A partir de hoje, os bancos públicos e privados começarão a oferecer oficialmente o Crédito do Trabalhador, novo modelo de crédito consignado privado que tem como um dos principais objetivos a redução do superendividamento da população. A lógica que motivou o desenvolvimento do produto foi aumentar o acesso a crédito com uma modalidade de menor risco por conta da nova possibilidade de se usar o saldo do FGTS e das multas rescisórias como garantia. Apesar de verem como positiva a direção da proposta ao atacar as dívidas do passado, alguns especialistas alertam para a necessidade de se preocupar com a criação de novas dívidas no futuro. Para evitar este efeito colateral, eles afirmam que as instituições financeiras precisarão ter uma capacidade cada vez mais eficiente de medir o risco de o trabalhador perder o emprego para tomar as decisões tanto sobre a concessão do empréstimo como a forma de pagamento.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) estima que, em até quatro anos, cerca de 19 milhões de trabalhadores adotem o produto, o que pode representar mais de R$ 120 bilhões em empréstimos contratados. Para o Chief Data Scientist e um dos fundadores da empresa de tecnologia especializada em soluções de inteligência artificial, Datarisk, Carlos Relvas, a capacidade de prever a possibilidade desses trabalhadores perderem o emprego será um dos maiores desafios para o sucesso deste projeto. “Caso as concessões alcancem os grandes volumes estimados e um número significativo desses trabalhadores acabem não conseguindo manter as condições de emprego existentes na originação do crédito, as perdas com a inadimplência podem fazer com que os bancos recuem no apetite pela modalidade”, afirma.
Com o objetivo de mitigar este risco e viabilizar o aproveitamento da oportunidade que o programa representa tanto para a indústria financeira como para seus clientes, a empresa desenvolveu um score que avalia a confiabilidade de uma pessoa manter o vínculo empregatício atual e, consequentemente, a capacidade de pagamento de empréstimos.
Relvas explica que a solução cruza informações públicas e socioeconômicas com com dados não estruturados para estabelecer a probabilidade de uma pessoa perder ou trocar de emprego nos próximos seis meses. “O modelo é capaz de gerar uma pontuação de estabilidade empregatícia precisa considerando que quanto maior for o score do cliente, menor é a probabilidade dele trocar a situação de emprego”, explica.
Segundo ele, a posse deste tipo de informação proporciona às instituições financeiras uma visão mais completa de uma das componentes de risco em uma operação consignada. “Dessa forma, o banco pode decidir com maior segurança não só sobre conceder ou não o crédito, mas por exemplo, sobre a quantidade de parcelas ideal para a quitação do contrato”.
Números das fontes oficiais informam que o país tem hoje 47 milhões de trabalhadores formais, incluindo 2.2 milhões de domésticos, quatro milhões de trabalhadores rurais, além de empregados do MEl, que hoje estão excluídos da consignação privada. Quem já tem o consignado ativo pode fazer a migração para a nova linha a partir de 25 de abril de 2025. A portabilidade entre os bancos poderá ser realizada a partir de 6 de junho.
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