O setor de etanol também foi impactado economicamente com a pandemia do novo coronavírus com a redução do consumo. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) destinará R$ 1,5 bilhão ao setor com um programa de crédito para capital de giro vinculado à estocagem de cana-de-açúcar como garantia. Além disso, uma ação conjunta com bancos comerciais o valor poderá ser elevado para mais de R$ 3 bilhões. O volume de recursos do banco de fomento foi decidido na última quinta-feira.
“Como incentivo à preservação dos empregos, as companhias apoiadas não poderão reduzir seu quadro permanente de pessoal durante dois meses. Além disso, as que mantiverem ou aumentarem os postos de trabalho nos próximos 12 meses terão um custo mais barato”, informou o BNDES.
Segundo o banco de fomento, para ampliar o volume de recursos direcionados ao setor, a atuação da instituição se dará em conjunto com bancos comerciais. Em cada financiamento, esses bancos comerciais terão de oferecer pelo menos o mesmo valor do BNDES. “A medida dará fôlego às usinas para enfrentarem o período e diminuirá o risco de desabastecimento energético no momento de reaquecimento econômico”, destacou o banco.
Com dotação de R$ 1,5 bilhão, o Programa BNDES de Apoio ao Setor Sucroalcooleiro disponibilizará crédito entre R$ 10 milhões e 200 milhões, limitados a 50% do valor do financiamento, e estará disponível para empresas, cooperativas e empresários individuais com receita operacional bruta igual ou superior a R$ 300 milhões. O financiamento poderá ser obtido diretamente com o BNDES, de forma indireta – via agentes financeiros – ou mista. A ação conjunta com bancos comerciais pode elevar o apoio ao setor, portanto, a mais de R$ 3 bilhões.
O prazo de pagamento é de até dois anos, com carência que pode chegar a 12 meses. O estoque de combustível poderá ser apresentado como garantia dos empréstimos. Os pedidos poderão ser protocolados até 30 de setembro.
A cana-de-açúcar é a segunda maior fonte da matriz energética brasileira, com 16% de participação. Além de suprir 70% da frota nacional de automóveis – contribuindo para uma menor dependência do mercado externo de petróleo –, o combustível reduz em até 90% as emissões de gás carbônico em comparação à gasolina e ao diesel.
Empregos
O setor é responsável por 1 milhão de empregos no interior do país e pela geração de US$ 10 bilhões em exportações por ano. Uma pesquisa realizada pelo IBRE/FGV em março aponta o mercado de petróleo e biocombustíveis como o mais afetado pela crise.
Os biocombustíveis sofreram com a diminuição de consumo superior a 30% e também com a queda no preço internacional do petróleo – o que tornou o etanol menos competitivo. Além disso, as empresas sucroalcooleiras enfrentam um momento de caixa baixo por conta do início do período da safra, que vai de abril a dezembro.