BC acha necessário novo corte da Selic

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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, voltou a afirmar que um “eventual” corte na taxa básica de juros “será residual”. Na semana retrasada, o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a Selic de 3% ao ano para 2,25%. Mercado financeiro prevê Selic em 2%.

Campos Neto fez nesta segunda-feira uma apresentação, por videoconferência, com representantes das Instituições dos Comitês de Comércio e Serviços, organizada pelo Ministério da Economia. O BC divulgou um texto sobre os apontamentos de Campos Neto na reunião.

A mensagem de política econômica é que o Copom vê como apropriado avaliar os impactos da pandemia do novo coronavírus e do conjunto de medidas de incentivo ao crédito e recomposição de renda, e antevê que um eventual ajuste futuro no grau de estímulo monetário será residual.

O Copom entende que, neste momento, a conjuntura econômica prescreve estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que o espaço remanescente para a utilização de política monetária é incerto e deve ser pequeno”, diz texto divulgado no site do BC.

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O texto destacou que houve aumento de crédito para empresas em meio à crise. A afirmação do BC é contestada por vários atores da sociedade, uma vez que a oferta de crédito não atendeu, principalmente, as pequenas empresas.

Nesta segunda-feira, por exemplo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM -RJ), disse que se o crédito não chegar às empresas, sobretudo às micro, pequenas e médias empresas, a queda da economia brasileira vai ser pior do que a projetada. Vários economistas preveem que o PIB brasileiro registre queda de 6,48% em razão da pandemia do novo coronavírus.

A notícia foi divulgada pela agência Câmara.

Maia ressaltou que é preciso encontrar uma solução para que os recursos cheguem às empresas. Ele defendeu um ponto de equilíbrio entre os setores produtivo e financeiro, e a ampliação do diálogo com os bancos para que eles tenham uma participação maior na elaboração das leis.

O que temos feito, junto com a equipe econômica é ouvir as empresas e o sistema financeiro para encontrar um ponto de equilíbrio. Se você olhar o mercado financeiro, eles têm uma visão, se você olhar o setor produtivo, tem outra visão. Temos que ver um ponto de equilíbrio para que todos contribuam”, disse o presidente da Câmara.

Os bancos têm renovado o crédito, mas na pequena média e micro não tem chegado o dinheiro, e isso vai gerar um volume maior de demandas no Judiciário no segundo momento”, avaliou Maia. De acordo com o presidente, após a pandemia o Judiciário terá um papel decisivo, principalmente nos litígios que vão ocorrer em razão da crise econômica.

 

Números do Sebrae

 

Os micro e pequenos empreendimentos equivalem a 99% do empresariado e respondem por mais de 52% dos trabalhadores com carteira assinada do setor privado. Ou seja, a importância desse empresariado tem imensa importância na economia do país. Levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que entre 7 de abril e 2 de junho, cerca de 6,7 milhões de empresários tentaram obter crédito para manter pequenos negócios, mas apenas 1 milhão (15%) conseguiu os recursos, aponta.

Conforme a agência Brasil, no início da pandemia de covid-19, 30% dos pequenos empresários buscaram algum tipo de crédito, taxa que subiu para 39% ao final da análise, composta a partir de respostas fornecidas por 7.703 empresários de 26 estados e do Distrito Federal.

A principal razão (19%) para que não tenham tido êxito junto aos bancos foi o CPF negativado, o que indica que uma pessoa está inadimplente. Ter “nome sujo” no Cadastro Informativo de Créditos Não Quitados do Setor Público Federal (Cadin) ou no Serasa foi a justificativa apresentada por 11% das instituições financeiras ao negar crédito, mesma proporção relativa à falta de garantias ou avalistas.

Ainda de acordo com o levantamento, os bancos públicos, como Caixa e Banco do Brasil, foram as instituições mais procuradas pelos empresários. A maioria (41%) dos participantes da sondagem afirmou ter dívidas em aberto e em atraso, enquanto 32% declararam não ter dívidas e 27% disseram estar com o pagamento de débitos em dia.

Na última quinta-feira (25), o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse, em transmissão online, que as linhas especiais de crédito para empresas de menor porte poderão ter um bônus de adimplência. Na ocasião, ele reconheceu que a economia do país bateu no fundo do poço"

 

 

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