A lavagem de dinheiro é uma técnica utilizada para omitir a fonte do dinheiro obtido por meio de atividades criminosas, mascarando a sua origem e fazendo com que pareça que o valor possui fonte legítima. Hoje, a lavagem de dinheiro envolve também o universo dos criptoativos. “Criminosos estão usando as criptomoedas por elas serem transfronteiriças, praticamente instantâneas e, em geral, com custo baixo de transação.
O tema é objeto de análise do relatório ‘Money Laundering and Cryptocurrency 2024 divulgado pela Chainalysis, plataforma de dados blockchain. O combate a esse tipo de crime necessita de uma abordagem internacional dos investigadores.
Em 2023, cerca de US$ 22,2 bilhões em criptomoedas foram lavados por criminosos. O volume representa uma queda de 30% na comparação com o recorde histórico de US$ 31,5 bilhões de 2022. Os dados são da Chainalysis. A empresa produz dados, softwares, serviços e pesquisas para agências governamentais, bolsas, instituições financeiras e empresas de seguros e segurança cibernética em mais de 70 países.
O relatório aponta as tendências utilizadas para lavagem de dinheiro no ecossistema cripto em 2024. Elenca os crimes e ativos que se destacam nessa modalidade. Os criptoativos que mais têm sido usados nesse tipo de transação criminosa são os Stablecoins por manter um valor estável.
Segundo a plataforma, desde 2019, quando o Grupo de Ação Financeira (Gaf)i emitiu orientações sobre execução das normas Antilavagem de Dinheiro (AML), órgãos reguladores de todo o mundo estão se alinhando a esses padrões para combater atividades criminosas. Segundo o relatório da Chainalysis, maus atores podem explorar lacunas regulatórias entre os países, o que mostra a importância de uma abordagem internacional para combater essa atividade.
As carteiras intermediárias representam cerca de 80% do valor total transacionado nos canais de lavagem. Cerca de 50% desses fundos é direcionado a exchanges centralizadas que recebem mais de US$1 milhão em volumes ilícitos. “Para impedir o rastreio das transações, além das carteiras intermediárias, os criminosos utilizam estratégias de ofuscação de criptoativos por meio de ferramentas que quebram o vínculo entre o destino e a origem do fundo, como os mixers, privacy coins e as pontes.
De acordo com a Chainalysis , graças ao aumento dos investimentos em compliance, incluindo a implementação de medidas rigorosas de KYC (conheça o seu cliente) e AML (anti-lavagem
de dinheiro), as exchanges e as agências de aplicação da lei podem impedir que criminosos saquem seus ganhos.
Facilidade
De acordo com o relatório, os criminosos estão usando criptomoedas porque as operações podem ser difíceis de rastrear sem uma investigação apropriada, o que também pode dificultar o monitoramento das movimentações. Os lavadores de dinheiro fiduciário estão migrando para as criptomoedas com métodos semelhantes aos tradicionais, como o uso de diversas carteiras intermediárias para evitar a ligação entre os fundos e a origem.
Existem algumas ações fundamentais às quais instituições financeiras precisam seguir para a prevenção à lavagem de dinheiro on-chain – regras estabelecidas pelo Grupo de Ação Financeira (Gafi/FATF). As medidas Antilavagem de Dinheiro (AML), por exemplo, incluem a identificação de clientes e o monitoramento de transações e a Travel Rule (Regra de viagem em tradução livre), que exige que as instituições compartilhem dados do originador e do beneficiário das transações acima de determinado limite.
No caso das stablecoins como Tether e USDC, as próprias entidades emissoras conseguem rastrear e gerenciar suas transações, facilitando o monitoramento e identificação de atividades suspeitas. A Tether, por exemplo, informou à Chainalysis que congelou cerca de 1600 endereços associados a atividades ilícitas, num valor aproximado de 1.500.000.000 USDT (USDT é um token digital criado pela empresa Tether considerado estável e atrelado ao dólar americano (USD)). Só para ter uma ideia do valor em real. Nesta quinta-feira, 1 USDT valia R$ 5, 45.