Bolsonaro usa Petrobras como cabo eleitoral

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Deyvid Bacelar, coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (Foto: FUP)
Deyvid Bacelar, coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (Foto: FUP)

“Bolsonaro vai continuar usando a Petrobras, a maior empresa do país, como cabo eleitoral, manipulando preços de combustíveis, de olho nas eleições?”, indaga o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, referindo-se à decisão anunciada pelos países exportadores de petróleo e aliados (Opep+) de redução de 2 milhões de barris por dia na produção, o que diminui a oferta e pressiona os preços.

A medida provocou aumento da defasagem do preço dos combustíveis no mercado nacional em relação ao internacional. Com base na política de preço de paridade de importação (PPI), era de se esperar que a Petrobras recompusesse os preços dos derivados que ela vem reduzindo em período recente.

“Com mais de três anos e meio na Presidência da República, Bolsonaro não fez absolutamente nada para mudar o PPI e, às vésperas das eleições, faz reduções arbitrárias nos preços dos combustíveis, desrespeitando a governança da empresa, se valendo do controle que tem sobre o Conselho de Administração da companhia e mudando diretorias”, observa o dirigente da FUP. Ao longo do governo Bolsonaro, os aumentos nos preços dos combustíveis foram recordes, com base no PPI: 165,9% no diesel, 118,4% na gasolina e 97,4% no GLP.

Mas às vésperas das eleições de primeiro turno, a direção da Petrobras adotou uma política de preço completamente descasada com o PPI, praticado até então.

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“De forma oportunista, mudaram pontualmente a política de preço para, assim que a eleição acabar, voltarem a adotar a política de preços anterior, o PPI, remunerando os acionistas. Para isso, o governo conta com o apoio de acionistas privados que vêm bancando todas as mudanças políticas que ocorrem na empresa”, afirmou Bacelar.

Segundo a Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), “na surdina, em pleno final de gestão, o governo antinacional de Bolsonaro continua fatiando e vendendo a Petrobras. Na sexta-feira, a empresa divulgou comunicado ao mercado informando que iniciou a etapa de teaser (oportunidades) de venda de sua rede de fibra óptica onshore, que conta com uma extensão de 8 mil km. Não satisfeito em entregar a Amazônia para o bilionário americano Elon Musk, Bolsonaro quer que os estrangeiros controlem também a Petrobras.”

Segundo o professor Ildo Sauer, titular do Instituto de Energia da USP e ex-diretor da petrolífera, “a venda da rede de fibras ópticas vai criar uma dependência permanente da Petrobras, com custos permanentes, como os da rede de gasodutos, para operar suas redes e as comunicações internas da empresa entre suas instalações e escritórios. É mais um ataque contra sua integridade e eficiência econômica.”

Ildo Sauer comparou a venda dos cabos para empresas estrangeiras com a venda da rede de gasodutos construída pela Petrobras durante o governo Lula. Ele diz que é como uma pessoa que vende a sua casa e passa a morar em sua própria casa, só que pagando aluguel. É exatamente isso o que ocorreu com a rede de gasodutos vendida. A Petrobras era a dona da rede e, agora, paga para empresas estrangeiras pelo uso de seus próprios gasodutos.

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