Bolsonaro mente na ONU

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Após mais um vexame na ONU, Jair Bolsonaro está sendo chamado de "mentiroso" nas redes, com publicações desmentindo as fake news ditas por ele durante discurso hoje na 75ª Assembleia Geral nas Nações Unidas. As informações são do Diário do Centro do Mundo. Tradicionalmente, é o Brasil quem abre as assembleias da organização. Por causa da pandemia do novo coronavírus, a edição deste ano é virtual.

Ainda segundo o Diário do Centro do Mundo, "Entre outros absurdos, Bolsonaro disse que 'caboclos e índios' estão causando desmatamento, afirmou que o governo deu US$ 1 mil de auxílio emergencial para a população, e pediu apoio da comunidade internacional no combate à 'cristofobia', além de culpar a imprensa pela 'desinformação' sobre a pandemia de coronavírus. Tudo em menos de 15 minutos."

"Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente, nos mesmos lugares, no entorno leste da Floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas."

E encerrou dizendo: "Faço um apelo a toda a comunidade internacional pela liberdade religiosa e pelo combate à cristofobia. O Brasil saúda também o Plano de Paz e Prosperidade lançado pelo Presidente Donald Trump, com uma visão promissora para, após mais de sete décadas de esforços, retomar o caminho da tão desejada solução do conflito israelense-palestino. A nova política do Brasil de aproximação simultânea a Israel e aos países árabes converge com essas iniciativas, que finalmente acendem uma luz de esperança para aquela região. O Brasil é um país cristão e conservador e tem na família sua base."

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Segundo a Oxfam Brasil, "O mundo precisa da verdade para superar seus desafios, afirmou Bolsonaro. No entanto, em pouco mais de 15 minutos de fala, o que o presidente brasileiro descreveu não condiz com os fatos que estamos vivenciando no país, e com o sofrimento de milhões de brasileiros e brasileiras."

De acordo com Katia Maia, diretora-executiva da organização, "o governo atual se especializou em disseminar o 'pós-verdade' para eximir-se da responsabilidade pelos graves problemas que o país enfrenta, e isso em nada contribui para que tenhamos as soluções necessárias".

"As queimadas que destroem a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal não podem ser colocadas na conta dos povos tradicionais dessas regiões como afirmou o presidente Bolsonaro. O governo brasileiro pouco ou nada fez para garantir os recursos e ações necessárias para o combate aos crimes ambientais que vêm sendo cometidos nos principais biomas nacionais. Também não é fato que o Brasil seja um exemplo de respeito aos direitos humanos quando regularmente são relatadas inúmeras ameaças e violência contra os povos indígenas, as comunidades quilombolas, as populações ribeirinhas, lideranças campesinas, população LGBTQIA+, mulheres e população negra. Os movimentos sociais e as organizações da sociedade civil estão tendo seus espaços de atuação cada vez mais reduzidos e negados. Os direitos humanos parecem só valer quando o assunto é Venezuela, numa estratégia casada aos interesses dos EUA na região", diz a Oxfam, para quem "a exaltação do agronegócio e das exportações agrícolas nacionais, afirmando que o Brasil garante a segurança alimentar de um bilhão de pessoas no mundo, beira o deboche quando confrontamos a afirmação com a realidade. O governo Bolsonaro dissolveu o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), reduziu ou eliminou importantes programas vinculados à segurança alimentar e o resultado é que o país está retornando ao Mapa da Fome mundial."

"O Brasil é um país diverso, com uma riqueza natural inigualável, que costumava ter na sua diplomacia os valores da solidariedade, do respeito aos direitos humanos, da construção do consenso e do respeito a outras nações. O Brasil é uma república onde o Estado é laico e onde deve haver espaço para todos os credos e religiões. Isso é inegociável!", diz Katia Maia.

Já o secretário-geral da entidade, António Guterres, afirmou que a pandemia expôs fragilidades e desigualdades pelo mundo. O secretário-geral propôs, como já havia feito em março – início da pandemia -, que haja "um fim na doença da guerra para que possamos lutar contra a doença que devasta nosso planeta."

António Guterres fez ainda um apelo contra o que chamou de uma nova Guerra Fria. "Nosso planeta não pode bancar um futuro onde as duas maiores economias dividiram o globo, cada uma com suas próprias regras financeiras e de comércio, com capacidades de internet e inteligência artificial diferentes", ponderou.

Guterres afirmou que deve haver um esforço conjunto, em escala global, para cessar crescentes violações de direitos contra meninas e mulheres. "Existe uma guerra secreta contra as mulheres. Prevenir e terminar o conflito requer a mesma quantidade de recursos e compromissos investidos em outras formas de guerra."

O representante da ONU solicitou que haja um novo "contrato global", de vários termos, que dê fim ao racismo, à exclusão, à descriminação e estabeleça o acesso universal à saúde. Segundo ele, um projeto de "renda básica universal" também deve estar no centro dos interesses da comunidade global.

Sobre o clima e o meio ambiente, pautas recorrentes e estratégicas da ONU, o secretário-geral solicitou que todos os países-membros zerem as emissões de carbono até 2050. O secretário informou que o novo "contrato global" proposto pelo órgão também vai tratar da distribuição igualitária do poder, riquezas e oportunidades.

Como alerta, Guterres informou que há conhecimento de países que estão fazendo negociações bilaterais sobre o desenvolvimento de vacinas em prol exclusivamente de suas próprias populações. "Nenhum de nós está seguro enquanto todos não estiverem seguros. Devemos assegurar que o mundo em desenvolvimento não caia na ruína financeira, pobreza crescente e crise de débito. Precisamos de compromisso coletivo nessa queda vertiginosa" argumentou.

 

Com informações da Agência Brasil e do Diário do Centro do Mundo

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