Vendas online crescem e ajudam lojistas a sobreviver na pandemia

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Professor Lúcio Lage

O isolamento social trouxe impactos significativos para o comércio. Desde o inicio da pandemia, diversos estabelecimentos tiveram que se reinventar para se manterem no mínimo, no “modo sobrevivência”. Desde então, muitas companhias aceleraram a transformação digital para vender pela internet, impulsionando o processo do e-commerce em todo país.

De acordo com o estudo realizado pela Compre&Confie, divulgado no mês passado, o e-commerce brasileiro aumentou em 81% por conta da Covid-19, gerando um faturamento deR$ 9,4 bilhões em meados de junho e julho deste ano. Já em relação ao mesmo período do ano passado, o aumento foi de 98%.

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Ainda de acordo com o estudo, as categorias que tiveram o maior crescimento em volume de compras foram: Alimentos e Bebidas (aumento de 294,8% em relação junho/julho do ano passado), Instrumentos Musicais (+252,4%), Brinquedos (+241,6%), Eletrônicos (+169,5%) e Cama, Mesa e Banho (+165,9%).

A alta reflete principalmente no aumento do número de pedidos realizados durante o mês de julho. Ao todo, foi em torno de 24,5 milhões de compras online, o que representou um aumento significativo em relação a julho de 2019.

Ao mesmo tempo, uma análise individualmostra quais foram os produtos líderes de venda no mesmo período: Gel Antisséptico (+14221%), roupas de baixo para crianças (+6922%), Pijamas (+3874%), Toalha Infantil (+3791%) e Toalha de Mesa (+3574%).

Segundo análise do Professor Lúcio Lage, Doutorando em Saúde Mental pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPUB/UFRJ) e Pesquisador Colaborador do Laboratório Delete – Detox e Uso consciente de Tecnologias, também pertencente ao (IPUB/UFRJ), grandes impactos geram mudanças de comportamento humano como as que estamos assistindo devido ao isolamento social, mesmo que elas venham a ser temporárias. Na impossibilidade de sair de casa, pessoas menos habituadas aos recursos digitais tiveram que se superar e adotar as compras eletrônicas.

Em seu 6° livro “A vida após o novo coronavírus: novos comportamentos”, (www.barralivros.com) Lúcio revela que antes mesmo da pandemia ser decretada no Brasil, já vinha coletando material para pesquisa e observando a mudança de comportamento das pessoas — não apenas com relação aos novos hábitos protetivos de higiene, mas também, aos hábitos de compra e venda, de se relacionar, de trabalhar e algumas outras.

A seguir, Lúcio responde quatro perguntas sobre comportamento humano relacionado ao e-commerce no Brasil:

Quais os maiores entraves no Brasil para o e-commerce?

R.: Nossa infra-estrutura de telecomunicações ainda tem muito a melhorar. Além do crescimento das transações digitais que já vinha ocorrendo face as transformações digitais, o uso no isolamento social impôs mais carga nas redes, não só pelo e.commerce, mas também pelo home office, Ead e games mais utilizados durante estes tempos. O outro problema é a logística de entrega, ainda muito falha no Brasil.

Haverá diferenças no comportamento de compra entre as mulheres e homens pós-pandemia?

R.: As mulheres tem um perfil mais sensorial nas compras e precisam experimentar, combinar, vestir, tocar os produtos especialmente no caso de vestuário, para uma melhor avaliação e também pelo prazer da experiência de compra. Elas voltarão a comprar presencialmente reduzindo a demanda de e-commerce em relação ao período de isolamento, mas nunca reduzirá abaixo dos níveis antes da pandemia.

As pessoas trocarão plenamente a compra presencial pela online?

R.: Como dito anteriormente, as compras presenciais voltarão até em função das dificuldades de telecomunicações e logística mencionadas, além do fato de que muitas pessoas pretendem recuperar o prazer de sair, visitar lojas e comprar presencialmente. À medida que as etapas do processo de compra eletrônica melhorarem o prognóstico é de crescimento do e-commerce.

Sabemos que a compra através do e-commerce tende a ser mais rápida, neste caso, como podemos controlar a ansiedade ocasionada pela expectativa de espera de chegada do produto?

R.: O uso digital em geral estabelece padrões de velocidade nem sempre possíveis de manter e não se pode afirmar que o e-commerce será sempre mais rápido pelos motivos já descritos. Gerenciar ansiedade que é um dos transtornos psicológicos que mais crescem em todo o mundo, (o outro é a depressão) implica em aceitar as opções que são feitas e se preparar para os prazos da realidade atual das demandas. É difícil se controlar, porém é mais salutar a preparação para não iniciar o gatilho da ansiedade pelo retardo da entrega do seu produto, cuja probabilidade é alta de ocorrer.

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