Boas expectativas para o dia

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Alvaro Bandeira (foto divulgação)
Alvaro Bandeira (foto divulgação)

Ontem a Bovespa mostrou boa recuperação terminando o dia com alta de 1,57%, índice em 119.564 pontos e dólar em queda de 1,21%, com a moeda cotada em R$ 5,36. Isso mesmo com todos os ruídos produzidos pela CPI da Covid-19 e com a reforma tributária andando para trás. O comportamento positivo pode se estender também para esta quinta-feira.

Hoje, mercados começando aparentemente com realizações de lucros recentes e aguardando a decisão do BoE (o Banco Central inglês) sobre política monetária. A decisão veio dentro do esperado, com manutenção da taxa de juros em 0,10% e flexibilização monetária com compra de ativos de 895 bilhões de libras. A libra se valoriza frente ao dólar. A Turquia também manteve a taxa básica de juros em 19%.

Aqui, ontem o Copom elevou a taxa Selic em 0,75%, como esperado para 3,50% e sinalizou nova alta de 0,75% para a reunião de junho. Mas o comunicado ficou no meio do caminho entre duro e suave, diferente do esperado endurecimento.

Os mercados da Ásia encerraram majoritariamente com altas (Xangai em ligeira queda e Tóquio com alta de 1,80% na volta de feriado prolongado). Europa abrindo em alta, passando para negativo e voltando para alta neste início de manhã. Futuros do mercado americano transitando em alta. Aqui, podemos esperar recuperação da faixa de 120 mil pontos, quando teríamos maior consistência de movimento.

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Na Alemanha, as encomendas à indústria registraram expansão em março de 3%, quando o previsto era +1,7%. Na Zona do Euro, as vendas no varejo de março cresceram 2,7%, de previsão de +1,6%. No Reino Unido, o PMI de serviços de abril subiu para 61 pontos, no maior patamar desde 2013, e o composto com alta para 60,7%.

A União Europeia quer endurecer as regras de investimento de estrangeiros e ampliar autonomia, de certa forma visando a China e seu poderio econômico. No mercado internacional, o petróleo WTI, negociado em NOVA IORQUE, mostrava queda de 0,58%, com o barril cotado a US$ 65,25. O euro era transacionado em US$ 1,204 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,58%. O ouro e a prata com altas na Comex e commodities agrícolas também com altas na Bolsa de Chicago.

Aqui, a Câmara aprovou ontem o Pronampe, permanente para pequenas e microempresas, e a loteria da saúde para financiar o SUS. Já a frente favorável a reforma tributária tenta evitar o fatiamento pretendido pelo presidente da Câmara, Arthur Lira. A FGV divulgou o indicador antecedente de emprego em alta de 1,6 ponto, para 78,7 pontos.

Bolsonaro voltou a criticar o lockdown (confinamento) dizendo que pode editar decreto com base no Artigo 5º da Constituição e criticou a China pelo vírus falando em guerra química. Depois tentou relativizar as críticas sobre nosso maior parceiro comercial.

Ontem, mesmo com todos os ruídos provocados pelos depoimentos na CPI da Covid-19 e também com a leitura do relatório da reforma tributária, além da dissolução da comissão pelo presidente da Câmara, ainda assim o mercado local quase esbarrou novamente no patamar de 120 mil pontos, batendo na máxima do dia em 119.733.

No exterior, novamente preocupação com os recordes seguidos de óbitos na Índia e com a necessidade de ajuda externa e investimentos para debelar a pandemia. Já no resto do mundo, o tema central passou a ser se os maiores bancos centrais irão acelerar ajustes na flexibilização monetária e elevação dos juros em prazos mais encurtados.

Charles Evans, do Fed de Chicago, disse ser preciso mais agressividade para evitar a inflação espremida do Japão e da Europa, fazendo fé que pode andar algum tempo acima da meta de 2%. Loretta Mester, do Fed de Cleveland, declarou que a recuperação está claramente em andamento, com boas perspectivas e espera expansão do PIB entre 6% e 7%.

Ainda nos EUA, foi anunciada a nova pesquisa ADP sobre criação de vagas no setor privado em abril, ficando um pouco aquém do previsto, com 742 mil vagas criadas, quando o esperado eram 800 mil. O PMI do segmento de serviços subiu para 64,7 pontos em abril, e o composto em alta para 63,5 pontos. O ISM de Chicago caiu para 62,7 pontos. Os estoques de petróleo declinaram na semana 8 milhões de barris, mas mesmo assim o WTI acabou revertendo de alta para queda.

No mercado internacional, o petróleo WTI, negociado em NOVA IORQUE, mostrava queda de 0,58%, com o barril cotado a US$ 65,31. O euro era transacionado em US$ 1,20 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,577%. O ouro em alta e a prata próxima da estabilidade e commodities agrícolas com desempenho de alta na Bolsa de Chicago.

No cenário local, a CPI da Covid-19 provocou ruídos com o depoimento de Teich, que disse ter saído pela insistência no tratamento com cloroquina e afirmando não saber da produção desse medicamento pelo exército. Já Bolsonaro, tentando tirar o foco abriu nova polêmica com a China, perguntando “que país cresceu o PIB”, e usando a teoria da conspiração falou em guerra química ou biológica. Acrescentou que pode soltar decreto liberando o isolamento, com base no artigo 5º da Constituição, mas que não gostaria de fazer, pois, seria cumprido.

Na economia, o IBGE anunciou a produção industrial de março com queda de 2,4%, menor que a prevista e contra igual período de 2020 com +10,5%. No ano, a produção industrial cresceu 4,4%, mas em 12 meses mostra queda de 3,1%. Destacamos bens de capital em março com contração de 6,9%, mas crescendo sobre igual período 29,6%. Bens de consumo encolheu 11% em março e veículos puxou a queda com -8,4%. A média móvel trimestral mostrou queda de 1%. Tivemos efeitos da piora da Covid-19 e também da falta de suprimentos interrompendo a produção.

Já o BC anunciou o fluxo cambial de abril com ingressos de US$ 4 bilhões, em boa parte produzido pelo saldo da balança comercial, já que o fluxo financeiro foi positivo somente em US$ 488 milhões. No ano de 2021 o fluxo cambial está positivo em US$ 12,7 bilhões. Os bancos terminaram o mês vendidos em US$ 16,9 bilhões, quando no final de dezembro estavam vendidos em US$ 35 bilhões. A posição cambial líquida fechou o mês em US$ 273,4 bilhões.

No mercado, a quarta-feira foi dia de dólar novamente em queda de 1,21% e cotado no fechamento em R$ 5,36. Na Bovespa, na sessão do último dia 3, os investidores estrangeiros voltaram a ingressar com recursos no montante de R$ 288,7 milhões, deixando o ingresso líquido do ano de 2021 em R$ 19,5 bilhões. No mercado acionário, dia de Bolsa de Londres com alta de 1,68%, Paris com +1,40% e Frankfurt com +2,12%. Madri e Milão com altas de respectivamente 1,56% e 2,03%. No mercado americano, o Dow Jones com +0,28% (recorde) e Nasdaq com -0,37%. Na Bovespa, dia de alta de 1,57% e índice em 119.564 pontos, com destaque positivo para as ações de Petrobras e Itaú.

A agenda do dia tem condição de mexer com os mercados, assim como a safra de resultados do primeiro trimestre que está saindo. Porém, a expectativa é de Bovespa buscando patamar mais elevado, dólar mais fraco e juros longos ainda pressionados.

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Alvaro Bandeira

Sócio e economista-chefe do Banco Digital Modalmais

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