BC: Desaceleração de crédito no Brasil é menor que no resto do mundo

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Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (Foto: Marcelo Camargo/ABr)
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

A curva futura de juros tem tido uma queda relevante no Brasil e isso abre espaço para corte na taxa básica Selic à frente, afirmou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nesta segunda-feira em Encontro com Líderes do Varejo do IDV, promovido pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), em São Paulo.

A plateia reuniu alguns dos maiores empresários do varejo do país. O primeiro tema em destaque foi o custo dos juros “Apesar de os juros no Brasil serem altos, a desaceleração de crédito é bem menor que no resto do mundo”, citou Campos Neto.

O presidente do BC voltou a afirmar que a estimativa é de crescimento de 8% do crédito em 2023, após alta de 13,5% em 2022. “Em empresas, a desaceleração de crédito no Brasil está menor que em grande parte do mundo”, afirmou.

Para ele, o mercado está dando credibilidade ao que está sendo feito, o que abre espaço para atuação de política monetária à frente, disse Campos Neto destacando que o BC precisa agir com “parcimônia” e que os juros não podem ser baixados de forma artificial, sob o risco de não se alcançar o resultado almejado.

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O mercado acredita que o BC deve começar a cortar a Selic, atualmente em 13,75% ao ano, em agosto, quando haverá reunião do Comitê de Política Econômica (Copom) do BC. O Copom se reunirá na terça e quarta-feira da próxima semana, e as projeções do mercado é de manutenção da taxa básica de juros em 13,75% ao ano.

Campos Neto comentou que o corte da Selic sem que haja condições para isso pode ter efeitos negativos. “Se a Selic cai sem credibilidade, não vai diminuir o custo de rolagem de crédito de vocês (empresários), vai aumentar”, afirmou. “Precisamos cair a Selic com credibilidade.”

Segundo Campos Neto, o mercado tem demonstrado boa aceitação sobre o arcabouço fiscal do governo, com queda de juros futuros e câmbio “andando na direção certa”. Ele sinalizou que o país provavelmente terá deflação em junho, mas depois o indicador deve subir, fazendo com que a inflação fique entre 4,5% e 5% este ano.

Ao mostrar gráficos com dados de vários países, Campos Neto defendeu que os núcleos de inflação são a “parte mais preocupante” do atual cenário, citou reportagem da Reuters. “O núcleo de inflação subiu muito, mas está caindo muito lentamente, em especial na América Latina”, disse o presidente do BC. “Vemos lugares onde temos inflação de núcleo rodando ainda muito alto, como Chile e Brasil”, disse. “Se juros é ruim para varejo, inflação é muito pior”, disse. “Eu entendo insatisfação com juros, mas nosso mandato é fazer a inflação convergir”, acrescentou.

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