Bares e restaurantes voltam a apresentar queda em vendas em setembro

Em todo o país, apenas o Estado de Roraima apresentou alta; 73% dos consumidores perceberam aumento nos preços dos alimentos após enchentes no RS

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Barzinho vazio (Foto: Tomaz Silva/ABr)
Barzinho vazio (foto de Tomaz Silva, ABr)

O setor de bares e restaurantes voltou a sofrer uma retração de 4,0% no volume de vendas nacional em setembro, em comparação com o mês anterior, de acordo com o Índice Abrasel Stone, da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes. Esse resultado reflete um momento de oscilações no segmento, mas com potencial de recuperação nos próximos meses.

Entre os 24 estados analisados, Roraima foi o único a registrar crescimento, com uma leve alta de 0,8% nas vendas. Já os estados do Maranhão e Piauí tiveram as quedas mais acentuadas, de 6,7% e 6,5%, respectivamente. A retração também foi significativa nas regiões Sul e Sudeste, com destaque para o Rio Grande do Sul (5,3%) e São Paulo (3,9%).

Na comparação anual, o cenário é parecido, com queda nacional de 4,5%. No recorte estadual apenas Alagoas, Tocantins, Rio Grande do Sul e Roraima registraram bom desempenho, com destaque para o estado alagoano, que apresentou um aumento significativo de 7,9%. Por outro lado, Maranhão e Piauí apresentaram os piores resultados de -8,5% e -7,2%, respectivamente.

Apesar das quedas registradas em setembro, o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, tem boas expectativas para o fim do ano.

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“Embora tenhamos enfrentado uma retração, as projeções para os próximos meses são positivas. O pagamento do 13º salário, além das festas e férias de fim de ano, deve impulsionar o consumo. Estamos confiantes em uma recuperação gradativa, especialmente a partir de novembro, quando esses fatores começam a impactar as vendas de forma mais significativa”, afirma.

“A economia brasileira vem apresentando bons números macroeconômicos, com taxa de desemprego em níveis historicamente baixos e relevante alta da massa salarial. Isto, contudo, é contrastado por uma taxa de inadimplência ainda razoavelmente elevada e que tem se mostrado mais resiliente nos últimos meses, o que potencialmente explica a retração do consumo registrado”, comenta Matheus Calvelli, pesquisador e cientista de dados responsável pelo levantamento.

Já pesquisa conduzida pela Pluxee revela como eventos climáticos extremos impactaram o cotidiano das famílias: com uma amostra de 5.633 participantes que utilizam cartões de benefícios Pluxee, a pesquisa revela que dois terços dos respondentes perceberam aumento nos preços dos alimentos em suas regiões após a tragédia. O setor de grãos como arroz, soja, milho e afins teve a maior percepção de alta nos valores, com 84%. Em seguida entram os itens de hortifruti como frutas, legumes e verduras com 40%; o setor de proteínas (bovina, suína, aves) com 30%; e óleo de cozinha, com 19%.

Para Luiz Louzada, diretor comercial corporate da Pluxee, “esse aumento expressivo nos preços dos produtos está diretamente relacionado aos desafios logísticos e à perda de colheitas enfrentados pelos agricultores gaúchos. A situação tem gerado uma pressão significativa no orçamento das famílias brasileiras.”

Em resposta a esses desafios e à escalada de preços, a pesquisa aponta mudanças significativas nos hábitos de compra das pessoas. Cerca de 34% dos consumidores estão pesquisando preços em mais locais antes de comprar, enquanto 32% estão aproveitando mais as promoções e ofertas. Outros 32% afirmaram estar comprando menos alimentos no geral, 23% optam por alimentos mais baratos, mesmo que de qualidade inferior e, ainda, 11% estão adquirindo produtos em atacado como forma de economizar.

“Estamos observando uma tendência clara de mudança nos hábitos de compra, impulsionada pela necessidade de adaptar-se à nova realidade econômica. As famílias estão priorizando a compra de alimentos essenciais e buscando novas estratégias para manter o poder de compra em meio a esse cenário desafiador,” complementa Luiz.

Outro dado da pesquisa mostra que, além dos serviços voluntários em ações locais, ao menos 54% dos entrevistados contribuíram com doações para a população gaúcha afetada, e 50% estão priorizando a compra de alimentos produzidos no Rio Grande do Sul como forma de contribuir para a recuperação do estado. “À medida que o Rio Grande do Sul se reergue, os consumidores continuam a desempenhar um papel de grande importância solidária, mostrando que ações de consumo conscientes, o fortalecimento das redes de apoio e a empatia são fundamentais em tempos de crise”, finaliza.

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