A valorização dos preços das maiores empresas de tecnologia em 2025 elevou a concentração nos índices de ações dos EUA a níveis recordes. A participação de mercado dos cinco principais membros do S&P 500, próxima a 30%, foi a maior em qualquer momento nos últimos 50 anos. O risco de uma correção acentuada e repentina nos mercados financeiros globais aumentou, com especial preocupação em relação às principais empresas de inteligência artificial (IA).
O alerta foi emitido pelo Comitê de Política Financeira (FPC, sigla em inglês) do Banco da Inglaterra (BC) na ata da reunião de 2 de outubro, divulgada nesta quarta-feira. Os preços das ações preocupam. “Por exemplo, o rendimento implícito no índice Preço/Lucro Ajustado Ciclicamente (Cape) estava próximo do menor nível em 25 anos – comparável ao pico da bolha das pontocom.”
“Algumas empresas de tecnologia estavam sendo negociadas com índices de avaliação que implicavam alto crescimento futuro dos lucros”, prossegue o BC. “As concentrações dentro dos índices de ações dos EUA significavam que qualquer ajuste de preço conduzido por IA teria um alto nível de repasse aos retornos dos investidores expostos ao índice agregado.” Traduzindo: risco de estouro da bolha, afetando todo o mercado financeiro.
A bolha das pontocom estourou no ano 2000. Após o índice Nasdaq Composite, de empresas de tecnologia, bater o recorde até então, em 10 de março de 2000, as empresas do índice entraram em queda livre e perderam 75% do valor até o final do ano. Mais de 500 empresas ligadas à internet quebraram.
O Banco da Inglaterra analisa os riscos para a economia global
- “Em diversas medidas, as avaliações do mercado de ações parecem sobrecarregadas, especialmente para empresas de tecnologia focadas em inteligência artificial (IA). Isso, combinado com a crescente concentração nos índices de mercado, deixa os mercados de ações particularmente expostos caso as expectativas em torno do impacto da IA se tornem menos otimistas.”
- “Houve algumas inadimplências de crédito notáveis no setor automotivo dos EUA desde a última reunião. Isso ressalta alguns dos riscos que o FPC já havia destacado em relação à alta alavancagem, padrões de subscrição fracos, opacidade e estruturas complexas.”
- “Os riscos associados a tensões geopolíticas, fragmentação global dos mercados comerciais e financeiros e pressões sobre os mercados de dívida soberana permanecem elevados. O risco de uma correção acentuada do mercado aumentou. A cristalização desses riscos globais pode ter um impacto significativo no Reino Unido como economia aberta e centro financeiro global.”
- “Apesar da persistente incerteza material em torno das perspectivas macroeconômicas globais, as avaliações de ativos de risco aumentaram e os spreads de crédito se comprimiram. As medidas de prêmios de risco em muitas classes de ativos de risco se estreitaram ainda mais desde a última reunião do FPC em junho de 2025.”
O Banco da Inglaterra também comenta a ameaça à independência do Federal Reserve (Fed, o BC estaduinidense). “Uma mudança repentina ou significativa nas percepções da credibilidade do Federal Reserve pode resultar em uma forte reprecificação dos ativos em dólar americano, inclusive nos mercados de dívida soberana dos EUA, com potencial para aumento da volatilidade, prêmios de risco e repercussões globais.”
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CEO da Nvidia adverte que os EUA ‘não estão muito à frente’ da China na corrida da IA
O CEO da Nvidia, Jensen Huang, disse nesta quarta-feira que os Estados Unidos “não estão muito à frente” da China na corrida pela inteligência artificial (IA), especialmente no que diz respeito ao setor de energia.
Conforme declarou em uma entrevista à CNBC, Huang se mostrou favorável à manutenção do visto H-1B, que permite que trabalhadores qualificados sejam contratados no exterior para que possam entrar nos Estados Unidos.
Em setembro passado, Donald Trump impôs um pagamento de US$ 100 mil para a concessão de cada um desses vistos, o que prejudicaria a atração de talentos, em geral, e de multinacionais, em particular. O objetivo do governo é incentivar a contratação de trabalhadores nativos.
Por outro lado, o CEO da Nvidia destacou que a demanda por seus chips Blackwell, integrados com IA, é muito alta, e adiantou que sua empresa está procurando startups para investir, em linha com o recente acordo assinado com a OpenAI por US$ 100 bilhões.
As ações da OpenAI tiveram valorização de 150% em 2025, alcançando um valor de mercado de US$ 500 bilhões.
“A demanda por Blackwells é realmente muito alta. Acho que estamos no início […] de uma nova revolução industrial”, disse Huang. Ele enfatizou que a demanda por computação de treinamento em IA aumentou “substancialmente” nos últimos seis meses.
Com informações da Europa Press















