Nos últimos anos, a pauta do bem-estar dos colaboradores vem sendo amplamente discutida nas empresas. Hoje não é difícil encontrarmos nas organizações programas voltados à saúde física e mental, com academias corporativas, sessões de mindfulness e acesso a terapias que vem se tornando cada vez mais comuns, o que, sem dúvidas é um avanço.
Em contrapartida, existe um aspecto importante que deveria ter mais atenção: o bem-estar financeiro. Afinal, de nada adianta promover rodas de conversa sobre saúde mental se grande parte da equipe estiver perdendo o sono por não conseguir pagar as contas no fim do mês.
De acordo com dados recentes do Serasa, 43% da população adulta brasileira está inadimplente, o que corresponde a 73 milhões de pessoas. A ansiedade causada por dívidas, assim como o endividamento crescente entre jovens profissionais, têm impacto direto na performance de cada um. Nesse cenário, a ausência de educação financeira desde a base escolar é fator que gera baixa produtividade, falta de engajamento e altos índices de turnover.
Ignorar o bem-estar financeiro é como colocar um curativo em um corte profundo, porque não resolve a raiz do problema. É fundamental tratar o dinheiro como parte da saúde dos colaboradores, o que não significa apenas aumentar salários – embora uma remuneração justa seja importante. É importante criar iniciativas de apoio à educação financeira, com acesso a consultorias, ferramentas de planejamento.
Atualmente no ecossistema de inovação há diversas soluções que oferecem estratégias de gamificação, abrindo um leque de possibilidades para as empresas implementarem sistemas para os colaboradores. Quando aplicamos elementos de jogo à aprendizagem financeira, conseguimos não só engajar, mas também transformar comportamento dos usuários.
O assunto deixa de ser chato, complexo ou assustador e os colaboradores passam a se sentir protagonistas da própria vida financeira. As empresas que já entenderam isso colhem resultados incríveis que impactam diretamente na qualidade das entregas: clima organizacional mais leve, equipes mais produtivas e uma cultura de confiança.
Os líderes, portanto, precisam ampliar o conceito de bem-estar e incluir o financeiro como parte indissociável do equilíbrio emocional e físico. O dinheiro não deve ser um tabu no meio corporativo, porque é ele quem impacta diretamente nos ambientes.
Por fim, está na hora de mudar o jogo e nele o bem-estar financeiro precisa ser levado a sério, não apenas como um dos benefícios de apoio, mas sim como parte essencial no cuidado com as pessoas, que são o principal ativo das empresas. Afinal, não há saúde plena onde há preocupação constante com a próxima fatura.
Samir Iásbeck, CEO e fundador do Qranio, plataforma LMS/LXP customizável que auxilia empresas na criação de programas de treinamentos personalizados para seus colaboradores