Bombeiros e Defesa Civil retomam buscas a vítima de queda de ciclovia no Rio

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A Polícia Civil identificou a segunda vítima do desabamento de um trecho de 26 metros da Ciclovia Tim Maia, em São Conrado, na Zona Sul do Rio. Trata-se de Ronaldo Severino da Silva, 60 anos. O corpo da primeira vítima identificada, o do engenheiro Eduardo Marinho de Albuquerque, 54 anos, será velado hoje à tarde no Crematório Memorial do Carmo, no bairro do Caju, Zona Portuária do Rio, onde será cremado. Os dois corpos ainda permanecem no Instituto Médico Legal (IML) e devem ser liberados agora pela manhã.
O engenheiro Eduardo Albuquerque era corredor e fazia sempre o trajeto da ciclovia. Ontem, antes de sair de casa, ele deixou um bilhete para o filho de 15 anos: “Vou correr. Volta já. Te amo”.
As buscas a uma terceira vítima, que seria uma mulher, de acordo com testemunhas, foram retomadas no início da manhã de hoje. Estão sendo utilizados na operação 130 homens do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil e os trabalhos ocorrem com o auxílio de helicópteros, com moto aquática e mergulhadores, além de homens que fazem a varredura da praia com o uso de binóculos. Os mergulhares estão sendo usados na ação porque há possibilidade de o corpo estar preso entre as fendas dos rochedos. A Marinha está dando apoio com um navio-patrulha para evitar que embarcações particulares se aproximem do local com o objetivo de acompanhar o trabalho de resgate.
A Fundação Instituto de Geotécnica (GEO-Rio), órgão de prevenção de encostas da prefeitura do Rio, em uma primeira inspeção técnica, informou que outros trechos da ciclovia não foram afetados. A Geo-Rio disse ainda que nova análise será feita na estrutura assim que o nível da água do mar permitir. O trecho que desabou tem 26 metros e, segundo especialistas, a força do mar teria feito a estrutura cair, provocada por um empuxo da onda, que pegou a estrutura de baixo para cima.
O subsecretário municipal de Defesa Civil, Márcio Motta, disse que a Avenida Niemeyer, que liga São Conrado ao Leblon, permanecerá fechada para que os técnicos da prefeitura e homens do Corpo de Bombeiros possam trabalhar com mais tranquilidade. A prefeitura vai colocar tapumes no local onde a estrutura da ciclovia desabou, a fim de evitar que curiosos cheguem perto do trecho para tirar fotos.

Desabamento foi causado por erro de projeto, diz conselheiro do Crea
O desabamento de parte da ciclovia foi causado por falha de projeto, de acordo com o engenheiro civil e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), Antônio Eulálio Pedrosa Araújo, membro da Associação Brasileira de Pontes e Estruturas. Duas pessoas morreram no acidente.
– Não foi considerado o efeito da onda sobre a parte inferior da passarela, que fez com que ela tombasse. Aquele trecho é diferente dos demais, tinha apenas uma viga central. Como os apoios eram muito próximos um do outro sobre os pilares, a força de içamento do lado que onda bateu ficou mais engrandecida. Quem fez o projeto não levou em consideração o efeito dessa onda, embora a premissa de um projeto sejam as considerações e combinações de carga – explicou.
Para ele, os cerca de quatro quilômetros da via devem passar por nova análise.
– Tem que ser feita uma análise de todo o projeto, a memória de cálculo, para tranquilizar a população. Talvez tenham subestimado o efeito da onda, não tenham considerado a maior onda, que é uma estatística. Há ondas que ocorrem de cem em cem anos, mas devem ser consideradas, e um fator de segurança deve ser aplicado.
O engenheiro disse que, em geral, a engenharia estrutural é desvalorizada.
– O preço dos projetos às vezes é muito aviltado, reduzindo prazos e isso acaba influindo na qualidade do projeto. Em engenharia estrutural, não pode haver riscos, pois os riscos ocasionam mortes; às vezes, várias mortes.
O prefeito Eduardo Paes (PMDB) chamou de imperdoável o acidente e determinou a apuração imediata dos fatos. Ele estava na Grécia para o acendimento da tocha olímpica ontem e voltou ao Brasil antes do previsto. Ele fará uma coletiva de imprensa ainda hoje sobre o caso. Ainda não há horário definido.
A Fundação Geo-Rio, da Prefeitura, vai contratar perícia independente para emitir parecer sobre o desabamento. Uma primeira inspeção técnica no trecho de 26 metros da estrutura da ciclovia que desabou foi feita nesta manhã. Devido às más condições do mar, nova análise deverá ser feita depois que o nível da água permitir.
A prefeitura informou ainda que toda a extensão de 3,9 km da ciclovia foi vistoriada e a estrutura está preservada, sem risco iminente. Por medida de segurança, a Avenida Niemeyer segue interditada ao tráfego, pois as ondas continuam atingindo a pista.

Custos – Os reparos serão executados pelo Consórcio Contemat/Concrejato, responsável pela construção, sem ônus adicionais ao município, pois a ciclovia ainda está na garantia de obra. A Avenida Niemeyer permanece interditada ao tráfego e o Corpo de Bombeiros continua as buscas no local.
O consórcio informou que está estudando as causas do acidente. O consórcio que venceu a licitação disse ainda que todo o processo foi supervisionado pelos órgãos de fiscalização competentes e que a empresa segue todos os protocolos e normas de segurança, utilizando-se das mais modernas técnicas e equipamentos de construção.
A estrutura da ciclovia no trecho é composta por elementos pré-moldados concebidos por sobrecarga total prevista em norma de 22,5 toneladas. Os três pilares estão apoiados em fudações fixadas à rocha.

Com informações da Agência Brasil

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