BCE avaliou evitar compromisso com mais compra de ativos

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Os membros do Banco Central Europeu (BCE) discutiram, na última reunião de política monetária, a possibilidade de mudar a linguagem usada para falar do programa de compra de ativos, abandonando a promessa de ampliar as compras se necessário. A ideia, no entanto, não foi aprovada diante das incertezas que rondam a inflação.

“Foi observado que a prudência ainda é necessária, uma vez que a expansão econômica ainda não se traduziu numa dinâmica mais forte de inflação, e um ajuste sustentado da trajetória da inflação em direção à meta ainda não pôde ser confirmado”, diz a ata do encontro.

Para os membros da instituição, a perspectiva de uma melhora sustentada na inflação requer paciência e os preços continuam vulneráveis a um aperto prematuro na política monetária. Por isso, e pelas incertezas ligadas a fatores globais, mudanças na linguagem sobre os próximos passos do BCE serão feitas de forma muito gradual.

Ao fim da reunião, realizada em 8 de junho, o BCE reiterou em seu comunicado que continuará comprando 60 bilhões de euros por mês em ativos até dezembro de 2017 e que o programa pode ser ampliado em duração ou em tamanho, se necessário, para colocar a inflação na meta – próxima, mas pouco abaixo, de 2%. O texto é o mesmo do comunicado anterior, de abril.

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O BCE mudou, por outro lado, a linguagem usada para falar sobre os futuros movimentos das taxas de juros, deixando de prever que elas podem cair ainda mais. O banco afirmou que os juros ficarão “nos níveis atuais por um extenso período”, enquanto o comunicado de abril dizia que os juros ficariam em níveis “iguais ou inferiores aos atuais”.

A ata justifica essa mudança na linguagem. “O viés de afrouxamento das taxas de juros havia sido introduzido para sinalizar a direção da resposta do BCE no caso de eventos muito severos que colocassem a meta de inflação em risco”, diz o documento. “Na atual conjuntura, a probabilidade de cenários muito adversos, como aqueles relacionados a riscos deflacionários, se dissiparam em grande medida”.

Com isso, embora os membros tenham concordado que a acomodação monetária ainda é necessária, a probabilidade de que medidas não-convencionais sejam necessárias – em especial, reduzir a taxa de depósito de -0,4% para valores ainda mais negativos – diminuiu consideravelmente.

Por fim, os integrantes do BCE se mostraram perplexos com o fato de que as projeções de inflação foram revisadas para baixo enquanto as projeções de crescimento aumentaram, já que o crescimento e a utilização da capacidade ociosa deveriam impulsionar os preços. Neste contexto, eles pediram cautela em relação às medidas de ociosidade, como a taxa de desemprego, que podem não estar refletindo recursos ainda inutilizados na economia.

 

Mercado europeu

 

Os principais índices do mercado de ações da Europa fecharam em baixa, pressionados pela divulgação da ata do BCE e por questões internacionais, que continuaram pesando sobre as negociações.  O índice FTSEurofirst 300 caiu 0,6%, a 1.496 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 0,67%, a 380 pontos, recuperando parte das perdas.

A exceção do dia foi Milão, que acelerou os ganhos no final da sessão e terminou o dia em alta apoiada no avanço do setor bancário. Mais cedo, o ministro italiano da Economia, Pier Carlo Padoan, descartou a existência de outros focos de crise no setor bancário após a liquidação de duas instituições financeiras do país e de uma injeção de recursos públicos banco no Monte dei Paschi di Siena.

Além da política monetária, também pesaram sobre as negociações as declarações do presidente norte-americano, Donald Trump. Em visita à Polônia, ele disse que alguma coisa precisa ser feita sobre o "mau comportamento" da Coreia do Norte e acrescentou que acredita que a Rússia pode ter interferido nas eleições norte-americanas.

Em Londres, o índice Financial Times recuou 0,41%, a 7.337 pontos. Em Frankfurt, o índice DAX caiu 0,58%, a 12.381 pontos. Em Paris, o índice CAC-40 perdeu 0,53%, a 5.152 pontos. Em Milão, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,69%, a 21.084 pontos. Em Madri, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,24%, a 10.498 pontos. Em Lisboa, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,66%, a 5.169 pontos.

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