BC e dados de inflação sugerem proximidade do fim do ciclo

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Banco Central (Foto: ABr/arquivo)
Banco Central (Foto: ABr/arquivo)

Fiscal segue surpreendendo positivamente – Estados e municípios tiveram superávit primário de R$ 11,9 bilhões em março e seguem apoiando o resultado do setor público, que conta com Governo Federal e com empresas estatais, que apresentou superávit de R$ 4,3 bilhões, acumulando R$ 122,8 bilhões (1,4% do PIB) em 12 meses. Boa parte do resultado se deve à cobrança do ICMS sobre combustíveis, que tem impulsionado a arrecadação dos estados, e ao congelamento dos salários dos servidores. A expectativa para os próximos meses é de moderação, com as disputas em torno dos preços de combustíveis reduzindo as receitas e os reajustes dos servidores devendo elevar os gastos, mas, de maneira geral, o governo caminha para novo superávit primário em 2022, reduzindo as pressões sobre as emissões do Tesouro e moderando as pressões altistas sobre as taxas de juros da dívida pública.

 

Diretor do BC e dados de inflação sugerem proximidade do fim do ciclo – Os dados de inflação da semana passada, com a segunda prévia do IPC-S de maio desacelerando de 0,83% para 0,41 (10,2% a/a) e o IGP-10 do mesmo mês recuando de 2,48% para 0,10% (12,1% a/a), vieram abaixo das expectativas e começam a mostrar os efeitos da queda dos preços de commodities e a estabilização do dólar. O diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, discursou na segunda e sugeriu que entre continuar subindo os juros e manter os juros elevados por período prolongado, a opção do Copom seria pela última. Apesar de um cenário de inflação desafiador no curto prazo, o discurso de Serra e os primeiros sinais de uma desinflação devem reforçar a tese de que o Copom fez o suficiente para a inflação convergir para a meta no horizonte relevante (2023). Sendo assim, seguimos com a projeção de que o Copom finalizará o ciclo com uma alta de 0,50% na taxa Selic alta na reunião de junho.

 

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Um conto de duas estatais – Um dos grandes eventos da semana foi a aprovação do TCU, por 7 a 1, da segunda votação do processo de privatização da Eletrobras, abrindo espaço para que o governo lance edital de venda das ações. Por outro lado, pressionada pela base política do governo e a repercussão da última alta do diesel, a Petrobras entrou na mira do novo ministro das Minas e Energia, Adolfo Sachsida, que planeja adaptar a política de preços da empresa. As notícias sugerem que o consenso seria de mudanças de preços a cada 100 dias. Ou seja, se por um lado, a aprovação do TCU abre espaço para a Eletrobras seguir em alta, a possível utilização do caixa da Petrobras para subsidiar os preços domésticos de combustíveis eleva os riscos da companhia.

 

Aumentam os temores com relação à inflação – Apesar da desaceleração do CPI nos EUA, a inflação elevada segue trazendo desconfortos para o mercado. Com o CPI britânico subindo 9,0% nos últimos 12 meses e o PPI na Alemanha batendo 33,5%, inflação já seria um assunto para semana. Na quarta-feira, problemas na cadeia de fornecimento de empresas de smartphones e o alerta feito por companhias, como Walmart e Target, de que a inflação deve corroer as margens, elevam os temores com relação aos efeitos colaterais da alta de preços. Por fim, as perdas nas bolsas nas últimas semanas não sensibilizaram os banqueiros centrais, com sinais de que o BCE deve subir as taxas de juros em julho e diretores do Fed, inclusive Jerome Powell, sinalizaram que a opção por 0,75% não está descartada.

 

Semana volátil nos mercados terminou com Ibovespa no positivo – Os temores com relação a alta da inflação e das taxas de juros levou as Bolsas americanas para a sétima queda seguida. Por aqui, a expectativa de reabertura com novos estímulos na China, que tem apoiado as commodities, beneficiaram o Ibovespa, além da forte alta das ações cíclicas, que surfaram o recuo nas taxas de juros, levando o Ibovespa a fechar a semana com alta de 1,46%. A curva de juros local teve nova queda, impulsionada pelo discurso de Bruno Serra e a fala de Arthur Lira em torno de pautar a redução do ICMS sobre energia e combustíveis. No câmbio, semana de dados de atividade fracos nos EUA, que derrubou o dólar globalmente, e alta das commodities, levaram o real à nova alta, com o dólar fechando com queda semanal de 3,57%.

Agenda semanal – No Brasil, destaque para IPCA-15 na terça-feira, enquanto as publicações do BC seguem sem publicação. Nos EUA, destaque para a ata da reunião do Fomc na quarta-feira, segunda estimativa do PIB na quinta-feira e gastos das famílias e inflação PCE na sexta-feira. Na Zona do Euro, semana vazia. Na China, semana sem dados relevantes. Por fim, Markit divulga PMIs de EUA e Europa na terça-feira.

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