O presidente Jair Bolsonaro terá que esclarecer em juízo suas acusações sobre fraude nas eleições de 2018. Ao apresentar nesta sexta-feira uma interpelação no Supremo Tribunal Federal (STF) para que Jair Bolsonaro, o PSOL, pede ainda que ele explique suas falas sobre eventuais consequências que possam haver caso o Brasil não adote o voto impresso no próximo pleito presidencial, em 2022.
“Se nós não tivermos o voto impresso em 22, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos”,disse Bolsonaro nesta quarta-feira (6).
O partido pergunta no documento, assinado pelo presidente, Juliano Medeiros, se o presidente pretende tomar alguma medida ou realizar alguma atitude; se a afirmação é uma ameaça às instituições e partidos políticos que participarão do pleito eleitoral de 2022; e quais problemas ocorrerão no país caso não se estabeleça o voto impresso. “Há intenção de convocar os apoiadores, a exemplo dos Estados Unidos, para marcharem contra o Congresso Nacional ou contra qualquer outra instituição nacional ou entidade?”, questiona a legenda.
No mesmo dia Bolsonaro disse que “a fraude existe (…) Eu só fui eleito porque tive muito voto em 2018”. De acordo com a interpelação, essa foi a oitava vez que ele fez a acusação, que precisa ser explicada. Nesse sentido, o PSOL pede que sejam apresentados pelo denunciante documentos, provas, indícios para a comprovação da fraude; uma explicação de como ele teve acesso a essas provas e por que não fez denúncia formal perante as autoridades eleitorais no tempo e modo legalmente previstos.
Caso não tenha provas ou as possua e não tenha exibido, argumenta o PSOL, Bolsonaro pode ter incorrido em crimes de responsabilidade contra o livre exercício dos poderes legislativo e judiciário, contra o livre exercício dos direitos políticos, individuais e sociais, e de improbidade administrativa. Além de possivelmente crimes eleitorais, prevaricação, advocacia administrativa, denunciação caluniosa e comunicação falsa de crime.