O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) atendeu aos apelos do mercado financeiro e elevou a taxa de juros básica Selic em 0,25 ponto percentual (pp), para 10,75%, na contramão do Fed (o BC dos EUA), que reduziu sua taxa em 0,5pp. A ata do Copom promete um ciclo de altas.
Dados do Banco Central mostram que um aumento de um ponto percentual na taxa Selic, por 12 meses, eleva a dívida bruta do Brasil em R$ 47,9 bilhões. Portanto, ao elevar em ¼ de ponto percentual, o BC elevou a dívida em R$ 11,975 bilhões. Considerando que a inflação dá espaço para uma redução da Selic em, ao menos, 0,25pp, o impacto da decisão do Copom pode ser estimado em R$ 23,95 bilhões.
A elevação mantém o Brasil com a segunda maior taxa de juros reais do planeta, com 7,33%, atrás apenas da Rússia (que está em conflito com a Ucrânia), que marca 9,05%, segundo a MoneyYou. Em terceiro vem a Turquia, com 5,47%.
A mudança na taxa básica de juros também afeta a relação entre dívida bruta e Produto Interno Bruto (PIB). Caso a taxa subisse em 1 ponto, essa relação subiria em 0,43pp. Portanto, o impacto na relação dívida/PIB pode ser projetado em 0,11pp, aproximadamente. A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) – que abrange Governo Federal, INSS e governos estaduais e municipais – atingiu 78,5% do PIB (R$ 8,8 trilhões) em julho de 2024, aumento de 0,7pp do PIB em relação ao mês anterior. Esse aumento decorreu principalmente dos juros.
O Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN) 26/2024 que trata do Orçamento de 2025, em tramitação no Congresso desde 30 de agosto, prevê um total de R$ 5,7 trilhões de receitas/despesas em 2025 e destina R$ 2,53 trilhões (44% do total) ao pagamento de juros e amortizações da dívida pública. O PLN prevê apenas R$ 167 bilhões de investimentos das empresas estatais, segundo a Auditoria Cidadã.