Belluzzo diz que livre comércio com a China sepultaria a indústria

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Em meio à Cúpula dos Brics, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na última quarta-feira que Brasil e China estariam conversando a respeito do estabelecimento de um acordo de livre comércio. Dadas as primeiras repercussões negativas, Guedes voltou atrás e agora fala em aumentar a integração entre os dois países.

Para o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), “um acordo de livre comércio com a China acabaria de destruir a indústria brasileira”. A proposta, inclusive, encontraria resistência entre os representantes da indústria nacional.

Ao jornalista Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta quinta-feira, ele lembra que a indústria vem perdendo participação no PIB e nas exportações brasileiras desde o processo de abertura indiscriminada iniciado na década de 1980. Por outro lado, quase no mesmo período, a China se transformou na principal potência industrial do planeta, e hoje é líder em desenvolvimento tecnológico, em setores como a telefonia 5G, por exemplo.

Seria muito temerário fazer um acordo de livre comércio. O Brasil pode e deve ampliar as suas relações com a China. Não só comerciais, mas de investimento, assistência tecnológica, transferência de tecnologia”, afirmou o economista. Uma saída seria apostar em uma maior integração financeira por meio do Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como “Banco do Brics”.

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Ele classificou a concepção econômica do ministro da Economia, que defende uma economia concorrencial internacional, como ultrapassada, baseada num ideário neoliberal que está “morrendo”., como mostra a guerra tarifária entre China e Estados Unidos. Belluzzo defende que o Brasil deve buscar a integração internacional a partir da elaboração de um “projeto nacional de desenvolvimento, mas é preciso ter um projeto calcado na articulação com a economia global”.

O saldo comercial brasileiro este ano ficou 27,4% menor. Para Belluzzo, esses números também sinalizam a falta de capacidade do governo brasileiro de ampliar as suas relações no mundo. “O Brasil precisa se dar conta de que hoje Jair Bolsonaro se transformou num pigmeu no cenário internacional. Diplomatas de outros países muitas vezes acham graça ou estranho. É melhor mudar o tom, para que a gente ganhe um mínimo de respeito”, afirmou.

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