Bayer para venda de Roundup nos EUA, mas no Brasil continua

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Agrotóxicos (Foto: Max Pixel/Licença CC/ Domínio Público)
Agrotóxico (foto de Max Pixel/Licença CC/ Domínio Público)

A Bayer informou que a partir de agora só venderá o Roundup, produto que contém glifosato, nos Estados Unidos para o mercado agrícola. No Brasil, continua a ser vendido e produzido normalmente.

Apesar do alerta de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), que consideram o produto como provável agente causador de câncer, ao fazer a reavaliação toxicológica do glifosato, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concluiu que seu uso pode continuar sendo permitido no país. Para os técnicos da Anvisa que concluíram a análise em fevereiro, o produto não causa prejuízos à saúde.

No Brasil são 110 agrotóxicos com glifosato, principal ingrediente ativo de diversos herbicidas usados em plantações e jardins. Desde o início do seu governo até o final de 2020, Jair Bolsonaro (ex-PSL) liberou para uso no país 945 agrotóxicos.

Maranhão

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Na última quinta-feira, agricultoras e agricultores das comunidades tradicionais Santa Tereza, São Raimundo e Cantinho dos Vieiras em Brejo, no leste do Maranhão, denunciaram contaminação por veneno, após aplicação de agrotóxicos por um sojicultor da região. Segundo o site do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), um vídeo gravado no local registra animais agonizando. De acordo com o site alguns morreram. Autoridades sanitárias e policiais foram acionadas.

Uma moradora relatou que um familiar chegou a desmaiar ao tentar salvar um dos animais. “Meu primo tentou socorrer uma vaca que estava parida, mas o cheiro do veneno estava tão forte que ele desmaiou”, denuncia.

Os pequenos agricultores reclamam que as comunidades sofrem de forma constante com a aplicação de venenos em lavouras do agronegócio, em um território marcado por grilagem de terras, ameaça a famílias e proximidade entre as casas de trabalhadoras e trabalhadores rurais e os latifúndios.

As lideranças locais denunciam que há pelo menos quatro anos o agronegócio despeja veneno sobre a comunidade. Em caso recente, ocorrido em abril, as comunidades tradicionais Carranca e Araçá, ambas em Buriti, no Baixo Parnaíba, foram atingidas pela pulverização aérea.Na ocasião, crianças, adultos e idosos foram intoxicados e apresentaram queimaduras pelo corpo, coceira generalizada, febre e crises de vômito.

“Nós temos muito temor que mais comunidades sejam duramente castigadas por esta prática”, afirma Diogo Cabral, advogado popular que assessora famílias na região. Só nesta semana, o assessor jurídico da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras do Estado do Maranhão (Fetaema) atendeu 12 comunidades contaminadas por agrotóxicos.

Além da pulverização, as comunidades sofrem em razão da destruição do cerrado. Inclusive, mais recentemente, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Estado do Maranhão autorizou a derrubada de mil hectares de cerrado, que foi transformado em carvão, afetando diretamente as comunidades de Brejão, Araçá, Capão, Belém, Angelim, Cacimbas, Mato Seco, Brejinho e Baixão.

Da Redação com informações da CUT e do MST

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