As tarifas impostas por Trump ao aço brasileiro podem ter pequeno impacto na economia do Brasil, mas o mesmo não se pode dizer quando se analisa em relação a cada estado. Os EUA representaram, em 2024, 12% das exportações brasileiras e 15,5% das importações. Em alguns estados, aparecem como destino número 1 das vendas externas do Brasil; este é o caso de São Paulo, estado cujo governador, o bolsonarista Tarcísio de Freitas, apareceu em público comemorando a posse de Trump usando um boné com a frase “Make America Great Again”, lema do presidente norte-americano.
O texto “Uma breve análise do comércio bilateral Brasil–EUA e a dependência dos estados brasileiros”, publicado pela Fipe e abordado nesta coluna anteontem, faz um levantamento da importância dos EUA no comércio exterior dos estados brasileiros. O estudo é de autoria de Carlos Nathaniel Rocha Cavalcante, mestre em Teoria Econômica pela FEA-USP, e Rodrigo De Losso, professor titular da FEA-USP e pesquisador da Fipe.
Os EUA de Trump aparecem como principal destino das exportações (em 2024) de Santa Catarina, Espírito Santo, Paraíba e Ceará, além de São Paulo. Como 2º destino, em 8 estados (RJ, MG, RS, PR, PE, SE, MS e GO); como 3º, em 4.
O Ceará é o estado com maior participação dos EUA nas exportações: 44,9%. E as tarifas de 25% sobre aço (e alumínio) afetam fortemente a indústria cearense, já que 38,3% das suas exportações são provenientes do setor siderúrgico.
Em São Paulo, com economia mais diversificada, as tarifas de Trump sobre produtos siderúrgicos têm menos efeito. Mas quando ele aumentar tarifas de outros produtos industriais, o bolsonarista Tarcísio de Freitas continuará aplaudindo? E o que dirão os empresários paulistas?
Construção naval não é tabu… nos EUA
Editorial de 6 de março do Wall Street Journal analisou, sem qualquer crítica contundente, a decisão do presidente Donald Trump, anunciada em didcurso ao Congresso no dia 4, de retomar a indústria de construção naval norte-americana como sendo uma estratégia de governo frente a perda de mercado para os estaleiros orientais. “A retomada da construção naval é bem-vinda, mas necessitará de dinheiro e aliados”, destaca o jornalão.
“O mais interessante é que a política pública por lá anunciada torna a brasileira, algumas vezes questionada, extremamente tímida!”, salienta Wagner Victer, ex-secretário de Indústria Naval do Rio de Janeiro. “Vale acompanhar os movimentos da política industrial norte-americana, pois em breve estarão até importando, dando Green Card, a engenheiros navais brasileiros.”
‘Si hay gobierno (Lula), soy contra’
Para a mídia, a economia brasileira se comporta assim: o que é ruim é culpa do governo Lula; o que é bom acontece apesar do governo Lula.
Rápidas
Estão abertas as inscrições da 2º Olimpíada Brasileira de Administração (OBAdm). Organizada pelo CRA-RJ, com o tema “Gestão da sustentabilidade nas organizações”, a olimpíada é voltada para estudantes dos ensinos médio, superior e profissionais de todo o país. Inscrições aqui até 30 de maio *** O Conselho Regional de Contabilidade SP (CRCSP) e o Instituto Paulista de Contabilidade (IPC) assinaram nesta sexta-feira convênio voltado ao desenvolvimento profissional dos contadores paulistas.