As altas taxas de juros nos EUA devem se manter nos próximos cinco anos. A avaliação é de Jean Boivin, diretor do BlackRock Investment Institute e ex-vice-presidente do Banco do Canadá, em entrevista ao Financial Times no final da semana passada.
O diretor da maior gestora de ativos do mundo acredita que “5,5% dos rendimentos de longo prazo de 10 anos nos EUA é o nível que parece consistente com o cenário macro nos próximos cinco anos”.
Bovin não está convencido de que os bancos centrais chegaram ao fim do ciclo de aumentos das taxas de juros: “Vemos a inflação numa montanha-russa: caindo agora, mas começando a se estabilizar algum tempo depois do próximo ano.”
Com altas taxas de juros nos EUA durante cinco anos, o impacto nos orçamentos governamentais será forte: o serviço da dívida dos EUA consumirá cerca de 14% do orçamento. “Essa soma é maior do que a quantia que o país gasta no Medicare, o plano de saúde para aposentados financiado pelos contribuintes”, comparou o diretor da BlackRock na entrevista.
“Acho que isso colocará uma pressão significativa sobre os governos e os EUA”, disse Boivin. “As implicações fiscais destas taxas serão uma grande história – não creio que ainda tenha sido digerida pelos mercados ou pelos governos”.
Dívida quadruplica, e não foram as altas taxas de juros nos EUA
Entre 2007 e 2023, a dívida norte-americana quadruplicou, de US$ 8 trilhões para US$ 33 trilhões. Em 2007, os EUA detinham 5% da dívida mundial total; em 2023, passava de 10% do total.
Isso porque, no mesmo período de 16 anos, a dívida mundial de todos os tipos cresceu menos que nos EUA: de US$ 150 trilhões para US$ 310 trilhões – duplicou, portanto.
Não foram os juros que levaram a esse crescimento. Ao longo deste período, as taxas de juro estiveram próximas de zero durante a maior parte do tempo – após a crise de 2007/2008, só viriam a aumentar a partir de março de 2022.
Mas os bancos centrais – a começar pelo norte-americano Federal Reserve (Fed) – inundaram os mercados de dinheiro barato para impedir quebras e tentar reanimar a economia, no chamado “quantitative easing”.
As altas taxas de juros nos EUA e em outros mercados causa “perdas ainda não realizadas” nas contas dos bancos, uma vez que o preço das antigas obrigações com juro quase zero que detêm seria drasticamente reduzido se fossem vendidas no ambiente atual de 5,33% (taxa média).
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