BC mantém Selic e não reduzirá tão cedo

Taxa de juros Selic permanece em 10,5%, e BC avisa que juros seguirão castigando economia 'por tempo suficiente'

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Banco Central (Foto: Lúcio Távora/Ag. Xinhua)
Banco Central (Foto: Lúcio Távora/Ag. Xinhua)

O ambiente externo adverso, em função da incerteza sobre os impactos e a extensão da flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e sobre as dinâmicas de atividade e de inflação em diversos países, foi o argumento utilizado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central para manter a taxa de juros Selic em 10,5% ao ano. A decisão foi unânime.

“O Comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, segundo comunicado divulgado após a reunião.

Em relação ao cenário doméstico, o Copom avaliou que o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo maior do que o esperado. “A desinflação medida pelo IPCA cheio tem arrefecido, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes.”

Além de não reduzir os juros, o que mantém o Brasil entre os países com maiores taxas de juros reais, o Copom avisou que “a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno da meta. O Comitê se manterá vigilante e relembra que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.”

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“O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.”

“O Comitê monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal, junto com outros fatores, tem impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, acrescentou o comunicado do Copom.

Miguel Torres, presidente Nacional da Força Sindical, taxou a decisão de absurdo. “Continuamos reféns dos poderosíssimos interesses dos rentistas. Taxa em valores estratosféricos é um verdadeiro prêmio aos especuladores. Os juros continuam proibitivos, e o Brasil perde outra chance de apostar na produção, consumo e geração de empregos.”

“O pagamento de juros, por parte do governo, consome e restringe consideravelmente as possibilidades de crescimento do País, bem como os investimentos em educação, saúde, segurança e infraestrutura, entre outros. Ressaltamos que o movimento sindical irá continuar pressionando os tecnocratas do Copom visando queda drástica na Taxa Básica de Juros”, finalizou Torres, em nota.

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