Em semana de PMIs, ata do Fomc e segunda prévia do PIB dos EUA, as Bolsas próximas da estabilidade, na contramão das fortes altas na Ásia, com os investidores monitorando as negociações do teto da dívida americana, após Kevin McCarthy (republicano) declarar que as conversas desandaram após a viagem de Joe Biden ao Japão. O clima de cautela pesa nas commodities, com minério sendo destaque de queda, o que junto das falas dovish de Jerome Powell e companhia na sexta, leva a quedas nas taxas de juros. Nas moedas, dólar opera sem direção definida. Aqui, os destaques da semana são o IPCA-15 e a votação do arcabouço fiscal na Câmara, mas a semana começa com agenda tranquila. A queda das commodities e o clima cauteloso em Nova Iorque deve levar à abertura negativa no Ibovespa, enquanto juros devem abrir para baixo, apesar do tom duro de Campos Neto na sexta-feira.
Na Ásia, apesar da agenda vazia e do clima de cautela global, Bolsas fecharam em alta, seguindo o momentum positivo da última semana. Na China, o PBoC 9º BC do país) manteve as taxas básicas de juros em 3,65% (um ano) e em 4,30% (cinco anos). O governo baniu a Micron de vender semicondutores a companhias chinesas. No Japão, encomendas à indústria pior que o consenso (ante expectativa de 0,7%), capotando 3,9% (-3,5% a/a) em março de 2023. Na agenda, confiança do consumidor na Coréia (maio de 2023) às 18h e PMIs (maio de 2023) da Austrália às 20h e do Japão às 21h30.
Na Europa, em linha com a dinâmica em Nova Iorque, Bolsas operam em leve queda, em manhã sem grandes novidades no noticiário. Christine Lagarde disse que o BCE precisa se preparar para levar a inflação à meta e que será necessário sustentar taxas de juros altas. Isabel Schnabel (também do BC europeu) afirmou que a instituição tem que fazer o que for necessário para trazer a inflação de volta à meta e que os juros ficarão restritivos o tempo que for necessário. Hoje, na Zona do Euro, volume de construções (de março) às 6h e confiança do consumidor (de maio) às 11h. Luis De Guindos (BCE) fala às 6h, Robert Holzmann (OeNB) às 8h30 e Philip Lane (BCE) e François Villeroy de Galhau (Banque de France) às 11h15.
Nos EUA, as declarações de McCharthy no fim de semana sugerindo que as negociações mudaram de rumo após a viagem de Biden para a Ásia, leva à abertura negativa para os futuros. Neel Kashkari (Fed Minneapolis, vota) declarou que está aberto a possibilidade de o Fomc ser mais lento e que, apesar de não acreditar que o ciclo de juros acabou, uma pausa pode ser apropriada. Powell (Fed, vota) disse que o Fed foi longe no aperto da política monetária, que as incertezas atuais exigem que cautela do Fed para analisar a conjuntura e que os juros podem não subir tanto quanto antecipado devido à crise dos bancos. John Williams (Fed NY, vota) afirmou que a pandemia não acabou com a era de juros baixos e que, em sua visão, o juro neutro está de volta ao patamar pré-pandemia. James Bullard (Fed St. Louis, não vota) fala às 9h30, Tom Barkin (Fed Richmond, não vota) e Raphael Bostic (Fed Atlanta, não vota) às 11h50 e Mary Daly (Fed São Francisco, não vota) às 12h. Leilões de T-Bills (três e seis meses) às 12h30.
Aqui no Brasil, dia de descolamento do mercado local, com Nova Iorque fechando em queda, o IBC-Br acima das expectativas e as altas de ações sensíveis à taxa de juros impulsionaram o Ibovespa, que fechou aos 110.744 pontos (0,58%). Na semana, a Bolsa subiu 2,10%. Apesar da queda global na moeda americana, após fala dovish de Powell e avanços nas negociações em Washington, o real sentiu a correção do rali recente e o dólar fechou aos R$ 4,99 (0,56%). Na semana, o dólar subiu 1,46%. Nos juros, o alerta de Campos Neto aos elevados níveis dos núcleos de inflação, o IBC-Br e a alta das taxas americanas, com os investidores reprecificando o ciclo de juros do Fed, pesaram sobre a curva de DI futuro, com os vértices curva subindo cerca de 5 pontos. Na semana, a curva fechou próxima à estabilidade.
Refletindo o menor ímpeto do consumo de serviços e devolvendo parte da forte alta do mês anterior, o IBC-Br caiu 0,1% (5,5% a/a) em março, fechando o 1T23 com expansão de 2,4%. O índice de confiança da construção da CNI subiu de 50,0 para 51,9 pontos (-7,7% a/a) em abril, máxima em seis meses. Na agenda, boletim Focus (19 de maio) às 8h25, monitor do PIB da FGV (março) às 10h e balança comercial (também do dia 19) às 15h.
Ótima segunda-feira!
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Nicolas Borsoi
Economista-chefe da Nova Futura Investimentos
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