de 7,7%, liderado pela soja, participação de 20,6% nas exportações totais e aumento em kg de 2,5%.
O crescimento das exportações da indústria de transformação foi puxado, como descrito, por mercadorias que são commodities. O Indicador do Comércio Exterior (Icomex), da FGV, separa as commodities e não commodities da indústria de transformação. Em abril, as commodities representavam 48,7% das exportações dessa indústria e registraram aumento de 41,9%.
Na comparação interanual do acumulado do ano até abril entre 2023 e 2024, a liderança em volume permanece com a indústria extrativa (24,2%), seguida da agropecuária (9,6%) e da transformação (6,0%). O principal produto exportado, com participação de 14,8% nas exportações totais, foi a soja em grão, com aumento de volume (em kg) de 10% e queda nos preços de 20,5%. O segundo principal foi o óleo bruto de petróleo, com participação de 14,5%, variação no volume de 33,4% e queda nos preços de 3,0%. O terceiro foi o minério de ferro com participação de 9,6%, crescimento no volume de 13,6% e nos preços de 9,8%.
“As importações por setor de atividade mostram a liderança do setor agropecuário em termos de volume, na comparação entre os meses de abril de 2023 e 2024. Foi registrado aumento de 73,1% nesse setor, seguido da transformação, 22,7% e da extrativa, 3,0%. Ressalta-se, porém, que as importações da agropecuária representam 2,5% das importações totais do país, seguida da extrativa (7,2%) e da transformação, 89,9%. Diferente das exportações da indústria de transformação, em que as commodities explicam 48,7% das vendas do setor, como já mencionado, aqui o percentual das commodities no total das importações da transformação foi de 5,9%. Todas as informações das participações se referem ao mês de abril de 2024. Na comparação dos acumulados do ano até abril entre 2023 e 2024, a agropecuária lidera (28,2%) em termos de volume, seguida pela transformação (12,3%) e a extrativa, que recua (0,8%). Em termos de participação na pauta de importações, porém, os percentuais dos principais produtos do setor da agropecuária são inferiores a 1%: trigo (0,6%); pescado (0,4%); e frutas e oleaginosas (0,4%)”, diz o relatório.
Ainda segundo a FGV, em abril, as importações de bens de capital na formação bruta de capital fixo (FBCF) foram de 30,2% e dos bens de capital na agropecuária de 51,4%, o que indicava um setor de agropecuária com expectativas favoráveis. “Observa-se, porém, que no acumulado do ano as importações de bens de capital recuaram em 20,5% nesse setor. É preciso, portanto, acompanhar o setor para se afirmar que as expectativas são de aumento na taxa de investimento. No caso, das compras de bens intermediários, a indústria tem uma sinalização positiva, com aumento de 24,0%, mas as compras do setor de agropecuária recuaram 3,9%. O mesmo comportamento se repete na comparação do acumulado do ano.”
A novidade do mês de abril, em termos de mercado de destino, foi o aumento no volume exportado para a União Europeia (46,2%) que superou o dos EUA e o da China. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior, o aumento para a Europa foi puxado pelas exportações de petróleo, café não torrado e farelo de soja. Observa-se que, em termos de volume, as variações nas exportações para a China têm sido inferiores às dos EUA.
Os volumes importados aumentaram para a China, Argentina, demais países da América do Sul e demais países da Ásia, acima de 30% na comparação do mês de abril. No entanto, na comparação do acumulado do ano, só a China supera 30%. A comparação de um único mês não permite afirmar uma tendência de aumentos expressivos nas exportações para a União Europeia ou das importações para os países mencionados. Em termos de contribuição para o superávit da balança comercial, a China continua na liderança com saldo de US$ 13,9 bilhões; demais países da Ásia, US$ 3,4 bilhões; demais países da América do Sul, US$ 2,0 bilhões; e EUA, US$ 412 milhões. Com a União Europeia, o saldo é deficitário em 817 milhões.
A tendência de queda nos termos de troca iniciada em dezembro de 2023 continuou, e comparando esse mês com abril de 2024, a queda foi de 4,1%. A queda está associada a uma variação negativa de 5,9% nos preços exportados e aumento de 1,0% nos preços das importações. Em suma, é a queda nos preços de exportações que está puxando os termos de troca para a trajetória descendente até o momento.
Já segundo a Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport), a exportação brasileira de milho via portos da Amazônia alcançou, no primeiro trimestre de 2024, um índice 7% maior em relação ao mesmo período de 2023: de acordo com relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do total das exportações no país durante o primeiro trimestre deste ano, 43,3% das exportações de milho saíram pelos portos do Arco Amazônico. O número indica movimento ascendente, já que, no mesmo período de 2023, o percentual de exportação de milho via portos amazônicos foi de 36,2%.
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