Com o payroll no radar dos investidores, bolsas operam em tom positivo, com os resultados acima do consenso de Adidas e Apple se contrapondo aos temores com o setor bancário americano, após fortes quedas de ontem. Juros negociam de lado e dólar tem leves quedas, com o franco suíço liderando os ganhos. Nas commodities, sessão mista, com metálicas em queda, enquanto agrícolas e petróleo sobem. Por aqui, em dia sem agenda relevante, os investidores devem digerir os resultados de ontem, com destaque para Bradesco, enquanto esperam pelos dados de emprego nos EUA. Para a abertura, Ibovespa e câmbio devem operar positivos, apoiados pelo clima global de menor aversão a risco e pela continuidade da queda das taxas de juros locais.
Ásia: em dia sem negócios na Coréia e no Japão, bolsas fecharam mistas, após PMI da China abaixo do esperado. Na China, o PMI de serviços caiu de 57,8 para 56,4 pontos (exp 57,3) em abr/23. O NDRC declarou que irá aumentar o crédito para apoiar projetos privados de investimento. No domingo, ata do BoJ às 20h50 e PMI de serviços do Japão (abr/23) às 21h30.
Europa: com Adidas liderando as altas, após resultado acima das expectativas, bolsas sobem, puxadas pelo alívio em NY, apesar de dados ruins nesta manhã. Na Alemanha, encomendas à indústria pior que o consenso (exp -2,2%), capotando 10,7% (-11% a/a) em mar/23. Na França, produção industrial abaixo do consenso (exp -0,3%), caindo 1,1% (0,5% a/a) em mar/23. Na zona do Euro, o PPI caiu 1,6% (exp -1,7%) em mar/23, somando 5,9% em 12 meses, mínima desde mai/21. O BCE subiu as taxas básicas de juros em 0,25% (exp 0,25%), com a taxa de depósito indo de 3% para 3,25%, com o comitê antecipando mais altas, dependente dos próximos dados, até atingir um patamar restritivo e pelo tempo que for necessário, devido à persistência de pressões inflacionárias. Hoje, vendas no varejo da zona do Euro (mar/23) às 6h. Caixabank (Espanha), Intensa Sanpaolo (Itália) e Thales (França) divulgam resultados.
EUA: o resultado forte de Apple ontem baliza a melhora dos índices futuros nesta manhã, contrapondo os temores com o setor bancário. Déficit comercial de $64,2 bi (exp -$63,1 bi) em mar/23, com exportações de $256,2 bi (5,0% a/a) e importações $320,4 (-8,6% a/a), acumulando $1,11 tri (-4,2% do PIB). Os pedidos de seguro-desemprego subiram de 229 para 242 mil (exp 240) na semana passada. Na agenda, payroll (abr/23) às 9h30 e crédito ao consumidor (mar/23) às 16h. Bullard (Fed St. Louis, não vota) e Kashkari (Fed Minneapolis, vota) falam às 11h45, Cook (FRB, vota) às 14h.
Brasil: em dia negativo para as bolsas em NY, em meio a temores com a saúde financeira dos bancos americanos, e percepção de um Copom menos hawkish e dados positivos de produção da Petrobras levaram à alta no Ibovespa, fechando em 102.174 pontos (0,37%), com ações de consumo liderando as altas. Nos juros, o ambiente de aversão a risco global, a queda recente das commodities e a percepção de proximidade do ciclo de cortes de juros levaram à queda na curva de DI futuro, com o miolo da curva caindo cerca de 5 pontos. No câmbio, a percepção de um FOMC mais dovish foi compensada pela piora nos termos de troca, com o dólar fechando próximo da estabilidade, aos R$4,99 (-0,01%).
O PMI de serviços subiu de 51,8 para 54,5 pontos (-6,1% a/a) em abr/23, máxima em 9 meses, fazendo o PMI composto subir de 50,7 para 51,8 pontos (-6,7% a/a), máxima em 6 meses. Segundo o Broadcast, o governo estuda transferir Galípolo (SPE) para o BCB no fim de 2023. Cajado (Câmara), relator do arcabouço fiscal, afirmou que os parâmetros de crescimento das despesas devem ser mantidos e que o governo precisará de receitas entre R$100 e R$120 bi para deixar o plano em pé. Haddad (Fazenda) afirmou que após a aprovação do arcabouço fiscal será preciso encarar a reforma tributária FGV divulga IVAR (abr/23) às 8h. GetNinjas e Vivara divulgam resultados após fechamento.
Nicolas Borsoi é economista-chefe da Nova Futura Investimentos