Bovespa na contramão

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Na semana passada a Bovespa andou boa parte do tempo na contramão dos mercados nos EUA. Nesta segunda não foi diferente, só que na contramão negativa. Lá mercados virando para o positivo e aqui aprofundando perdas desde o início da tarde. Também nada ajudou a performance de queda dos mercados na Europa, com todos os mais importantes com quedas maiores que 0,50%.

O principal motivou foi o temor de que haja uma segunda onda de contágio em economias da Europa e dos EUA, dificultando e alongando o prazo de recuperação econômica e forçando bancos centrais e governos a produzirem mais estímulos. A percepção do Banco Central Europeu (BCE) é que as medidas que evitaram a crise sistêmica agregam riscos a estabilidade.

Larry Kudlow, assessor de Donald Trump, disse que não existe uma segunda onda de contágio no país, e sim alguns focos em regiões. Já o presidente Trump (em reeleição) anunciou para as próximas semanas mais um pacote de estímulos.

Lembramos que a presidente da Câmara Nancy Pelosi (oposição) também quer mais auxílio-individual direto e programas de infraestrutura. Porém, na mesma linha do BCE,  o presidente do Fed regional de Boston, Eric Rosengren, alerta sobre a estabilidade financeira. Na verdade, todos estão temerosos de como será a economia no pós-crise.

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Ainda nos EUA, o secretário Mike Pompeo declarou estar preocupado com suposta prisão arbitrária de cidadãos canadenses pela China, o que abre novo flanco de discórdia. Na sequência dos mercados no exterior, o petróleo WTI negociado em Nova Iorque que começou o dia com leve baixa, passou para o campo positivo operando com alta de 1,79% e com o barril cotado a US$ 40,46. O euro era transacionado em alta para US$ 1,126 e notes de 10 anos com taxa de juros de 0,70%. O ouro e a prata com altas na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado na China fechou com queda de 0,65%, com a tonelada em US$ 101,75 e retomada das exportações pela Vale.

No segmento doméstico, a pesquisa semanal Focus do BC veio com poucas e diminutas alterações, com a inflação pelo IPCA subindo na margem para 1,61% em 2020 e mantida em 3% para 2021. Taxa Selic sem alterações para 2020 em 2,25% e PIB melhorando para -6,50% (anterior em -6,51%). A produção industrial prevista para o ano em contração de 5,50% e saldo comercial previsto sem alteração em US$ 52,5 bilhões. Aliás, o saldo da balança comercial até a terceira semana do mês de junho era superávit de US$ 4,79 bilhões.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgou que a produção de óleo e gás de maio encolheu 6,7% para 3,48 milhões de barris de petróleo equivalente/dia. No mercado local, dia de dólar em queda como previsto fechando com -0,92% e cotado a R$ 5,266. Na Bovespa, na sessão de 18/6, os investidores estrangeiros sacaram recursos no montante de R$ 196,9 milhões, deixando o saldo do mês de junho ainda positivo em R$ 2,74 bilhões e o saque líquido do ano de 2020 em R$ 74,1 bilhões.

No mercado acionário, dia de queda da Bolsa de Londres de 0,76%, Paris com -0,62% e Frankfurt com -0,55%. Madri e Milão com perdas de respectivamente 0,92% e 0,71%. No mercado americano, o Dow Jones com +0,59% e Nasdaq com +1,11%. Na Bovespa, dia de queda de 1,28% e índice em 95.335. Destaque negativo para o setor bancário por declarações de Campos Neto.

Na agenda desta terça teremos a divulgação da ata do Copom que cortou a Selic em 0,75 para 2,25% e pode ser possível identificar melhor qual será a atuação nas próximas reuniões. Teremos também o IPC-S da terceira quadrissemana de junho. O dia será ainda de divulgação de indicadores PMI da atividade industrial, serviços e diferentes países para junho. Nos EUA, ainda vendas de novas moradias de maio e atividade de Richmond de junho.

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Alvaro Bandeira

Economista-chefe do Banco Digital Modalmais

Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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