BC mantém taxa Selic e conta de juros passará de R$ 600 bilhões

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Rapaz passando em frente à sede do Banco Central do Brasil (BCB)
Banco Central (foto de Lúcio Távora, Xinhua)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira, manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, como previsto. A decisão confirma a taxa de juros real brasileira (descontada a inflação projetada para o ano) como a mais alta do mundo, em 7,38%, quase 2 pontos superior à do segundo colocado (México, com 5,53%), de acordo com cálculos da Infinity Asset.

A manutenção tornará ainda mais salgada a conta de juros do governo este ano. Em 2022, os juros nominais do setor público consolidado alcançaram R$ 586,4 bilhões (5,96% do PIB), R$ 138 bilhões a mais que em 2021.

O mercado financeiro espera que os juros sejam mantidos em 13,75% até setembro, o que deverá elevar a conta de juros de 2023 para bem além de R$ 600 bilhões. Em comunicado, o BC disse que “o Comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período mais prolongado do que no cenário de referência será capaz de assegurar a convergência da inflação. O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.

O BC disse ainda que o conjunto dos indicadores mais recentes em relação à atividade econômica brasileira “segue corroborando o cenário de desaceleração esperado pelo Copom. Não obstante algum arrefecimento, tanto a inflação ao consumidor quanto suas diversas medidas de inflação subjacente seguem acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”.

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“O patamar de 13,75% da Selic já vinha sendo precificado pelo mercado. Agora, o foco será no tom da ata da autoridade monetária, principalmente porque o Boletim Focus desta semana mostra uma desancoragem fiscal muito grande para 2023 e 2024. Por isso, será importante entender se, de fato, é possível ter alguma perspectiva de corte nas taxas de juros nas próximas reuniões ou se a manutenção do aperto monetário ocorrerá por um tempo maior justamente para calibrar a inflação”, explica Bruna Centeno, economista e especialista em renda fixa da Blue3 Investimentos.

“É uma insensibilidade social dos tecnocratas do Banco Central que precisam sair do ‘Modo Acomodação’, privilegiando os especuladores e rentistas, e, entrar, rapidamente, no ‘Modo Contestação’, direcionado a economia para o crescimento econômico e geração de empregos”, protestou o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.

“Taxa de juros em patamares estratosféricos é mais uma forma de apertar e asfixiar os trabalhadores e o setor produtivo. O Banco Central perdeu uma ótima oportunidade para promover uma redução na taxa básica de juros, que poderia funcionar como um estímulo para a criação de novos empregos e para o aumento da produção no País”, complementa Torres.

Em relação a quem investe, a recomendação é o pós-fixado. “Por conta do risco fiscal ainda em andamento e Selic se mantendo em 13,75%, o foco são os títulos pós-fixados, principalmente aos investidores com horizonte de liquidez mais curto. Além disso, continuamos com movimento de curva de juros bem aberto, então há também um portfólio vasto de títulos pré-fixado e os títulos atrelados ao IPCA”, acrescenta Paulo Ricardo dos Santos, especialista em renda fixa da Blue3.

 

Matéria atualizada às 17h52 de 3/2/2023 para inclusão dos valores mais atuais dos juros reais

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