Bolsonaro pressionado

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Jair Bolsonaro (Foto: Valter Campanato/ABr)
Jair Bolsonaro (Foto: Valter Campanato/ABr)

O mês de março começa com o presidente Jair Bolsonaro pressionado por recordes de óbitos pela Covid-19 e ainda sem definição sobre auxílio emergencial.

Antes disso, a semana passada foi bastante ruim para os mercados de risco no mundo, e péssima para os mercados locais. Aqui, a Bovespa perdeu no período, 7,08%, com índice fechando em 110.035 pontos, dólar terminando cotado a R$ 5,065 e em alta de 4,08%, mesmo com intervenções do BC vendendo moeda à vista em montante pouco superior a US$ 3 bilhões. O Nasdaq também teve forte pressão sobre as ações de tecnologia e terminou o período com queda de 4,91%.

No mundo, a alta dos juros dos treasuries assustou os investidores (cedeu um pouco no final da semana), e hoje começando novamente em alta, com os títulos de 10 anos com 1,43% de taxa de juros. Aqui, a pressão política segue forte com o negacionismo do presidente sobre a pandemia e saídas de membros do governo, com indefinições ainda sobre a Presidência do Banco do Brasil. E o pior, as indefinições sobre a PEC emergencial estendida por mais quatro meses, e eventualmente sem contrapartida de corte de gastos, fatiamento da PEC e presidente dizendo que governadores e prefeitos que fecham suas regiões deveriam arcar com o auxílio. Há forte pressão desses entes para fechar regiões.

Hoje, mercados no mundo mostram fortes recuperações de alta coma aprovação na sexta-feira do pacote de estímulo fiscal pela Câmara de US$ 1,9 trilhão e possibilidade de introduzir salário mínimo de US$ 15 por hora trabalhada. Na Ásia, mercados terminaram com boas alta, mesmo comportamento para as principais Bolsas europeias neste início de dia e mercados futuros americanos também com valorizações. Aqui, podemos ir na mesma direção, mas as indefinições locais inibem um pouco.

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Na Alemanha, o PMI industrial de fevereiro mostrou alta para 60,7 pontos, no maior nível em 37 meses. Na Zona do Euro, alta para 57,9 pontos, de anterior em 54,8 pontos e, no Reino Unido, alta para 55,1 pontos. Na Turquia, o PIB do quarto trimestre anualizado subiu 5,9%.

Nos EUA, Joe Biden segue querendo emplacar o aumento do mínimo e o senado deve votar o pacote em no máximo duas semanas. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em Nova Iorque mostrava alta de 1,66%, com o barril cotado a US$ 62,52. O euro era transacionado em US$ 1,204 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,43%. O ouro e a prata tinham altas na Comex e commodities agrícolas com viés de alta na Bolsa de Chicago.

Aqui, como dissemos, Bolsonaro está pressionado e convocou reunião com o ministro Paulo Guedes; o presidente da Câmara, Arthur Lira; e do Senado, Rodrigo Pacheco, ao mesmo tempo em que Tasso Jereissati força Pacheco para instalar CPI para averiguar conduta de Bolsonaro durante a pandemia, com óbitos atingindo 255 mil.

A agenda da semana é forte e deve mexer com os mercados e, hoje, teremos nova pesquisa semanal Focus, saldo da balança comercial em fevereiro e IPC-S da quarta quadrissemana. Nos EUA, os gastos com construção (investimentos) de janeiro, o PMI e ISM de fevereiro e discursos de dirigentes do Fed.

Expectativa para o dia é de Bovespa podendo recuperar e seguindo o exterior, dólar ainda pressionado e juros em alta.

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Alvaro Bandeira

Sócio e economista-chefe do Banco Digital Modalmais

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